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Gerson Nogueira: 'Entre a euforia e a depressão'

Foto-Wagner Santana/Diário do Pará.
Foto-Wagner Santana/Diário do Pará.

Nos últimos dias, após a derrota no Re-Pa e a consequente permanência no Z4, o Remo mergulhou num estado de abatimento. Por seu turno, o rival PSC vive momentos de euforia contida com as duas vitórias em sequência (Amazonas e Remo) e a ressaca gostosa de um triunfo no clássico da Amazônia. Além disso, viu aumentar substancialmente suas possibilidades de ingressar no G8.

Quem acompanha o futebol paraense sabe da importância que o Re-Pa tem sobre os clubes e as torcidas. Ninguém fica indiferente ao jogo. Desta vez não foi diferente. Os dois times dependiam de um bom resultado para seguir alimentando o sonho da classificação.

Com campanhas sofríveis no Brasileiro da Série C, ambos seguem em dívida com suas apaixonadas torcidas. A vitória permitiu ao PSC respirar mais aliviado, consciente de que a paz com a torcida foi reconquistada depois de um longo período de desconfiança, iniciado ainda na eliminação para o Águia nas semifinais do Parazão. A atmosfera melhorou tanto que anda rolando até pagode para descontrair após os treinos.

O feliz reencontro com o técnico Hélio dos Anjos, dono de um estilo que vai do histriônico ao eufórico nas entrevistas, com pitadas de autoajuda pelo meio, explica o clima de empolgação que toma conta da Curuzu. Duas vitórias fazem muita diferença num campeonato nivelado por baixo e marcado pela oscilação das equipes.

Quanto ao time, algumas mudanças funcionaram bem. Matheus Nogueira trouxe segurança ao gol bicolor. Jacy Maranhão virou o primeiro volante titular e a zaga mostra-se consistente, com Paulão e Vanderson (ou Wellington Carvalho).

Com 18 pontos, tendo seis jogos a cumprir, o PSC pode entrar no G8 com mais duas vitórias. Os próximos adversários são o CSA (11º), domingo, na Curuzu, e o América-RN (18º), no próximo dia 30, em Natal. Times que não fazem boa campanha e que podem ser superados pelo Papão.

No Evandro Almeida, o clima é bem diferente. Por mais que Ricardo Catalá seja conhecido por valorizar a parte emocional, seu estilo é bem mais contido que o de Hélio dos Anjos. As perspectivas de classificação, que já não eram boas antes do Re-Pa, pioraram bastante com a derrota.

O que está em discussão agora é a capacidade de reação para afastar o time da zona da confusão. Em 17º lugar, o Remo tem contra o Náutico, domingo, no Recife, a oportunidade de se desgarrar do Z4. Jogo difícil, ainda mais depois que o Náutico (que jogaria de portões fechados) obteve efeito suspensivo, aproveitando a maré condescendente do STJD.

Em seguida, o Leão recebe o Ypiranga (RS) em Belém. São dois adversários difíceis, que estão em melhor situação que o Remo. Para o confronto de domingo, Catalá terá a volta de Anderson Uchoa ao meio-campo e deve lançar um ataque com Fabinho e Ronald. A novidade é a possível entrada de Richard Franco, ao lado de Uchoa e Pablo Roberto.

Até lá, para conseguir reverter a maré ruim, é fundamental que o Leão recupere a confiança e tire o baixo astral do caminho.

Copa Feminina começa em ritmo contagiante

Depois de apenas três jogos realizados – com duas vitórias das seleções anfitriãs, Austrália e Nova Zelândia –, pode-se dizer, sem erro, que a Copa do Mundo Feminina será um sucesso. E nem foram partidas tecnicamente brilhantes ou emocionantes, mas a empolgação das torcidas e a beleza dos estádios fazem crer na realização do melhor mundial da modalidade de todos os tempos.

A grande expectativa é para a entrada em cena das favoritas – Estados Unidos, Inglaterra, Suécia, Alemanha, França – e de times cotados para surpreender, caso da seleção do Brasil, que evoluiu muito desde a Copa de 2019, principalmente após a chegada da técnica sueca Pia Sundhage.

Uma homenagem ao Glorioso

O botafoguense Jailson Nobre, leitor da coluna e do blog, envia um texto em homenagem ao Botafogo, atual líder do Campeonato Brasileiro. Abaixo, na íntegra:

“Existem três razões básicas entre os que torcem pelo Botafogo e os que torcem pelos demais clubes. A primeira diz respeito ao fato de que os demais são os demais; o Botafogo é único. É a síntese da tradição e a negação mais efetiva dos modismos. Não se prende ao sincrônico, todavia é um amor diacrônico que transcende os marcos temporais e vai além da compreensão cartesiana dos fatos e datas.

A segunda razão relaciona-se ao fato de que em relação aos demais, você torce, torna-se um aficionado, um admirador. Para o Glorioso não se torce; para o Glorioso a pessoa é, de maneira que ele não é movido por paixão ou algo passageiro, por algo pensado ou elocubrado racionalmente. É a predestinação divina.

A terceira, e na minha modesta opinião, a mais significativa, é uma consequência direta da segunda. Como você não escolhe torcer pelo Botafogo, não se prende também a resultados dentro de campo para ser feliz. Você o é antes de qualquer resultado ou de qualquer condição.

Nesse aspecto, o Botafogo é mais que um clube. É a alma do Futebol. É a catarse absoluta. É uma felicidade imanente. É a glória inerente. É a total independência de títulos ou conquistas, porque ser Botafogo é a maior conquista; ter a honra de ser a estrela solitária é o maior título.

A utopia está lá no horizonte. Me aproximo dois passos, ela se afasta dois passos. Caminho dez passos e o horizonte corre dez passos. Por mais que eu caminhe, jamais alcançarei. Para que serve a utopia? Serve para isso: para que eu não deixe de caminhar”.