Cintia Magno
As infecções respiratórias já foram responsáveis por diferentes epidemias ou pandemias ao longo dos séculos passados. Apesar de não serem uma novidade, diferentes tipos de infecções respiratórias continuam a fazer parte da vida moderna e não deixam de ser motivo de preocupação. Em 2019, mesmo antes do forte impacto causado pela pandemia da Covid-19, a pneumonia e outras infecções respiratórias inferiores já eram apontadas pela Organização Mundial de Saúde (OMS) como o grupo mais mortal de doenças transmissíveis, sendo classificadas, juntas, como a quarta principal causa de morte no mundo naquele momento.
O médico infectologista, mestre em Saúde na Amazônia pelo Núcleo de Medicina Tropical da Universidade Federal do Pará (UFPA), Bernardo Porto Maia, explica que as infecções respiratórias são infecções que podem ser bacterianas, virais ou até fúngicas. “Essas infecções acometem o sistema respiratório, as vias aéreas nas suas diversas topografias, desde via aérea superior acometendo, por exemplo, os seios paranasais, causando as sinusites; ou acometendo as amígdalas, causando as amigdalites; a faringe, causando a faringite, até a via aérea inferior, acometendo brônquios e pulmões, causando as bronquites e pneumonias”.
Dentro deste contexto, o médico destaca que, sem dúvida, as infecções respiratórias mais comuns são as de etiologia viral. “Os vírus respiratórios são a principal causa de infecções tanto respiratórias altas, como sinusites e faringoamigdalites, como também causa principal das Pneumonias Adquiridas na Comunidade (PAC). Não raro, acontece de se prescrever antibiótico de forma precoce e até inadequada para algumas infecções que, na maioria das vezes, são causadas por vírus e não vão se beneficiar de tratamento antibiótico”.
Epidemias e pandemias – Parte da história da humanidade
Considerando a relação das infecções respiratórias com a ocorrência de epidemias e pandemias ao longo dos anos, o médico infectologista, mestre em Saúde na Amazônia pelo Núcleo de Medicina Tropical da UFPA, Bernardo Porto Maia, lembra que as epidemias são indissociáveis da história do ser humano e da sociedade. O que já foi possível aprender, com a história, é que essas epidemias e até pandemias acontecem de forma cíclica na humanidade, e por uma razão muito simples.
“É fácil entender o motivo de grande parte dessas epidemias e pandemias de infecções transmitidas na comunidade serem por infecções respiratórias, principalmente por vírus respiratórios, uma vez que essas infecções se propagam pelo contato próximo e pelo contato com secreções respiratórias que são dispersas no ambiente pela fala, pelo beijo, pelo compartilhamento de objetos contaminados com secreções respiratórias, por, eventualmente, partículas menores ainda do que essas gotículas de saliva, que são os aerossóis”, pontua.
“Essas partículas, os aerossóis, ficam suspensas no ar por até 6 horas, então, a facilidade de transmissibilidade desses patógenos, que são causadores de infecções respiratórias, facilita a ocorrência de epidemias e até pandemias por essas etiologias”, completa o médico.
RESPIRAÇÃO
Outra relação destacada pelo infectologista está ligada ao fato de que, naturalmente, se está considerando uma função vital do organismo. “Todos respiramos e, como consequência da respiração e do viver em sociedade, eventualmente, durante a execução dessa função vital, a gente vai dispersar patógenos que podem vir a causar infecções mais ou menos graves”.
Conheça as infecções respiratórias mais comuns
INFLUENZA (GRIPE)
A gripe é uma infecção aguda do sistema respiratório, provocado pelo vírus da influenza, com grande potencial de transmissão. Existem quatro tipos de vírus influenza/gripe: A, B, C e D. Os vírus influenza A e B são responsáveis por epidemias sazonais, estando o vírus influenza A associado a eventos pandêmicos, como o ocorrido em 2009 com a pandemia de influenza A (H1N1). Desde 1999, a influenza conta com vacina incorporada pelo Programa Nacional de Imunizações (PNI) com o propósito de reduzir internações, complicações e óbitos na população-alvo.
Normalmente, os quadros graves associados à infecção são mais frequentes em pessoas que apresentam fatores ou condições de risco para as complicações da infecção, como é o caso de lactentes no primeiro ano de vida e crianças de 6 meses a menores de 6 anos de idade, gestantes, idosos com 60 anos ou mais e pessoas com doenças crônicas não transmissíveis e outras condições clínicas especiais. Nos casos mais graves, normalmente, o paciente pode apresentar dificuldade respiratória e necessitar de hospitalização. Em situações onde ocorre agravamento dos casos, estes podem evoluir para a síndrome respiratória aguda grave (Srag) ou mesmo óbito.
