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Dinheiro foi entregue a Bolsonaro ou Michelle, diz advogado de Cid

Cezar Bittencourt diz que Cid entregou dinheiro a Bolsonaro ou Michelle

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Cezar Bittencourt diz que Cid entregou dinheiro a Bolsonaro ou Michelle FOTO: reprodução

Paolla Serra/Agência Globo

 

O advogado Cezar Bittencourt, que representa o ex-ajudante de ordens da Presidência Mauro Cid, modulou nesta sexta-feira as declarações que dera no dia anterior a respeito de um Rolex recebido pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) em viagem oficial e vendido por Cid nos Estados Unidos. Se na quinta-feira, a defesa associou os atos de seu cliente a ordens expressas que recebia do ex-presidente, nesta sexta-feira, em entrevista à GloboNews, ele calibrou o tom e afirmou, por exemplo, que Bolsonaro pediu para Cid “resolver o problema do Rolex”.

Bittencourt também deixou em dúvida se o dinheiro obtido com a venda da peça recebida do governo da Arábia Saudita foi entregue a Bolsonaro ou a ex-primeira-dama Michelle.

“Pelo que eu sei, (o dono do relógio) era o presidente. Isso não quer dizer que (Cid) tenha entregue (o dinheiro) direto para o presidente, pode ter sido para a primeira-dama”, informou Bittencourt.

No dia anterior, ao GLOBO, o advogado havia sido mais incisivo sobre a vinculação com Bolsonaro: “Mauro Cid vendeu o relógio a mando do Bolsonaro com certeza e entregou o dinheiro a ele. Os 35 mil (dólares) que entraram na conta do pai dele (o general Mauro Cesar Lourena Cid) eram parte do pagamento que ele deu ao ex-presidente”.

Nesta sexta-feira, Bolsonaro afirmou que o seu ex-ajudante de ordens tinha autonomia para tomar decisões e que espera clarear “o mais rápido possível” o caso das joias. A declaração foi dada em entrevista ao jornal O Estado de S.Paulo, em Abadiânia, em Goiás, onde o ex-mandatário foi homenageado.

“Não mandei ninguém fazer nada”, disse Bolsonaro.

Na entrevista à GloboNews, embora tenha baixado o tom, Bittencourt sugeriu o contrário.

“Resolve o problema desse relógio”. O presidente (Bolsonaro), né. Resolve o problema desse relógio. Ele, como bom militar, bom assessor, saiu atrás para resolver, realizar o atendimento da determinação”, disse o advogado, que relatou ter recebido, na noite de quinta-feira, uma ligação de Paulo Amador da Cunha Bueno, responsável pela defesa do ex-presidente no caso.

Assim que assumiu o caso de Cid esta semana, o criminalista sugeriu uma guinada na defesa, declarando que seu cliente era um cumpridor de ordens – o ex-ajudante de ordens está preso desde maio acusado de inserir dados falsos de vacinação de Bolsonaro e de outras pessoas no sistema do Ministério da Saúde.

O advogado refutou que Cid, em depoimento previsto para os próximos dias, falará sobre outras peças de luxo recebidas por Bolsonaro, além do Rolex. À revista Veja, no dia anterior, no entanto, o criminalista chegou a usar o termo “joias”, indicando que o ex-ajudante de ordens poderia esclarecer as negociações em torno de outros itens vendidos e que estão na mira da Polícia Federal.

Também em entrevista à GloboNews, o advogado Paulo Amador da Cunha Bueno, que representa Jair Bolsonaro, negou que o ex-presidente tenha recebido qualquer valor derivado da venda de presentes supostamente negociados por Mauro Cid.