TEXTO: WAL SARGES
O rapper paraense MC Super Shock inicia turnê no Rio de Janeiro com shows entre julho e novembro. As primeiras apresentações do artista ocorrem nesta sexta-feira, 14, em Teresópolis, e no sábado, 15, em Nova Friburgo. Ainda no Sudeste, o cantor compõe o line up do Festival de Inverno 2023.
Na turnê, MC Super Shock mostra as composições do álbum “ONMI: O Negro Mais Imprevisível”, que versa sobre a jornada do próprio rapper enquanto negro na Amazônia, entre seus sonhos e a realidade repleta de contradições, que passa pelas fases de ódio, revolta e reflexão. No palco, o artista passeia pelas nove faixas autorais de “OMNI”, com direito à exibição simultânea de videoclipes produzidos pelo rapper, que também é cineasta.
EDITAL SESC RJ PULSAR
Selecionado na segunda edição do Edital de Cultura Sesc RJ Pulsar 2022/23, o artista ainda fará apresentações das unidades do Sesc de São Gonçalo e Madureira. Ele diz que circular com seu show pela primeira vez no Rio de Janeiro é dar visibilidade a artistas da região Norte. “Para mim significa mais uma possibilidade, já que nós, artistas da região Norte, geograficamente falando, dificilmente conseguimos outros espaços. Até onde eu sei, fui o único rapper da região a estar neste edital. Então, da mesma forma que é uma possibilidade, é também uma reflexão sobre os critérios de participação quando se trata de cultura nacional, visando todas as regiões, onde o Norte é geralmente invisibilizado”, reflete.
SHOW PERFORMANCE
Em seus shows, assim como no videoclipe disponível no Youtube, MC Super Shock intercala as músicas com poesia e reflexões. Tudo isso ocorre, porém, de forma muito bem pensada, diz ele. “Tem muita coisa que acontece na hora, mas essas intervenções, não. As performances no palco vêm de todo um estudo, meio introvertidas, mas expressivas até a parte em que eu realmente estou livre para intervir corporalmente, que é um reflexo sobre o antes e o depois da escravidão negra”.
Ele completa dizendo que preparou algo que conversasse com o público, causando essa reflexão. “É um show performance, que além da música tem essa interatividade com o público e essas intervenções que não são só faladas com as poesias, mas tem a questão corporal e musical”, detalha.
FORÇA DO HIP-HOP
Iniciativas como esta fortalecem a cena do hip-hop, destaca ele. “É muito importante que ocorram ações como a do Sesc porque o rap, por si só, é um gênero tão marginalizado e ainda visto de forma pejorativa, que quando a gente vê que ele está ganhando notoriedade, isso nos incentiva e nos possibilita sermos mais profissionais”.
MC Super Shock iniciou a sua trajetória artística em 2011, no Amapá. Hoje com uma carreira consolidada, diz que sua trajetória artística é uma superação de vida. “A gente tinha tudo para dar errado. E apesar de todos os traumas, a gente vê que é necessário persistir porque às vezes você está batalhando por aquilo e outra pessoa está se espelhando em você, querendo ser um pedaço ou uma porcentagem daquilo que você é”, reflete.
“Acredito que o motivo de estar onde estou hoje é enxergar esse plural, além de entender que sozinho eu não consigo. Um sentimento que resumiria essa conquista é a paciência. O rap, o hip-hop, a arte, a vida é um jogo de paciência. É a gente entender que nem tudo está sob o nosso controle, porém, independente dos meios, se você estiver focado no fim, você consegue e tudo o que você faz dá certo e tudo o que não dá, vira aprendizado”, analisa o rapper.