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Presidente Lula nega que Brics queira se colocar como contraponto ao G7

Presidente assina MP que tarifa super-ricos e envia projeto para tributar capital de brasileiros em paraísos fiscais. 
FOTO: Ricardo Stuckert/PR
Presidente assina MP que tarifa super-ricos e envia projeto para tributar capital de brasileiros em paraísos fiscais. FOTO: Ricardo Stuckert/PR

Ricardo Della Coletta/Folhapress

 

O presidente Lula (PT) negou nesta terça-feira (22) que o Brics, bloco formado por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul, busque servir de alternativa ao G7 o grupo dos países industrializados, liderado pelos Estados Unidos.

“A gente não quer ser contraponto ao G7 ou ao G20, nem aos Estados Unidos. A gente quer se organizar. A gente quer criar uma coisa que nunca teve, que nunca existiu. O Sul Global… Nós sempre fomos tratados como se fôssemos a parte pobre do planeta, como se não existíssemos. Nós sempre fomos tratados como se fôssemos de segunda categoria. E de repente a gente está percebendo que podemos nos transformar em países importantes”, declarou o presidente em vídeo publicado nas redes sociais.

Lula argumentou que os integrantes do Brics respondem hoje por cerca de um terço do PIB mundial e por fatia semelhante do comércio internacional. Afirmou ainda que o bloco precisa ser forte e ter recursos para tentar mudar “as relações no mundo”, referência à tentativa histórica da diplomacia brasileira de reformar as instituições de governança global.

Lula citou em mais de uma ocasião o Conselho de Segurança da ONU. Hoje os únicos membros com poder de veto no órgão mais importante da organização multilateral são EUA, Reino Unido, França, Rússia e China. “Por que o Brasil, a Índia e a África do Sul não podem entrar? Por que não pode entrar a Alemanha? Quem é que disse que são os mesmos países colocados lá em 1945 que continuam lá? O mundo mudou, a política mudou e nós queremos essa mudança”, afirmou Lula. “O Brics significa isso. O Brics não significa tirar nada de ninguém. Significa uma organização de um polo muito forte, que congrega muita gente”.

As falas do petista sobre o Brics ocorrem em meio à cúpula do grupo em Joanesburgo esta semana, marcada por debates sobre sua ampliação. A China, maior economia do grupo, defende ampla expansão. Segundo interlocutores, Pequim quer “escancarar as portas” e admitir de uma vez duas dezenas de países.

A África do Sul tem visão similar à chinesa, segundo disse o presidente Cyril Ramaphosa. “Mudanças ocorridas nos países que compõem o Brics na última década transformaram a economia global”, afirmou ele, acrescentando que o interesse manifestado por outras nações para participar do grupo “mostra que a família Brics está crescendo em importância, estatura e influência no mundo”.

A Rússia também é a favor da estratégia, uma forma de romper o isolamento diplomático que enfrenta desde o início da Guerra da Ucrânia. A hipótese é, porém, rechaçada por Brasil e Índia, uma vez que esse desenho poderia ser encarado como uma aliança anti-Ocidente e antagonista aos Estados Unidos e ao G7.