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Público compõe música e dança ao vivo em espetáculo

"Holotramas" foi criado pelo músico o músico Eufrasio Prates e pela bailarina e coreógrafa Cleani Calazans FOTO: FRANKLIN SALVADOR/DIVULGAÇÃO
"Holotramas" foi criado pelo músico o músico Eufrasio Prates e pela bailarina e coreógrafa Cleani Calazans FOTO: FRANKLIN SALVADOR/DIVULGAÇÃO

TEXTO: WAL SARGES

Em instalação performática, o público é convidado a participar de produção de sons e de movimentos a partir da tecnologia de computador. É a realização do projeto “Holotramas”, que chega a Belém para duas sessões, nesta quinta-feira, 31, e sexta-feira, 1º de setembro, sempre no horário de 19h, na Casa das Artes. No mesmo local das apresentações, haverá ainda uma oficina ministrada pela bailarina e coreógrafa paraense Cleani Calazans, que ocorrerá nesta quarta-feira, 30.

Num jogo de interação com o público, o músico Eufrasio Prates e Cleani Calazans trazem, na instalação, a relação entre a música e a dança e os improvisos criados a partir dessa experimentação. Este trabalho estreou em 2019, em Brasília, no Distrito Federal, e seus idealizadores puderam observar como ele se estabeleceria em cena. “Como é uma performance interativa que depende da resposta do público, de se entremear pelas proposições ali estabelecidas ao vivo, a coisa acontece em tempo real. E então a dança, através de mim, eu tento fazer improvisos composicionais que criam uma coreografia na hora”, explica Cleani Calazans.

Projeção de Koellreutter é usada para criar música a partir de jogos de improvisação

O músico Eufrasio Prates explica que a partitura é o próprio cenário, como num jogo, criado com um sistema de computador. Onde a plateia pisa, os movimentos são transformados em sons. “A gente monta um espaço em que o corpo em movimento produz som. A gente botou no chão uma projeção do Koellreutter – nome dado ao músico alemão que propôs jogos de improvisação relacionados à música -, transformando uma partitura musical em uma partitura natural. A obra, em cada lugar é única. É a mesma instalação, o mesmo software, mas ela nunca se repete”, pontua.

“A gente está usando inteligência artificial, que tínhamos desde 2019. Estou chamando de inteligência artificialmente aumentada, porque a inteligência é humana e o que os códigos fazem é ampliar essa potência porque são mais velozes que nós. Qualquer pessoa, criança ou adulto, só de entrar no espaço, já produz som”, lembra Eufrasio. “Essas são as holotramas, que propõem uma espécie de trama entre as pessoas enquanto isso acontece. A gente consegue uma simplicidade num ambiente complexo”, diz o músico.

Holotramas é espetáculo integrativo

O projeto “Holotramas” começou em 2017, algum tempo depois da defesa da tese de doutorado de Eufrasio, na qual ele pesquisou a relação entre a performance, a música e a dança. Ele conta que já trabalhava com a bailarina Cleani Calazans, com quem desenvolveu o projeto. “A gente começou a falar sobre estratégias desenvolvidas pela dança e a música ao longo do tempo que são desconhecidas do público. Eu tinha acabado de fazer doutorado e estava com uma série de conceitos muito efervescentes na cabeça. A gente pensou em integrar essas duas linguagens em projeto comum. Assim surgiu ‘Holotramas’, que se tornou integrativo, com o público sendo parte da instalação”, conta .

Cleani Calazans nasceu em Belém e mudou-se com a família para Brasília. O sentimento de retornar ao seu lugar de origem traz a ela questões importantes. “Nunca dancei em Belém, e a escolha tem esse motivo afetivo e ainda político, porque é um trabalho que traz uma coisa contemporânea, é interessante chegar a Belém, onde as pessoas também criam na área de tecnologia”, considera.

Artistas ministram oficina para pessoas cadeirantes

Todo o projeto tem em seu cerne a inclusão social, complementa a bailarina. “Como é um projeto multidisciplinar, com dança, música e tecnologia, a gente busca com várias linguagens, conseguir chegar a todos os públicos: pessoas com deficiência, idosos, crianças, adultos em geral. Desta vez, é direcionado para cadeirantes”, diz a dançarina.

Será realizada uma oficina interativa de dança e música nesta quarta, 30. “Eu vou apresentar propostas dinâmicas, onde vou mostrar processos criativos lúdicos e artísticos, explorando os sentidos das pessoas de forma que a gente integre o movimento do corpo a produção de som. Enquanto se movimentam, improvisam e as pessoas irão criar sons da dança, então serve para todos os corpos”, afirma a bailarina.

 

l Projeto Holotramas – Instalação Performática

Quando: Quinta, 31, e sexta, 1º de setembro, às 19h.

Onde: Casa das Artes (R. Dom Alberto Gaudêncio Ramos, 236 – Nazaré)

Quanto: Gratuita (não haverá distribuição de ingressos)

Indicação: Livre

l Oficina de Dança e Música Interativa para PCD

Quando: Quarta, 30, às 18h.

Onde: Casa das Artes

Quanto: Gratuita