Mais de 60% dos lojistas pretendem fazer contratações no Pará

O Ministério do Trabalho e Emprego irá revogar a portaria 3.566, publicada na semana passada, que retomava a necessidade de acordo coletivo. Foto Celso Rodrigues/ Diário do Pará.
O Ministério do Trabalho e Emprego irá revogar a portaria 3.566, publicada na semana passada, que retomava a necessidade de acordo coletivo. Foto Celso Rodrigues/ Diário do Pará.

Luiz Flávio e Wesley Costa

Pesquisa Índice de Expectativa dos Empresários do Comércio (Icec/CNC/Fecomércio-PA) mostra que cerca de 64% dos empresários ouvidos pretende contratar mais em suas lojas nesse segundo semestre, sendo que 14,1% intenciona aumentar muito as contratações e 50% aumentar um pouco o quadro de funcionários em suas lojas.
Os números do levantamento mostram que 33,9% dos consultados acham que as vendas neste período vão melhorar muito. O sentimento de positividade se dá também pela observação de que o primeiro semestre foi melhor do que o ano passado.
Outro fator que também faz aumentar as expectativas dos comerciantes é a temporada de festas e feriados como o Dia das Crianças, o Círio de Nazaré, Natal e Ano Novo, datas importantes do calendário e que costumam impulsionar as vendas. Quanto às contratações, os lojistas esperam que haja um aumento gradual nas oportunidades, à medida que o fluxo de consumidores também for aumentando.

PERSPECTIVAS
O Sindicato do Comércio Varejista e dos Lojistas de Belém (Sindilojas) avalia que o crescimento nas vendas no setor neste segundo semestre vai oscilar entre 5% a 8% em relação ao segundo semestre do ano passado. “Até bem pouco tempo atrás fazíamos nossas projeções comparando com números do período da pandemia ou logo após a pandemia e hoje esse cenário mudou e as perspectivas são as melhores possíveis, com percentuais que já superam a época de pré-pandemia”, afirma Eduardo Yamamoto, presidente da entidade.
Ele destaca ainda que, com os índices inflacionários controlados e com a taxa Selic em queda, a previsão é de crescimento nas atividades de setores primários como construção civil e de bens de consumo e de bens duráveis e semiduráveis, o que acaba se refletindo positivamente no comércio. “Se esses percentuais de até 8% de crescimento nas vendas se confirmarem teremos um grande avanço, porque esse percentual ultrapassará em muito a inflação”, contabiliza.
“O segundo semestre tradicionalmente é melhor para o setor, justamente por esse calendário comemorativo ser maior. Tivemos o Dia dos Pais, virá o Dia das Crianças e Black Friday, que de certa forma movimenta a antecipação das compras, embora mais específicas. Além disso, como de costume, o Natal será a data comemorativa que apresentará maior impacto positivo nas vendas”, disse a assessora jurídica da Fecomércio-PA, Lúcia Lisboa.

RECURSOS
Mas não são somente as datas em si que farão o setor melhorar os lucros neste segundo semestre. “Após a pandemia, observa-se um desejo mais latente de aproveitar as datas que têm certo apelo emocional. Porém, agora ocorre mais injeção de recursos como o 13ª salário e a restituição de imposto de renda. Espera-se ainda que o programa ‘Desenrola’, do Governo Federal, tenha efeito e proporcione esse retorno de consumidores ao mercado”, conta a assessora.

O momento é de se preparar para o maior fluxo de consumidores que virá em breve

A gerente de loja Marlete Ramos, espera que as vendas comecem a se intensificar em outubro. “Com o Círio de Nazaré, temos muitos turistas na cidade e que aproveitam para fazer as suas compras. Então, normalmente, é um período que vendemos bastante. Como também vendemos moda infantil, o Dia das Crianças é forte na loja, fora as peças de moda praia que costumam sair bastante para as festas de fim de ano na praia”, destaca.
De acordo com a pesquisa Icec, da Fecomércio-PA, 14,1% dos lojistas preveem que serão necessárias novas contratações de funcionários para atender a grande demanda. Na loja em que Viviane Freire atua como gerente de vendas, ela diz que todos os anos é preciso reforçar o time de atendentes. “Geralmente, há contratações de pessoas para dar esse suporte, já que também trabalhamos com o atacado e muita gente começa a vir desde setembro fazer as compras de doações”, revela.

EXPERIÊNCIA
A vendedora Thaysa Xavier, 30, chegou para reforçar o quadro de colaboradores de uma loja especializada em maquiagens. Ela, que já tem experiência na função, diz que vai dar o seu melhor para contribuir com as vendas. “Fiquei muito feliz quando fui selecionada e agora também estou ansiosa para começar a receber o público, que será grande neste segundo semestre. Se depender de mim, as vendas vão aumentar bastante na loja física e online”, garantiu.
O vendedor Victor Cley, que também trabalha na mesma loja, diz que é neste período que as saídas de produtos costumam ser até 70% maiores do que em outras épocas do ano. “Tem muita coisa acontecendo no segundo semestre, e como a nossa loja é de um ramo de produtos que está sempre presente nessas datas comemorativas, as vendas tendem a aumentar mesmo. Nossa expectativa é bater 100% de aumento nas vendas desse período”, projetou.

ADAPTAÇÃO
“Embora as expectativas sejam positivas, é importante que as empresas mantenham a flexibilidade e a capacidade de adaptação diante de qualquer cenário em constante mudança. Isso garantirá que estejam preparadas para enfrentar tanto os desafios quanto as oportunidades que o segundo semestre possa trazer para o comércio”, concluiu Lúcia Lisboa, assessora jurídica da Fecomércio-Pa.