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Defesa de Cid mira soltura enquanto negocia delação

Moraes também determinou o afastamento de Cid do cargo de oficial do Exército e mandou suspender o porte de arma do ex-auxiliar de Bolsonaro.
FOTO: Edilson Rodrigues / Agência Senado
Moraes também determinou o afastamento de Cid do cargo de oficial do Exército e mandou suspender o porte de arma do ex-auxiliar de Bolsonaro. FOTO: Edilson Rodrigues / Agência Senado

Constança Rezende/Folhapress

 

A defesa de Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro (PL), pediu a liberdade provisória ao ministro Alexandre de Moraes, do STF (Supremo Tribunal Federal), em meio à negociação de uma delação premiada que pode atingir o ex-presidente.

O pedido foi feito após ele manifestar ao ministro na última quarta-feira (6) a intenção de firmar um acordo com os investigadores. Preso há mais de quatro meses no Batalhão do Exército de Brasília, Cid era um dos assistentes mais próximos de Bolsonaro e adotou postura de maior cooperação com autoridades policiais após mudar de advogado, em agosto.

O atual responsável pela defesa do tenente-coronel do Exército, Cezar Bittencourt, disse à reportagem nesta sexta-feira (8) que as tratativas sobre o acordo ainda estão em andamento. “Não fechamos, estamos conversando sobre os detalhes, mas isso [vai ficar] para a semana que vem”, afirmou.

Cid foi preso em uma operação da Polícia Federal sob suspeita de ter falsificado cartões de vacinação de Bolsonaro e familiares. O tema é um dos focos sobre os quais a PF demanda mais detalhes principalmente aqueles relacionados ao envolvimento do ex-presidente.

O militar também é investigado em outros casos, como o do vazamento de dados sigilosos sobre a urna eletrônica e os ataques golpistas do 8 de janeiro. De acordo com relatos feitos por aliados de Bolsonaro nas últimas semanas, o ex-assessor está preocupado com a família e poderia falar o possível para sair da prisão.

O acordo de Cid já foi aceito pela Polícia Federal, mas ainda precisa ser homologado por Moraes. A decisão pode ocorrer nos próximos dias. A proposta também deverá ser analisada pela PGR que, procurada, afirmou que “o processo corre sob sigilo”. A decisão de Moraes independe da posição do órgão.

Segundo pessoas próximas às investigações, para o acordo de delação de Cid ser aprovado, as autoridades precisam avaliar que há novidade e provas quanto às informações apresentadas.

A delação não pode, isoladamente, fundamentar sentenças sem que outras informações corroborem as afirmações feitas. Os relatos devem ser investigados, assim como os materiais apresentados em acordo.

Em meio às negociações de Cid, outro assessor de Bolsonaro, Max Guilherme Machado de Moura, foi liberado na quinta-feira (7) por decisão de Moraes. Ele havia sido preso no mesmo dia que Cid e agora cumprirá medidas cautelares, passando a ser monitorado por meio de tornozeleira eletrônica.

A suspeita é de que Max teria participado do esquema de fraudes no sistema do Ministério da Saúde. Ele confirmou, em depoimento à PF, ter emitido seu certificado de vacinação como se estivesse imunizado mesmo sem ter recebido doses contra a Covid.