Matheus de Oliveira
A capital paraense possui em suas veias a prática do esporte náutico e o futebol como grandes expoentes tradicionais, enraizados no gosto popular. Mas, a crescente prática dos desportos radicais também está em alta na cidade, como é o caso do skatismo vertical e horizontal, desenvolvido nas ruas com a presença de praticantes de todas as idades.
Alguns pontos de Belém já são conhecidos para a realização da atividade, com a estrutura interessante, como pistas no bairro do Guamá, Marex, na avenida. Tamandaré, Praça Dorothy Stang (na Sacramenta), assim como a Praça do Carmo e no CAN. Nelson Carvalho Filho, de 52 anos, biólogo e educador físico, é um dos pioneiros locais e exerce, atualmente, o cargo de presidente da Associação de Skate Longboard do Pará (ASLP).
Praticante desde 1984, parceria que rendeu também o rótulo de organizador de competições, o profissional destaca a ascensão do skate em Belém. “A prática do skate em nossa cidade continua vibrante e crescente. Em Belém, a modalidade street é a que possui maior quantidade de praticantes. A turma se diverte, além obviamente das sessões feitas nas calçadas e ruas da cidade”.
Há também a turma do longboard que permanentemente busca as raras ladeiras que Belém possui para a prática do skate. Infelizmente nossa cidade ainda não possui um skatepark de qualidade para que o esporte cresça cada vez mais. Mesmo assim, o esporte na capital e em outros municípios paraenses continua em ascensão. “Este crescimento ocorre graças à realização de eventos periódicos nos quatro cantos do Estado”, destaca.
COLETIVIDADE
Como pilar de todo desporto, o skateboarding apresenta um fator imprescindível pela sua demanda assídua: a reunião coletiva. A possibilidade de aprender em grupo é um dos elementos vitais na avaliação de Nelson Filho. “Na minha opinião o skate presume três importantes características: respeito, amizade e diversão. Podermos estar em um coletivo que acredita e põe em prática essas qualidades é algo único e muito cativante em uma atividade física. Somos pessoas diferentes em todos os aspectos possíveis”, diz o especialista.
O próprio ainda segue. “A começar pela idade, profissões, gênero, ideologias, crenças, gosto musical, etc. O skate é para todos. E todos apóiam a todos, sobretudo no desenvolvimento de novas habilidades (manobras) e nos momentos de competição. Esta aliás é uma marca do skate; somos competitivos, há rivalidades, mas todos torcemos uns pelos outros”, completa.
OLIMPÍADAS
Na realização dos últimos jogos Olímpicos em Tóquio em 2020, o skatismo foi uma das sensações da competição, tanto na modalidade feminina quanto masculina, entre vertical e horizontal. Nesse sentido, a tendência é que a categoria volte a ganhar mais espaço na próxima edição do evento, na França, no ano que vem.
Nelson Junior visualiza o estado do Pará como um grande celeiro para galgar espaço em âmbito nacional. “Para as competições olímpicas da modalidade street o nosso estado possui grandes potenciais, tais como: Jefferson Ronaldo, Samili Nunes, Paulo Santos, Willyam Costa, João Marcos. E embora o longboard ainda não seja uma modalidade olímpica, nossos destaques são Pedro Sarmanho e Neia Valente”, aponta.
Mas, para a bandeira local ir adiante, é necessário um ponto específico. “Certamente a falta de apoio para suporte financeiro aos atletas. Para se ter alta performance em um esporte é necessário o custeio não só de equipamentos, mas também de treinamentos, alimentação, viagens e despesas relacionadas às participações em competições. A nossa expectativa é que com o atual surgimento de associações bem organizadas este cenário mude muito em breve e juntos consigamos o apoio para que a bandeira paraense esteja lá no alto dos pódios mundo afora”, explica.
Outro ponto interessante do skate é a oportunidade do fortalecimento de laços familiares com a interação de geração em geração. “É possível observarmos pais com seus filhos e filhas se desafiando sobre a madeira com as quatro rodinhas. Isso porque cada vez mais o skate é praticado por gerações mais maduras e que trazem os filhos também para esta prática desportiva extremamente salutar”, garante.