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Gerson Nogueira: 'Calor e abraçaço para a Seleção'

Foto-Wagner Santana/Diário do Pará.
Foto-Wagner Santana/Diário do Pará.

Calor e abraçaço para a Seleção

A Seleção Brasileira vai receber hoje à noite, no estádio estadual Jornalista Edgar Proença, uma manifestação de apoio e incentivo poucas vezes vista nos últimos anos em partidas do escrete pelo país. Cinquenta mil vozes irão mostrar a Neymar & cia. como o torcedor paraense vibra e torce, abraçando de fato a causa e empurrando o time a uma grande vitória.

O adversário da estreia nas Eliminatórias Sul-Americanas da Copa de 2026 é a Bolívia, um dos times mais fracos do continente e que normalmente só cria algum problema jogando na altitude. Aqui, no nível normal das coisas, terá imensas dificuldades para superar o Brasil, o calor amazônico e o entusiasmo do torcedor.

É sempre interessante ver a plateia paraense diante de grandes jogos, seja do Brasil, de PSC ou Remo. Nessas ocasiões, brota uma pavulagem natural pelo gigantismo da torcida, absolutamente insuperável no Norte e no mesmo nível das demais torcidas do país.

Nessas ocasiões, torna-se ainda mais incompreensível a armação de Blatter, Havelange, Teixeira & cia. para levar a Copa de 2014 para Manaus. O lucro com a construção de uma arena foi provavelmente a causa principal daquela escolha canhestra, até hoje mal explicada.

Desde segunda-feira, a Seleção está entre nós. Os jogadores não puderam ir aos recantos da capital e deixaram de experimentar os melhores sucos e sorvetes do Brasil, nem provaram o açaí-raiz, diferente daquela beberagem servida no eixo Rio-São Paulo.

Apesar desse recolhimento, conseguiram experimentar bem de perto a empolgação e a receptividade dos paraenses. Alguns mais exaltados chegaram a tentar invadir o hotel em Nazaré.

Quando falamos do evento futebolístico do ano em Belém é inevitável lembrar que o aficionado local não é simplesmente um torcedor sazonal de Seleção; é um sujeito que adora futebol e lota estádios desde o começo do século passado quando as arquibancadas ainda eram poleiros improvisados.

A Seleção de Fernando Diniz pode ficar sossegada: vai ter a apoiá-la um torcedor que manja de futebol como poucos. Não bate palmas em vão. Quando aplaude é porque ficou de fato extasiado com a jogada.

Em entrevista, o volante Casemiro expressou gratidão pela hospitalidade da população: “Muito obrigado, Belém! Tá sendo incrível. Um carinho excepcional com todos os jogadores no hotel. Eu só tenho a agradecer. São pessoas que nos inspiram a estar na Seleção”.

(Em tempo: abraçaço não quer dizer, segundo Caetano Veloso, criador da palavra, “abração” ou “abraço grande”. É outra coisa: “Abraçaço é uma palavra muito bonita e tem essa reverberação, parece um eco, mais ainda quando escrito, esse a-cê-cedilha duas vezes. É como se fossem círculos concêntricos de abraços, que vão se expandindo. Não é apenas grande ou maravilhoso como é um golaço, por exemplo; é expansivo”.)

Mangueirão aplaudido de pé por jogadores e jornalistas

O Mangueirão ganhou elogios unânimes, tanto dos jogadores como da comissão técnica da Seleção quanto dos jornalistas que fazem a cobertura da partida. Além disso, o próprio presidente da CBF, Ednaldo Rodrigues, fez questão de destacar a grandiosidade do estádio.

“Quero reiterar os nossos agradecimentos ao governador Helder Barbalho. Ele há dois anos falou que iria fazer do Mangueirão um estádio de primeira linha. Não duvidamos, porque o governador é desportista e qualquer que seja o jogo de futebol ele está assistindo, seja aqui ou seja fora, ele trabalhou para ter um equipamento tão importante para o futebol brasileiro, e não só o futebol brasileiro. Ele fez do estádio a condição de colocar Belém e o Pará na rota dos grandes eventos”, afirmou Ednaldo.

Sete meses depois, França é a melhor do mundo

Acompanhei ontem boa parte do jogo da França com a Irlanda, pelas eliminatórias da Eurocopa, e não há como esconder um fato que ficou evidente desde a Copa do Qatar, pelo menos para mim: os franceses jogam o melhor e mais vistoso futebol do planeta, superando a campeã Argentina.

A decisão do Mundial, em Doha, teve situações que contrariam a lógica dos fatos e permitiram à Argentina levantar a taça. O jogo esteve nas mãos da França no 2º tempo e no final da prorrogação. Caso uma vantagem tivesse sido concedida aos franceses, Mbappé sairia na cara do gol.

Uma derrota argentina iria estragar o cerimonial da coroação de Lionel Messi. Tudo foi organizado para que a celebração fosse para o veterano camisa 10, até então sem ter um título mundial. Tudo foi encaminhado para que isso acontecesse – e Messi, de fato, é merecedor.

Só que a realidade é implacável. A França de Mbappé, Dembélé, Griezmann, Koundé e Tchouaméni mostra-se a cada jogo um conjunto difícil de ser batido, com repertório amplo e finalizações primorosas. E dispõe de um banco de reservas fabuloso, coisa rara entre as principais seleções.

Muito o que comemorar, sim

“Desde 2109 não se via um 7 de setembro tão tranquilo: sem fascistas fantasiados de verde-amarelo nas ruas, sem presidente arrotando golpismo, sem conversa fiada de que as Forças Armadas seriam o poder moderador da República. Relevadas as suas contradições – quem não as têm? -, contamos agora com um estadista de verdade no comando da nação. E Lula está de parabéns: portou-se à altura do cargo. Comemoremos, pois. E oremos pelas tristes almas ainda iludidas pelo fascismo bolsonarista”.

Do azulino Iran Souza, jornalista dos bons