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Cúpula da PM queria revolta popular para manter Jair Bolsonaro no poder, diz PGR

Polícia Federal cumpriu mandados de prisão de oficiais da PM

FOTo: Mateus Bonomi / AGIF / Folhapress
Polícia Federal cumpriu mandados de prisão de oficiais da PM FOTo: Mateus Bonomi / AGIF / Folhapress

Fabio Serapião/FOLHAPRESS

 

A Polícia Federal prendeu nesta sexta-feira (18) integrantes da cúpula da Polícia Militar do Distrito Federal, incluindo o comandante da corporação, denunciados sob acusação de omissão no dia dos ataques golpistas de 8 de janeiro aos prédios dos Três Poderes.

A PGR (Procuradoria-Geral da República) afirma que a cúpula da PM-DF estava “contaminada ideologicamente” e apostou em uma insurgência popular para que Jair Bolsonaro (PL) fosse mantido no poder.

As informações foram utilizadas pela Procuradoria para pedir a prisão do atual comandante Klepter Rosa Gonçalves e do ex-comandante Fabio Vieira, além de outros três militares que ocupavam cargos de chefia da PM-DF no 8 de janeiro: Paulo José Ferreira Sousa Bezerra, Marcelo Casimiro Rodrigues e Rafael Pereira Martins.

Houve pedido ainda para manter a prisão de outros dois policiais que já estavam presos: Flávio Silvestre de Alencar e Jorge Eduardo Barreto Naime.

Klepter Gonçalves assumiu o comando da PM após o 8 de janeiro, escalado pelo interventor na segurança pública do Distrito Federal, Ricardo Cappelli, para assumir a posição de forma interina ele tinha sido responsável pela atuação do efetivo policial na posse do presidente Lula (PT).

Como mostrou a Folha de S.Paulo, Klepter foi o responsável por autorizar dias de folga do coronel Jorge Eduardo Naime Barreto, então chefe do Departamento Operacional da corporação, no dia 8 de janeiro.

Naime era o chefe do setor responsável por elaborar o plano de segurança na capital federal para evitar os ataques golpistas. Ele foi exonerado do posto após os atos antidemocráticos, denunciado pela PGR e está preso após ser alvo da operação Lesa Pátria.

Embora as investigações sejam conduzidas pela PF, por ordem de Alexandre de Moraes, foi a PGR comandada por Augusto Aras que solicitou as prisões cumpridas nesta sexta-feira e denunciou os policiais militares.

A cúpula da PM da capital federal entrou na mira dos investigadores antes mesmo do 8 de janeiro. Ainda em dezembro de 2022, quando bolsonaristas tentaram, no dia 12, invadir o prédio da Polícia Federal, a corporação foi criticada por demorar a agir.

Já no 8 de janeiro, a PM, segundo os investigadores e autoridades federais, deveria ter feito um bloqueio para evitar a entrada dos golpistas acampados no Quartel-General do Exército na Esplanada dos Ministérios.

Como os bloqueios feitos foram frágeis, os bolsonaristas conseguiram acessar a Praça dos Três Poderes para invadir e depredar o Congresso, Palácio do Planalto e Supremo Tribunal Federal.

Para a Procuradoria, a ação se deu devido à contaminação política da cúpula da corporação e a adesão dos comandantes das tropas a “teorias conspiratórias sobre fraudes eleitorais e de teorias golpistas”.

Como exemplo de como os policiais estavam inseridos no contexto de politização, a PGR elenca mensagens trocadas entre os policiais no período eleitoral. Nelas, os integrantes da cúpula da PM disseminaram notícias falsas, com viés golpista, e teses conspiratórias sobre fraudes em urnas eletrônicas.

“Contextualize-se que as desinformações que circulavam entre o alto oficialato da PM-DF demonstravam expectativa de mobilização popular para garantir Bolsonaro no poder, em desrespeito ao resultado das eleições presidenciais”, diz a PGR. Um dos conteúdos citados pelos investigadores é um vídeo sobre suposta fraude nas urnas enviado por Rodrigues ao então comandante da PM Fabio Vieira. Mesmo se tratando de notícia falsa, Vieira afirma que “a cobra” iria “fumar”.