Pará

Aeronavegação pode ser solução para a Amazônia

Modelos de hidroaviões que já pousaram na Amazônia

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Modelos de hidroaviões que já pousaram na Amazônia FOTOS: DIVULGAÇÃO

Luiz Flávio

A aeronavegação por meio de aviões anfíbios, que pousam em terra e na água, como ocorria no século passado especialmente na Amazônia, pode voltar a ser uma realidade na região caso o Ministro Celso Sabino, do Turismo, acate as sugestões encaminhadas pelo advogado e funcionário público aposentado Octávio Pessoa Ferreira, 71 anos, que hoje se dedica à literatura e ao jornalismo.

No início do século passado os aviões anfíbios que trafegavam na região eram os Bacuraus (Fairchild 942, Sikorsky S-38 e S-43 e os Consolidated Comodore – de fabricação americana -; e posteriormente os Junker, de procedência alemã). “No pós-guerra eram os saudosos Catalina. Originalmente PBY, que marcaram época para diversas gerações amazônicas”, recorda.

O hidroviário tem o potencial de revolucionar o transporte na Amazônia. Ele pode ajudar a conectar comunidades remotas, melhorar acesso a serviços essenciais e promover o desenvolvimento econômico da região. Entretanto alguns desafios precisam ser superados para que o transporte hidroviário seja viável na região.

Octávio lembra que um fator que pesa favoravelmente ao retorno desse tipo de transporte é a realização em Belém daqui há pouco mais de 2 anos, da Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP 30). “Se implementada a navegação anfíbia, certamente a população ribeirinha amazônida voltará a voar em modernos equipamentos que interligarão as cidades situadas às margens dos exuberantes rios amazônicos” defende.

Segundo ele, os hidroaviões chineses são um tipo de aeronave que podem se adaptar perfeitamente às condições dos rios amazônicos, podendo decolar e pousar na água, o que torna esse tipo de modelo ideal para pouso em áreas alagadas, muitos comuns na região.

“Eles também são mais eficientes que os aviões convencionais, podendo transportar mais passageiros e carga por litro de combustível. Além disso os hidroaviões são mais silenciosos que os aviões convencionais, o que os torna mais adequados para o uso em áreas protegidas. Somado a isso, há o interesse de empresas chinesas em atuar na Amazônia”, detalha.

Uma das propostas apresentadas por Octávio na carta ao Ministro Sabino é que as grandes empresas de aviação, que hoje operam no Brasil, poderiam ser chamadas a participar de licitações públicas para cobrir novas linhas aéreas e atender cidades que hoje não são alcançadas pelas atuais linhas existentes.

Um dos entraves a serem suplantados para que o projeto se torne realidade é a falta de infraestrutura. “Existem poucas pistas de pouso e aterrissagem adequadas para hidroaviões na Amazônia. Outro desafio é o custo. Os hidroaviões são mais caros que os aviões convencionais, o que pode dificultar sua implantação em regiões com baixos níveis de renda”.

Apesar dos entraves, ele acredita que o transporte hidroviário tem o potencial ser uma solução valiosa para o transporte na Amazônia. “Com o apoio do governo e da iniciativa privada, esse modal pode ajudar a melhorar a qualidade de vida das pessoas que vivem na nossa região auxiliar no desenvolvimento econômico da Amazônia”, destaca.

Na carta enviada ao Ministro, Pessoa diz compreender que a proposta ultrapassa a esfera exclusiva do Ministério do Turismo e que certamente envolve o Ministério dos Transportes, Aeronáutica e dos Aeroportos, mas pede que Celso Sabino “abrace a causa e a apresente como alternativa para a ampliação da indústria do Turismo na Amazônia”, afirmando que o retorno da aviação anfíbia na Amazônia é uma questão e tempo.

Octávio ocupou diversos cargos públicos. Hoje é aposentado pelo Tribunal de Contas da União (TCU). Na ativa chegou a ser Secretário de Controle Externo do TCU no Pará por 7 anos. Possui dois livros editados: o primeiro é “Causos Amazônicos”, coletânea de crônicas que já está na segunda edição. O segundo é o “Asas de um rio – a saga dos Catalinas na Amazônia”, misto de romance histórico localizado na região e documentário onde conta toda a história dos hidroaviões Catalina na região. No livro Pessoa narra a história do Catalina 25, o último do modelo que saiu voando do Brasil a partir de Belém.

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