Cintia Magno
O saldo positivo de mais de 21 mil postos de trabalho formais acumulados no Pará em 2023 aponta não apenas o bom momento do estado no que se refere à geração de emprego, mas também o papel que os municípios do interior têm exercido neste cenário.
Um estudo realizado pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese-PA), com base nos dados do Ministério do Trabalho, apontam que 70% dos empregos formais gerados no Pará, no período de janeiro a maio deste ano, se concentraram nos municípios fora da Região de Integração Metropolitana. Somente nos cinco primeiros meses do ano, o interior foi responsável por quase 15 mil postos do saldo total de empregos.
Quando se analisa a geração de empregos considerando as 12 Regiões de Integração do Estado, o que se observa é que a Região de Integração Metropolitana, que compreende cinco municípios, incluindo a capital paraense, foi responsável por 29,8% do total de postos de trabalho que o Pará gerou neste ano, até maio. Todo o restante ficou concentrado no interior, em diferentes atividades, de acordo com a vocação econômica de cada região.
O supervisor técnico do Dieese-PA, Everson Costa, destaca que, a partir da análise dos dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), se observa que a vocação econômica do estado se concentra no extrativismo, cenário que vem se modificando ao longo dos anos, mas que ainda é muito presente.
“Esse mapa do emprego dentro do Estado do Pará ainda segue a nossa vocação econômica e, dependendo da região do estado, a gente vai ter municípios que vão se sobressair nessa geração de empregos em três áreas, fundamentalmente: a extração mineral, a extração animal e a extração vegetal”, aponta. “O Pará vem em um bom momento de geração de empregos formais. Isso não resolve completamente o problema do desemprego, mas é bom reforçar que dos 144 municípios pesquisados até aqui, 60% deles apresentou saldo positivo na geração de empregos”.
MUNICÍPIOS
Depois de Belém, capital do estado, Canaã dos Carajás é o município que mais gera emprego no Estado, atualmente. O saldo positivo registrado pelo município que é apontado como um grande polo de produção mineral do Estado foi de mais de 3.200 postos de trabalho.
Em seguida, vem o município de Parauapebas, terceiro maior gerador de empregos no Pará neste ano, também caracterizado pela vocação da extração mineral, mas com um comércio e um setor de serviços que crescem consideravelmente. “Belém ainda lidera a geração de empregos por todo o Pará, mas não reina sozinha mais do ponto de vista dessa economia que possa atrair pessoas e criar empregos, tanto que depois dela se tem Canaã dos Carajás, que está há mais de 700 km da capital, liderando o saldo positivo de empregos”, avalia Everson Costa.
Seguindo a sequência dos maiores geradores de postos de trabalho, surgem os municípios de Tomé-Açu, Itaituba, Ananindeua, Marabá, Conceição do Araguaia, Santana do Araguaia e Paragominas. Este último, no Nordeste do Estado, representando um grande polo da produção agropecuária paraense.
“A movimentação da geração de empregos no nosso estado está se dando para além das fronteiras da Região de Integração Metropolitana, ela se solidifica nos municípios na medida em que eles têm um potencial mais forte para o agronegócio, ou para o comércio, ou por serviço, ou para a própria indústria”, aponta Everson.
“E isso é importante porque você fixa as pessoas no interior, dá condição daquela região se desenvolver e aí a gente vê as faculdades chegando em nosso interior, shoppings, grandes clínicas, grandes empreendimentos voltados para o fornecimento de varejo e comércio. Então, se percebe que as estruturas desses municípios, que agora são concentradores de geração de emprego no Estado, estão sentindo esses bons reflexos da economia paraense”.
De uma maneira geral, o setor de serviços ainda é o principal empregador no Pará, hoje. Porém, o supervisor técnico do Dieese-PA reforça que ele não é unânime quando se considera as diferentes regiões.
“Belém ainda é essencialmente comércio e serviços, mas em Marabá se tem uma indústria forte; em Parauapebas se tem o comércio, a indústria e depois serviços, já em Paragominas se tem o agronegócio gerando riqueza, renda, empregos, e outros setores”, contextualiza. “É essa diversidade e essa economia que gira nos municípios do interior do Estado que estão puxando 70% dos empregos gerados por todo o Pará. Agora, a qualificação profissional precisa vir”.
Diante da demanda, Everson aponta que não é raro que os empregadores apontem a necessidade de maior qualificação da mão de obra para inserção no mercado. E essa qualificação se refere a funções técnicas como, por exemplo, a de operadores de máquinas agrícolas, montadores, mecânicos industriais, operadores de caldeira.
“Para colocar mais paraenses em postos de trabalho chave, que remunerem melhor, a qualificação profissional é fundamental. Mas não uma qualificação qualquer, uma qualificação técnica, com o timming certo, voltada para os investimentos e para a riqueza que o Estado está gerando neste momento”.
Seguindo essa tendência, a expectativa é de que o cenário de oportunidades de emprego se mantenha no segundo semestre. “A gente tem um segundo semestre recheado de mais oportunidades e esses municípios paraenses vão ajudar o estado a chegar no final de 2023 ultrapassando a marca das mais de 420 mil pessoas admitidas em todo o Pará”, acredita Everson Costa.
