Ana Laura Costa
Costume tipicamente paraense, são poucos os que resistem ao popular peixe com açaí, prato comumente ofertado nos boxes das boieiras no Mercado do Ver-o-Peso, em Belém. E para melhorar o que já é bom, o Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese Pará), divulgou que, tanto o pescado quanto o litro do fruto apresentaram queda nos preços no último mês.
Segundo aponta a pesquisa do Dieese Pará, o valor médio do litro do açaí do tipo médio, por exemplo, apresentou queda de 10,34% em relação ao mês de junho de 2023. A trajetória de preços nos últimos 12 meses foi a seguinte: em julho de 2022, a média do litro foi comercializado a R$ 18,04 e encerrou dezembro de 2022 sendo vendido em média a R$ 19,28.
Mas os preços mudam conforme os locais onde o litro do fruto é comercializado. Nas feiras livres da capital, os preços variaram entre R$ 12,00 e R$ 16,00. Nos supermercados, o valor ficou entre R$ 20,00 e R$ 26,00 por litro. Já no início deste ano, no mês de janeiro, o litro do fruto foi vendido a R$ 19,92 e, em junho, foi comercializado em média a R$ 23,98.
No mês passado, com novo recuo no preço, os consumidores compravam o litro na média de R$ 21,50. No entanto, no balanço comparativo de preços deste ano, que corresponde ao período de janeiro a julho, o produto ainda acumula alta de 11,51% e, nos últimos 12 meses, de julho de 2022 a julho de 2023, o reajuste acumulado foi de 19,18%.
O litro do tipo grosso do açaí, também ficou mais barato no mês passado, cerca de 8,69%, em relação ao mês de junho de 2023. A trajetória de preço foi a seguinte: em julho de 2022, o litro do grosso foi comercializado em média a R$ 24,70 e encerrou dezembro do ano passado vendido em média a R$ 29,27. Em janeiro de 2023, o produto foi comercializado a R$ 29,93 e, em junho o preço foi para R$ 36,37. No mês passado, houve recuo no preço e o litro foi comercializado em média a R$ 33,21.
Nas feiras livres da cidade, os preços do litro do açaí tipo grosso giravam entre R$ 22,00 a R$ 24,00. Nos supermercados, o preço variou entre R$ 35,00 a R$ 36,00.
Entretanto, o produto também ainda acumula alta de 13,46%. Nos últimos 12 meses o reajuste acumulado foi de 34,45%.
Nove tipos de pescado apresentaram queda de preço
E como o acompanhamento não pode faltar, pesquisas conjuntas realizadas pelo Dieese Pará e Secretaria Municipal de Economia (Secon), apontaram que no mês passado o preço do pescado também apresentou queda.
Dos 38 tipos de pescado mais consumidos, os que mais apresentaram recuo nos preços foram: surubim com queda de 18,93% seguido da uritinga com 14,94%; cação com recuo de 12,22%; aracu com queda de 10,99%; peixe pedra com queda de 9,82%; tainha com queda de 7,31%; além da pescada branca com decréscimo de 3,32%; mapará com seus 2,40% e a pescada amarela com queda de 2,39%.
O balanço efetuado sobre a trajetória do preço do pescado comercializado nas feiras livres e supermercados da capital, de janeiro a julho de 2023, mostra altas de preços na maioria das espécies pesquisadas e muitas com com reajustes acima da inflação calculada em 2,59%.
Dentre elas, se destacam as espécies mais consumidas e comercializadas no Ver-o-Peso como o filhote, com alta de 19,61%.; sarda com alta de 13,80% ; pescada gó com aumento de 18,66%; piramutaba com alta de 13,07% e dourada com 5,54%.
Ver-o-Peso sem tempo ruim
Apesar disso, no Veropa não tem tempo ruim. No box do Waldomiro Aires, 50, mais conhecido como “Careca”, as vendas andam bem. Segundo ele, no mês passado foi possível sentir o recuo no preço dos pescados que ele mais comercializa, como filhote, dourada e piramutaba, assim como no litro do açaí. Em uma forma de alumínio, o peixe frito na hora e bem ao lado, claro, a tigela de açaí batido na hora para agradar e fidelizar a clientela. O combo sai por R$ 25,00.
“Agora acho que os preços estabilizaram. Mas o mapará e a gó estão bem caros. O que a gente faz é ofertar tudo bem fresquinho, desde a farinha até o peixe e açaí para agradar a clientela e vender bastante”, ressalta.
O autônomo Walisson Santos também trabalha na feira. Mas a pausa para o almoço não poderia ser em outro lugar e o peixe frito com açaí não pode faltar. “Vinte e cinco reais tá na média, né? Dá para a gente se alimentar bem, afinal, é uma refeição. Estou sempre por aqui almoçando essa iguaria”, afirma.
O estudante Vitor Bruno, de 19 anos, trabalha no box da família, mas ontem (18) decidiu almoçar e se deliciar com a iguaria paraense. “Não costumo comer muito isso (açaí com peixe) em casa, mas só agora que deu para almoçar e aqui a gente sempre tá comendo!”, comentou.