Sorvete da Cairu, uma deliciosa e reconhecida tradição paraense

Belém, Pará, Brasil. Cidade. O clima quase sempre quente em Belém é um atrativo a mais para aproveitar um bom sorvete. 09-03-2022. Foto-Wagner Santana/Diário do Pará.

Ana Laura Costa

Símbolo do orgulho regional que destaca os sabores amazônicos, a sorveteria paraense Cairu conquistou a 39ª posição no ranking da Taste Atlas dos 100 Sorvetes Mais Icônicos do Mundo” (The 100 Most Iconic Ice Creams of the World). O atlas ainda elegeu exatamente o sorvete de açaí como o sabor mais icônico da produtora paraense.

O prêmio destaca que, “o sorvete de açaí é icônico por ter um sabor rico e distinto “que equilibra perfeitamente doçura e acidez”. Segundo a Taste Atlas a Cairu, “É um símbolo de orgulho regional e um embaixador dos sabores amazônicos tanto para os locais quanto para os visitantes. Seus sorvetes se destacam pelo uso de frutas nativas da Amazônia, evidenciando os sabores únicos da região”.

Mas não é a primeira vez que a sorveteria paraense ganha projeção internacional. Ano passado, a Cairu entrou para a lista das 50 melhores do mundo no Festival Mundial do Gelato, com o sabor Carimbó – que proporciona a combinação perfeita entre os sabores da castanha do Pará com o azedinho do doce de cupuaçu.

Para o proprietário Armando Laiun, o recente reconhecimento é uma forma de valorizar um trabalho que começou em 1962, quando ninguém imaginava que a Cairu seria o que é hoje. “É muito emocionante ter o trabalho reconhecido no mundo todo, estar entre os melhores do Brasil, senão o melhor. É muito gratificante mesmo, nós somos uma empresa familiar, estamos na segunda geração e prontos para passar esse legado à terceira geração da família”, ressalta.

Armando Laiun também relembra o início, quando seu pai adquiriu um imóvel na travessa 14 de março, em Belém. “Essa sorveteria em que estamos agora, era um botequim, um bar. Mas minha mãe não queria que fosse um bar, então em 63 ou 64, fomos mudando o negócio e colocamos uma máquina de picolé. Íamos nas portas do colégio vender, e meus pais faziam os sorvetes”, conta.

Hoje já são 13 unidades em todo o Estado, com mais de 50 sabores regionais, que também podem resultar numa deliciosa combinação de texturas, como é o caso do mestiço, que combina os sabores de açaí e tapioca. “A gente fica feliz porque hoje o nosso sorvete é símbolo de tradição, faz parte das programações das famílias que presenteiam até os parentes que moram fora. Até o Círio nós vamos lançar outro sabor que homenageia uma dança paraense, estamos analisando e trabalhando para entregar essa nova experiência a todos, especialmente aos paraenses”, destaca.

Tradição

E por falar em tradição, a auxiliar de dentista, Pamela Vieira, de 18 anos, aproveitou a tarde ensolarada para dar um pulo na sorveteria e manter uma herança familiar viva. A jovem que mora em Ananindeua e trabalha próximo à travessa 14 de março, conta que, na infância, um de seus passeios preferidos era ir à missa com a avó e depois da igreja, parar na sorveteria Cairu. Hoje, ela reproduz a cena com a sobrinha Marina, de 3 anos.

“Essa é uma das memórias que tenho e guardo com carinho. É uma lembrança muito vívida. Nós íamos à missa e depois passávamos na sorveteria, então virou uma tradição e a gente tenta fazer isso com os mais novos da família também. Aí minha sobrinha queria tomar um sorvete e trouxe ela. Assim a gente continua esse legado, mantém essa tradição de carinho”, disse.