Principais sintomas
Febre;
Dor de garganta;
Tosse;
Dor no corpo;
Dor de cabeça.
Complicações mais comuns
Pneumonia bacteriana e por outros vírus;
Sinusite;
Otite;
Desidratação;
Piora das doenças crônicas;
Pneumonia primária por influenza, que ocorre predominantemente em pessoas com doenças cardiovasculares (especialmente doença reumática com estenose mitral) ou em mulheres grávidas.
PNEUMONIA
A pneumonia é uma infecção que se instala nos pulmões. Basicamente, as pneumonias são provocadas pela penetração de um agente infeccioso ou irritante (que pode ser desde bactérias, vírus, fungos e por reações alérgicas) no espaço alveolar, onde ocorre a troca gasosa.
Principais sintomas
Febre alta;
Tosse;
Dor no tórax;
Alterações da pressão arterial;
Confusão mental;
Mal-estar generalizado;
Falta de ar;
Secreção de muco purulento de cor amarelada ou esverdeada;
Toxemia (danos provocados pelas toxinas carregadas pelo sangue);
Prostração (fraqueza).
Fatores de risco
Fumo: provoca reação inflamatória que facilita a penetração de agentes infecciosos;
Álcool: interfere no sistema imunológico e na capacidade de defesa do aparelho respiratório;
Ar-condicionado: deixa o ar muito seco, facilitando a infecção por vírus e bactérias;
Resfriados mal cuidados;
Mudanças bruscas de temperatura.
AMIGDALITE
Amidalite ou amigdalite é uma doença infecciosa que atinge as amídalas (ou amígdalas) – dois órgãos que ficam no fundo da garganta e fazem parte do sistema de defesa do organismo, funcionando como a primeira barreira contra micro-organismos que nos invade pela boca. A amigdalite pode ser causada tanto por vírus, quanto por bactérias e ainda pela associação dos dois agentes. Geralmente, é transmitida por gotículas expelidas ao tossir, espirrar ou beijar. Também pode ser provocada quando se compartilha objetos pessoais como copos, xícaras, escovas de dentes, garrafas de água, garfos, colheres etc. com outras pessoas, especialmente se estiverem doentes.
Principais sintomas
Febre;
Dor de garganta;
Falta de apetite;
Mau hálito;
Dificuldade para engolir;
Algumas pessoas podem sentir dor de ouvido;
Às vezes, inchaço dos gânglios do pescoço e da mandíbula.
Recomendações para evitar amigdalite
Lavar as mãos frequentemente;
Não beijar ninguém nos lábios se estiver com um resfriado ou dor de garganta;
Tomar muito líquido para hidratar as mucosas.
Consultar o médico se tiver dor de garganta, febre ou glândulas inchadas;
SINUSITE
Sinusite é o nome dado para uma infecção nos seios paranasais, que são cavidades internas da face e estão localizadas próximas do nariz. Essas são regiões revestidas de muco, continuamente lançado para a região nasal. A infecção e inflamação da região acontecem quando esse fluxo é interrompido. A sinusite pode ser aguda ou crônica. A crônica apresenta quase os mesmos sintomas da aguda, mas a febre e a dor nos seios da face, por exemplo, podem estar ausentes.
Principais sintomas
Na sinusite aguda, os sintomas duram por no máximo quatro semanas, incluindo:
Dores de cabeça e no seio da face, que variam de pontadas, pulsátil ou sensação de pressão.
Também é comum ocorrer obstrução nasal com secreção amarela ou esverdeada.
BRONQUITE
Doença caracterizada pela inflamação na mucosa que reveste os brônquios, estruturas pulmonares encarregadas de levar e trazer o ar a cada respiração, além de também serem responsáveis por aquecer e umidificar o ar e levar o oxigênio para dentro e para fora do pulmão. Quando ocorre a bronquite, porém, ocorre um grande inchaço nessa região, dificultando a passagem do ar. A bronquite também é subdividida em aguda e crônica. Normalmente, a bronquite aguda é provocada pela ação de vírus e bactérias, já a bronquite crônica é considerada uma doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC), causada pela exposição a agentes nocivos, como fumaça do cigarro, tabaco e produtos químicos que causam irritação.
Principais sintomas
Tosse com expectoração (secreção de muco);
Chiado;
Falta de ar;
Cansaço.
Fonte: Ministério da Saúde.