Ana Laura Costa
Oportunidade, necessidade ou liberdade são apenas alguns dos motivos que podem influenciar milhares de brasileiros a empreender e ter seu próprio negócio em alguma fase da vida.
O fato é que 67% da população brasileira adulta está envolvida com o empreendedorismo, seja na fase inicial do empreendimento, com a consolidação do negócio ou até mesmo no desejo de empreender nos próximos três anos, aponta o relatório da Global Entrepreneurship Monitor 2022 (GEM), realizado pela Associação Nacional de Estudos em Empreendedorismo e Gestão de Pequenas Empresas (Anegepe).
Em números, essa porcentagem corresponde a 93 milhões de brasileiros adultos, entre 18 e 64 anos, sendo 42 milhões de empreendedores e os outros 51 milhões de potenciais empreendedores.
O empresário Wagner Rodrigues, de 27 anos, faz parte desse nicho e revela que nunca chegou a trabalhar com carteira assinada. Para ele, algumas das vantagens em ser o dono do próprio negócio é justamente a liberdade de horário e o rendimento que pode aumentar de acordo com as vendas, diferente do valor fixo do salário mínimo pago em muitas empresas.
Em 2018, Wagner iniciou seu primeiro empreendimento, um lava jato de carros, que funcionava na avenida Ceará, no bairro de São Brás, em Belém. Em 2019 decidiu vender e apostar no atual negócio, uma loja de artigos militares, com vasto arsenal de facas, airsofts, além de equipamentos táticos, no centro comercial de Belém. O empresário também chegou a comercializar armas de fogo devidamente registradas pelo Exército Brasileiro que, segundo ele, eram os itens mais vendidos na loja.
“O primeiro ano foi muito bom, chegamos a faturar 150 mil ao mês, e empregamos três funcionários, todos de carteira assinada”, conta.
Com o novo decreto de armas, que faz uma ampla restrição na circulação e acesso a armas no país, além de repassar a fiscalização do armamento e munição dos artefatos para a Polícia Federal (PF), Wagner conta que as vendas caíram um pouco, mas se reinventar no mercado sempre foi uma latente para o empreendedor que não pensa em ser um trabalhador contratado via CLT e vai se adaptar.
“A gente tem que se adaptar, o empreendedor precisa se adaptar ao mercado. Então, estou pensando em abrir outro negócio voltado para a estética automotiva, que é algo novo, mas que vem se consolidando no mercado e já tem um público”, afirma.
A pedagoga Aline Costa, 37, iniciou a carreira em órgãos públicos do Estado, mas em 2020, início da pandemia no país, arriscou no empreendedorismo e alugou um espaço no comércio de Belém, para montar sua loja de acessórios e vestuário.
Um ano depois, o espaço da loja aumentou e ela decidiu viajar para São Paulo para adquirir seus produtos por conta própria. “Comecei a ter a visão de ir para São Paulo buscar minha mercadoria porque as peças que me traziam não saíam muito. Mas agora tudo o que eu trago sai bastante, as vendas aumentaram”, afirma.
As vendas pelo Instagram do perfil da loja também impulsionam. Aline saber usar as mídias sociais é um grande diferencial para alavancar seu negócio. “As coisas foram crescendo de uma maneira muito orgânica, hoje tento aparecer também no perfil da loja, as pessoas gostam dessa proximidade, faz uma grande diferença. Também estamos trabalhando com delivery”, acrescenta.
No final do ano, a empresária conta que sempre contrata pessoas por diária para ajudar nas vendas que se intensificam com o fluxo de clientes. Futuramente, ela deseja empregar formalmente. Mas esse dia pode não estar tão distante. “Não me arrependo nem um pouco da decisão que tomei anos atrás, ainda tem muito pela frente”, destaca.