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Gerson Nogueira analisa jogos dos paraenses nas séries C e D

Foto: Wagner Santana/Diário do Pará
Foto: Wagner Santana/Diário do Pará

Resultado e performance

É raro ver na disputa da Série C times que aliem numa mesma partida resultado e performance. Parece algo inconciliável. Pois o Remo conseguiu, no sábado à noite, chegar muito perto da apresentação ideal, justamente aquela que reúne objetividade para fazer gols e qualidade técnica para desenvolver o jogo.

De início, parecia improvável que isso ocorresse neste campeonato. O Remo está, desde o Re-Pa, desfalcado de seu principal atacante, Pedro Vítor. Ficou também sem o melhor meia-armador do elenco, Pablo Roberto, negociado com o futebol português.

Contra o Volta Redonda, um outro fator conspirava contra os planos de uma grande exibição: a situação de quase desespero na tabela de classificação, ocupando posição próxima à zona de rebaixamento, com 17 pontos.

Pela primeira vez na temporada, o time de Ricardo Catalá entrou botando pressão, sufocando mesmo o adversário. Insistiu tanto que nos primeiros 20 minutos chegou a ter mais de 70% de posse de bola. Tocava a bola com rapidez, mas sem pressa excessiva. Envolvia o adversário ganhando espaço pelos lados e investindo, de vez em quando, pelo meio.

As tentativas de finalização se repetiam, mas não em direção ao gol, até que Jean Silva deu um passe de fino trato para Muriqui dentro da área. O atacante dominou para finalizar quando recebeu um pontapé. Pênalti assinalado, o próprio Muriqui bateu e abriu o marcador.

Vitória justíssima, que poderia ter sido ampliada tamanha a superioridade azulina em campo. O único deslize veio quase ao final da primeira etapa. Uma bola perdida no meio-campo acabou chegando aos pés do atacante Ítalo Carvalho, artilheiro do Voltaço. Em curto espaço, ele dominou e bateu forte no canto esquerdo da meta de Vinícius, que não deteve a bola.

Sofrer o empate no primeiro chute a gol do adversário reativou na torcida traumas recentes, como contra o Figueirense e o Operário. Por essa razão, na saída de campo, o time recebeu vaias, mesmo tendo atuado em altíssimo nível. Uma torcida (16 mil espectadores) que também foi fundamental para a conquista dos três pontos.

Veio o 2º tempo e o Remo adotou uma postura exatamente igual à do início da partida. Atacava com os laterais Lucas Marques e Evandro, tendo em Richard Franco o homem encarregado de avançar com a bola e ajudar na aproximação com Muriqui e Jean Silva.

Apesar de uma evolução do Volta Redonda, que saiu um pouco mais de seu campo, animado com o bom resultado, o Remo não alterou o ritmo. Seguiu forçando. Richard Franco, Jean e Muriqui tiveram boas chances, mas o gol da vitória viria de um cabeceio firme de Diego Ivo, aos 22 minutos.

Ainda haveria tempo para que Vinícius se redimisse da falha no gol de Ítalo. Já nos acréscimos, ele defendeu um chute à queima-roupa disparado pelo atacante Henrique. Uma defesa arrojada e perfeita. À altura de um grande goleiro. O futebol por vezes consegue ser generoso.

Com a vitória, o Remo vai a 20 pontos e praticamente afasta a possibilidade de rebaixamento. Mais que isso: passa a olhar para o alto da tabela. Mas, para se classificar, terá que vencer os três jogos que restam.

Empate importante, com direito a alguns sustos

O resultado não foi o esperado. O técnico Hélio dos Anjos não escondeu o desapontamento com o tropeço em Teresina. Esperava passar pelo Altos para solidificar presença no G8. Esteve perto de conseguir isso, levando em conta o desempenho inicial do time, muito mais agudo que o adversário.

De um escanteio cobrado por Robinho surgiu o gol. Uma jogada cada vez mais eficiente do Papão de Hélio dos Anjos. Vânderson subiu mais que a zaga do Altos e testou para o fundo do barbante.

Como o confronto foi ficando cada vez mais aberto, o PSC segurou um pouco mais o meio e o ataque, resguardando o setor defensivo. Apesar desse cuidado, o Altos conseguiu empatar ainda na primeira etapa.

Marcelo, zagueiro como Vânderson, desviou de cabeça uma cobrança de escanteio e devolveu o entusiasmo ao time do Altos. Essa esperança de conseguir três pontos impulsionou a equipe, que voltou para o 2º tempo com mais velocidade nas tentativas de contra-ataque.

Ameaçou chegar em alguns momentos, com chutes de fora da área que Matheus Nogueira defendeu com arrojo. Com a entrada de Dalberto, Giovani e Vinícius Leite, o PSC passou a atacar com mais consistência, principalmente em cruzamentos vindos do lado direito, primeiro com Anilson e depois com Edilson.

Graças a essa pegada ofensiva, os lances agudos foram se repetindo. Vânderson e João Vieira acertaram a trave. O PSC chegou a fazer o segundo gol, mas a jogada foi invalidada. Aí, nos minutos finais, com a partida totalmente aberta, o Altos quase desempatou, mas a bola passou rente à trave esquerda.

Nas circunstâncias, um bom resultado, mas era o tipo de jogo que podia ter garantido três importantes pontos na luta pela classificação.

Lusa e Águia perdem e estão fora da Série D

A Tuna entrou em campo como favoritaça diante do Maranhão. Havia vencido em São Luís, com méritos, e podia até empatar jogando no Souza. Foi surpreendida por um MAC audacioso nos contra-ataques. Sofreu um gol, perdeu por 1 a 0 no tempo normal e teve que decidir nas penalidades.

Na série extra, triunfo maranhense por 5 a 4. Um duro golpe para os cruzmaltinos, donos de uma belíssima campanha na fase classificatória.

O Águia tinha uma missão mais difícil, enfrentando o Atlético Cearense fora de casa. Caiu por 3 a 0, sendo amplamente dominado durante a partida. Um fracasso inesperado para os campeões paraenses.