Em 2018, “Megatubarão” foi um sucesso até improvável, mas justificável. Afinal, o filme reunia um tubarão pré-histórico em um embate com Jason Statham. Ou seja, uma obra de ação divertida, como a sinopse já deixa clara. E o diretor, Jon Turteltaub, entendeu isso, reforçando o tom de galhofa total. Infelizmente, a continuação “Megatubarão 2” deixa isso de lado e investe em uma trama que soa enfadonha na maior parte do tempo e, quando parece que vai engrenar, perde tempo com muitas subtramas desnecessárias.
O diretor inglês Ben Wheatley já foi considerado um nome promissor na indústria do cinema, mas parece perdido desde que pisou nos EUA para fazer histórias mais comerciais. Aqui, ele não compreendeu o espírito do humor e passou mais da metade da película transformando a trama em uma história de sobrevivência e praticamente escondendo a criatura (ou criaturas, já que é um cardume de criaturas pré-históricas).
Daí em diante, é um festival de situações que praticamente copiam o primeiro filme, com o clima de sátira de “Tubarão” e “Jurassic Park”. É quando começa a ficar divertido, já que as situações envolvem turistas desavisados, bombas e cachorros. Há uma morte inesperada que lembra “Do Fundo do Mar” ainda e essa foi uma surpresa genuína. Mesmo assim, Wheatley pesa a mão nas cenas de ação e na relação entre os personagens, onde nem o carisma de Statham salva. Sobram algumas mortes e “mentiras” divertidas.
Mas aí é preciso suportar longos diálogos clichês, situações forçadas e atuações canastronas. Isso não seria um problema, como eu disse, se fosse a proposta do filme, mas parece que o diretor perdeu a direção sobre qual “prateleira” de gênero queria entrar em uma futura aquisição do streaming. E encontra espaços até para dramas forçados, enquanto mantém os tubarões, que deveriam ser as estrelas, escondidos.
No momento em que eles aparecem, enfim, parecem saídos de um filme do canal Syfy ou da produtora Asylum (temos até polvos gigantes, ora só), com efeitos especiais que beiram o baixo orçamento e uma trilha sonora repetitiva e cheia de músicas pop jogadas em cenas aleatórias. Se você não tiver nada para fazer, gostar de filmes de animais gigantes e, talvez, aguentar a primeira hora, onde quase nada acontece, pode se divertir com “Megatubarão 2”.
MOSTRA
Segue até o dia 15 de agosto, a Mostra Pan-Amazônica de Cinema. Trata-se de uma exibição conjunta de curtas e longas-metragens dos estados da Amazônia Legal e de países convidados, voltada para as temáticas do meio ambiente, sustentabilidade, clima e justiça climática. As exibições são gratuitas e começam sempre às 19h, no auditório Eneida de Moraes, no Palacete Faciola, em Belém.