SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Morreu nesta quarta-feira (26) a cantora irlandesa Sinéad O’Connor -pronuncia-se “chineide”-, aos 56 anos. A notícia foi publicada originalmente pelo The Irish Times, um dos principais jornais diários de seu país, e confirmada pela família à emissora estatal RTÉ. A causa da morte não foi revelada.
“É com grande tristeza que anunciamos a morte da nossa amada Sinéad. Sua família e amigos estão devastados e pediram privacidade neste momento difícil”, diz uma nota enviada à emissora.
O’Connor ganhou fama nos anos 1990 com o hit “Nothing Compares 2 U” e ao longo de toda a carreira levou a público seus problemas relacionados a saúde mental, que se agravaram nos últimos anos. Em agosto de 2017, postou um vídeo em que revelava já ter pensado em suicídio, e que lutava todos os dias para sobreviver.
Em janeiro de 2022, ela chegou a ser hospitalizada pouco depois da morte do filho Shane, de 17 anos. Ela dizia, nas redes sociais, se culpar pelo suicídio do adolescente, que esteve internado num centro para tratamento de transtornos mentais.
De acordo com publicações recentes em seu Facebook, sua principal janela para os fãs, O’Connor planejava lançar um novo álbum em breve, e havia se mudado para Londres 23 anos depois de deixar a capital britânica. De lá, estaria planejando uma turnê que passaria por Oceania, Europa e Estados Unidos entre 2024 e 2025.
Nascida em Dublin em 1966, O’Connor tem dez álbuns de estúdio gravados. Além do sucesso que a projetou internacionalmente, “Nothing Compares 2 U”, ela ainda é a voz de canções como “The Emperor’s New Clothes”, “Sacrifice” e “The Last Day Of Our Acquaintance”.
Ativista pelos direitos das crianças, a irlandesa teve uma infância difícil e alegava ter sido abusada fisicamente pela mãe em diversas ocasiões, após a separação de seus pais quando tinha oito anos. Aos 15, O’Connor foi internada num hospital psiquiátrico devido a faltas na escola e a pequenos furtos.
A carreira musical engrenou depois que ela conheceu Fachtna O’Ceallaigh, antigo agente do U2, e lançou seu primeiro álbum de estúdio, “The Lion and the Cobra”, de 1987, que lhe rendeu uma indicação ao Grammy. Na sequência veio “I Do Not Want What I Haven’t Got”, que incluia a faixa “Nothing Compares 2 U”, originalmente composta para Prince.
A canção alcançou o topo das paradas em diversos países e lhe garantiu um Grammy de melhor performance de música alternativa. Oito álbuns e mais indicações a prêmios vieram, até a cantora gradualmente deixar os holofotes.
O’Connor também teve uma carreira marcada por polêmicas. A maior delas aconteceu em outubro de 1992, quando a cantora rasgou a foto do papa João Paulo 2º no palco do programa americano Saturday Night Live, da NBC.
“Combatam o verdadeiro inimigo”, ela disse na ocasião, logo depois de cantar a música “War”, de Bob Marley. A cantora ainda apagou algumas velas que estavam no palco antes de se retirar de cena.
A performance no Saturday Night Live era uma manifestação de repúdio em relação à posição da Igreja Católica contra o aborto. Depois do programa, a NBC recebeu mais de 4.000 telefonemas de fiéis, que ligaram para repudiar o ato.
Dias depois do incidente, convidada para participar de uma homenagem ao cantor Bob Dylan, O’Connor recebeu uma sonora vaia que a levou às lágrimas. Ela desafiou a plateia e cantou novamente a música “War”, antes de abandonar o palco nos braços do cantor Kris Kristofferson.
Em 2010, O’Connor disse que o papa Bento 16 deveria renunciar. “As hierarquias vaticanas deveriam renunciar, não apenas porque estão encobertas, mas porque são inacreditavelmente arrogantes, são anticristãs e não têm a mais remota relação com Deus”, declarou a artista.
Já em 2013, ela disse que a cantora Miley Cyrus estava se prostituindo. Em carta publicada no jornal britânico The Guardian, a irlandesa afirmou que está “extremamente preocupada com o fato de que aqueles ao seu redor levaram-na a acreditar, ou a encorajaram a acreditar, que de alguma forma é ‘legal’ estar nua e lambendo martelos em seus vídeos”.
A cantora irlandesa voltou a ser notícia em agosto de 2017, quando postou um vídeo em seu perfil no Facebook para falar de seus transtornos mentais, revelando que já pensou em suicídio e que luta todos os dias para sobreviver.
A irlandesa deixa três filhos, Jake Reynolds, Roisin Waters e Yeshua Bonadio.