“A gente só não sabe, ainda, de quanto será o saldo, mas pelo movimento que se vê hoje, pelos municípios que geram empregos e pela riqueza que está indo para além da Região Metropolitana, com certeza vamos ultrapassar as mais de 420 mil oportunidades de emprego geradas por todo o Pará. Pelo menos nos três últimos anos a gente já vem ultrapassando essa barreira dos 400 mil, então, vamos ver como isso se comporta este ano. A expectativa é boa”.
MAPA DO EMPREGO NO PARÁ
Movimentação do Emprego Formal
2023 (Janeiro a Maio)
Admissões – 183.753
Demissões – 162.517
Saldo positivo – 21.236 postos de trabalho
2022 (Janeiro a Maio)
Admissões – 174.629
Demissões – 157.996
Saldo positivo – 16.633
Fonte: Ministério do Trabalho/CAGED. Análise e Elaboração: DIEESE/PA.
Setores Econômicos
Movimentação do Emprego Formal no Estado do Pará, por Setores Econômicos de Atividades no ano de 2023 (Jan-Mai)
1º Serviços – saldo positivo de 11.271 postos de trabalho
2º Indústria – saldo positivo de 4.098 postos de trabalho
3º Comércio – saldo positivo de 2.619 postos de trabalho
4º Construção civil – saldo positivo de 2.289 postos de trabalho
5º Agropecuária – saldo positivo de 959 postos de trabalho
Fonte: Ministério do Trabalho/CAGED. Análise e Elaboração: DIEESE/PA.
Geração de empregos por Região
Movimentação do Emprego Formal na Região Metropolitana e demais municípios do interior do Estado no ano 2023 (Jan-Mai)
Região de Integração Metropolitana
Admissões – 62.468
Demissões – 56.121
Saldo positivo – 6.347
Distribuição do saldo (%) – 29,8%
Demais Municípios do Interior
Admissões – 121.285
Demissões – 106.396
Saldo positivo – 14.889
Distribuição do saldo (%) – 70,2%
Fonte: Ministério do Trabalho/CAGED. Análise e Elaboração: DIEESE/PA.
Municípios
Saldo Positivo
Saldo do Emprego Formal nos 30 municípios paraenses que apresentaram os maiores saldos positivos em 2023 (Jan-Mai)
1º Belém: 4.555 postos de trabalho
2º Canaã dos Carajás: 3.284
3º Parauapebas: 2.356
4º Tomé-Açu: 1.811
5º Itaituba: 1.773
6º Ananindeua: 1.609
7º Marabá: 1.129
8º Conceição do Araguaia: 1.109
9º Santana do Araguaia: 1.103
10º Paragominas: 647
11º Benevides: 489
12º Água Azul do Norte: 454
13º Tucumã: 355
14º Redenção: 335
15º Ulianópolis: 293
16º Xinguara: 252
17º Capanema: 196
18º Concórdia do Pará: 188
19º Novo Repartimento: 182
20º Itupiranga: 168
21º Tailândia: 163
22º Dom Eliseu: 148
23º Ourilândia do Norte: 135
24º Oriximiná: 123
25º São Geraldo do Araguaia: 119
26º Uruará: 118
27º Abaetetuba: 112
28º Rondon do Pará: 110
29º Santa Maria das Barreiras: 109
30º Novo Progresso: 93
Fonte: Ministério do Trabalho. Análise e Elaboração: DIEESE/PA.
Saldo Negativo
Saldo do Emprego Formal nos 30 municípios paraenses que apresentaram os maiores saldos negativos no ano de 2023 (Jan-Mai)
1º Óbidos: -676 postos de trabalho
2º Santarém: -374
3º Bonito: -344
4º Marituba: -250
5º Almeirim: -247
6º Ipixuna do Pará: -210
7º Acará: -176
8º Castanhal: -163
9º São Miguel do Guamá: -158
10º Curionópolis: -145
11º Moju: -143
12º Anapu: -128
13º São Félix do Xingu: -120
14º Portel: -111
15º Breu Branco: -81
16º Mocajuba: -64
17º Primavera: -59
18º Limoeiro do Ajuru: -57
19º Santa Bárbara do Pará: -56
20º Barcarena: -52
21º Igarapé-Miri: -39
22º Santa Isabel do Pará: -26
23º Garrafão do Norte: -25
24º Marapanim: -24
25º Peixe Boi: -22
26º Juruti: -22
27º Prainha: -18
28º Inhangapi: -16
29º Vitória do Xingu: -15
30º Bragança: -14
Fonte: Ministério do Trabalho. Análise e Elaboração: DIEESE/PA.
EM NÚMEROS
27%
É o crescimento registrado no saldo positivo de postos de trabalho gerados no Pará nos primeiros cinco meses de 2023, em comparação com o mesmo período do ano passado.
83
municípios no Estado apresentaram resultados positivos na geração de empregos, 56 apresentam saldos negativos e apenas 5 registraram estabilidade na movimentação de empregos formais, segundo estudo do Dieese-PA.