Se você é o tipo de pessoa que quando pensa em imersão na natureza, associa experiências de apuros ou mesmo acampamentos precários em barracas quentes, com mosquitos perturbando o sono e banheiro compartilhado, fico feliz em informar que há soluções em viagens e hospedagens que prezam pelo conforto e design em meio a natureza. É que o setor de turismo evoluiu tanto nos últimos anos que até para acampar existem opções capazes de garantir infraestrutura e serviços modernos em viagens que à primeira vista podem parecer rústicas mas oferecem comodidades de alto nível e propostas de redução de impacto do nosso estilo de vida na natureza. Estou me referindo ao glamping, modalidade de passeio popular em outros países e que vem ganhando cada vez mais espaço no Brasil.
Muitos concordam que estar em meio às paisagens naturais, reservas e biomas que guardam grande diversidade de fauna e flora, além de relaxante, renova as energias e nossos aprendizados junto à natureza. Mas essa experiência pode ser tão melhor se pudermos unir simplicidade com serviços e infraestrutura de qualidade, integrados à natureza e ainda preocupados com a sustentabilidade, proteção da paisagem e cooperação com as comunidades do entorno.
O conceito de glamping – que une as palavras inglesas glamour e camping – não é recente. Há registros históricos do século XVI de alojamentos palacianos montados nas Highlands para recepção do rei James I ou mesmo a estrutura palaciana criada em 1520 para o encontro diplomático entre os reis Henrique VIII da Inglaterra e Francis I da França. Alguns séculos depois, as explorações de safaris e caças na África inauguraram uma nova fase de acomodações para aventureiros que não abriam mão de acomodações privadas, íntimas e cheias de conforto.
Atualmente, as razões que levam pessoas a buscar esta modalidade de viagem são diferentes. Isoladas na rotina da cidade grande e habituadas às mordomias garantidas pelas metrópoles, elas passaram a procurar alternativas para mais contato com a vida simples no campo, descompressão e imersão na natureza. E uma gama grande de acomodações como lodges, tendas, trailers vintages, cabanas de madeira, chalés flutuantes e casas nas árvores se tornaram alternativas para proporcionar experiências para quem quer pensar a vida fora da cidade e mais próxima das sensações que importam.
Se para alguns o glamping é uma modalidade para conexão com a natureza, para outros é um negócio que cresce e mobiliza novas demandas. A busca por esse tipo de pacote não para de crescer, segundo o Instituto Future Marks Insight esse mercado está avaliado em US$ 3,4 bilhões globalmente e deve aumentar 11,8% até 2032. Nada mal.
A tendência é importante e já marca espaço em safáris na África, nas praias do Caribe e das Maldivas e nas florestas da América Central, no deserto do Atacama e nos lagos da Antártica. Os turistas americanos são os campeões no glamping, seguidos por países ricos da Europa, Japão e Canadá. E é inegável que o Brasil tem muito espaço para crescer nesse tipo de turismo, basta pensarmos nas nossas florestas tropicais, chapadas, pantanal e áreas serranas simplesmente deslumbrantes.
Como a demanda é alta, a sofisticação atingiu patamares surpreendentes. As acomodações chegam a ser equipadas com tetos climatizados, banheiros privativos (e luxuosos), wifi, jacuzzi, roupas de cama de puro linho e até chef de cozinha particular. Elas também podem ser sustentáveis, dispondo de reciclagem de lixo, redutores de fluxo de água e iluminação que utiliza energia solar. Isso garante que o passeio não sofra intercorrências como a falta de energia, comum em campings convencionais. Ou seja: rústico sim, desconfortável, jamais.
Aqui no Brasil, ainda não estamos nesse patamar, mas a pandemia de COVID-19 fez muitos brasileiros optarem por passar mais tempo no campo ou junto a natureza. Por enquanto, o mercado está em expansão, mas com desenvolvimento a passos largos. Embora a maioria das acomodações daqui não seja classificada como luxuosa, elas estão na categoria de glamping pelo nível de conforto e serviços ofertados, com excelente estrutura em locais remotos.
Por isso, minha aposta é que é uma questão de tempo para alcançarmos os patamares do glamping praticado em países desenvolvidos. Sem dúvidas, nos próximos anos, vamos ouvir falar muito dele. E haverá fila para experimentar.
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Lukasz Gieranczyk é CEO da Quero Passagem, um marketplace de passagens de ônibus que atende todo o Brasil, conectando pessoas a lugares pelas rodovias do país.
Créditos
Com informações da MGA Press
Fotos: Divulgação