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Gerson Nogueira: 'Neymar comanda a festa'

Foto: Wagner Santana
Foto: Wagner Santana

Neymar comanda a festa

Uma vitória tranquila, justa e previsível. Foi 5 a 1, mas podia ser mais. A atuação foi generosa com o torcedor, que lotou o Mangueirão e merecia gols pela vibração e euforia, do começo ao fim. Neymar fez dois, perdeu um pênalti, chutando mal, mas se redimiu com uma jogada de pura habilidade, enfileirando marcadores dentro da área boliviana – o goleiro Viscarra impediu o que seria um golaço do camisa 10.

A Seleção dominou por completo o primeiro tempo. Trocava passes sempre no campo de defesa boliviano, triangulava e investia pelas pontas. No início, duas boas tentativas de Raphinha e Rodrygo, seguidas de investida de Neymar pelo meio. A lentidão inicial foi abrindo espaço para um jogo mais acelerado a partir dos 10 minutos.

Não foi possível visualizar o estilo característico de Diniz, que adota a troca de passes como trunfo para envolver o adversário. É natural que a Seleção precise de mais tempo para abraçar a causa. Por enquanto, Neymar continua carimbando quase todas as bolas, o que empolga a torcida, mas nem sempre é positivo para o time.

Foi em jogada pela esquerda que surgiu o pênalti para o Brasil. A bola saiu rasteira e tocou no braço do zagueiro que estava no chão. Pelas minhas convicções, não é lance para pênalti, mas a arbitragem atual costuma entender como não natural um braço apoiado no chão. Vá entender.

Neymar correu para bater, mas o goleiro Viscarra esperou e acabou agarrando a cobrança fraca e rasteira. Por alguns minutos, o time pareceu ter sentido a frustração do camisa 10, que buscava superar Pelé na artilharia máxima do escrete.

Aos 23 minutos, nasceu o primeiro gol da era Fernando Diniz na Seleção. Uma inspirada inversão de Bruno Guimarães, um dos melhores da noite, seguido de um toque de Danilo para Raphinha, que bateu cruzado. O goleiro deu rebote e Rodrygo chegou rápido como um raio para fazer seu terceiro gol com a camisa canarinho em 15 jogos pela Seleção.

Aos 36’, quase Richarlyson deixou o seu. Desviou de cabeça, mas lá estava Viscarra de novo. Depois, aos 40’, Neymar partiu da intermediária e entrou na área driblando marcadores. Só parou diante do inspirado Viscarra.

No segundo tempo, o Brasil voltou mais encorpado e consciente de seu domínio. Logo no primeiro minuto, Raphinha entrou na área, cortou para o lado interno e mandou um chute rasteiro no canto direito. A Seleção não relaxava e, aos 7’, Rodrygo fez mais um, após receber passe perfeito de Bruno Guimarães em jogada iniciada por Neymar.

Aos 10’, o gol mais esperado da noite. Depois de perder o pênalti, Neymar aproveitou uma sobra de Rodrygo na área para bater sem chances para Viscarra. Foi o 78º gol dele com a camisa da Seleção, um a mais que o Rei.

A Bolívia parecia totalmente batida, mas Abrego aproveitou a indecisão de Marquinhos e Magalhães para encaçapar o gol de honra. A torcida não deixou a peteca cair e ficou pedindo mais um. Neymar atendeu, com categoria. Bateu como um atacante de futsal, aparando cruzamento de Raphinha, o melhor em campo.

Jogo bem encaixado do Brasil, animadora estreia de Diniz e noite histórica para Neymar, que viveu nestes dias uma verdadeira lua-de-mel com a torcida paraense. E houve ainda espaço para a emoção de um frustrado Richarlyson, que perdeu duas excelentes chances e chorou no banco de reservas. Atacante-raiz age assim.

Papão quer 3 pontos para compensar estreia ruim

O PSC precisa dos três pontos, pois empatou na estreia. O Amazonas precisa mais ainda, pois perdeu na estreia. Sem o técnico Hélio dos Anjos, suspenso após xingar árbitro e bandeirinha no empate com o Volta Redonda, o time precisará ser objetivo e letal nos contra-ataques.

A frustração do tropeço na estreia pode ser compensada hoje à tarde, na Arena da Amazônia. O gramado facilita as jogadas mais trabalhadas e a troca de passes. O meio-de-campo bicolor tem jogadores que têm bons recursos, caso de Robinho, João Vieira e Vinícius Leite.

Nem mesmo a ausência de Hélio no banco de reservas pode ser vista como algo inteiramente ruim. Talvez seja oportuno ter o técnico fora do confronto direto com árbitros e auxiliares, depois da treta na Curuzu.

O ataque, que não tem funcionado satisfatoriamente, tem a oportunidade de se redimir. Mário Sérgio e Nicolas Careca devem compor a linha de frente. Um é ágil e certeiro nas finalizações e o outro sabe fazer o jogo de pivô.

Serão importantíssimos na batalha com a lenta defesa do Amazonas. O perigo do representante manauara está no ataque de força e velocidade, formado por Diego Torres, Sassá e Igor Bolt.

Caso consiga resistir bem à pressão inicial, que normalmente vai até os 20 minutos do primeiro tempo, o Papão tem chances de sair com um resultado interessante. Agiu assim na fase de classificação, fingiu-se de morto nos primeiros movimentos e obteve sua única vitória como visitante na Série C.

Direto do Twitter

“Belém vai sediar a COP 30, está recebendo todos os eventos sobre a Amazônia possíveis e agora ganhou o jogo da Seleção. A capital paraense está em boa fase no Governo Lula. Seja como for, a torcida do Pará está dando show hoje. Inacreditável não ter sido uma sede da Copa do Mundo”.

Thiago Süssekind, líder da Realidade Climática