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Gerson Nogueira: 'O fantasma do rebaixamento'

Foto-Wagner Santana/Diário do Pará.
Foto-Wagner Santana/Diário do Pará.

 

O torcedor azulino vem se acostumando às falsas ilusões. Vamos por partes. O Remo começou 223 dando a pinta de que iria fazer uma temporada auspiciosa. Puro engodo. Iludiu na Copa Verde, enganou no Parazão e finalmente completou o pacote com a trajetória errática na Série C. Ontem à noite, diante do Operário-PR, a única boa notícia para a massa torcedora foi a definição das ambições do time na Série C: a partir de agora, o projeto é lutar contra o rebaixamento.

Depois de um jogo sofrido, quando o Remo não produziu absolutamente nada no primeiro tempo e melhorou bastante na etapa final, o golpe de misericórdia veio com o gol de Felipe Augusto aos 51 minutos em um contra-ataque mortal. Um desfecho cruel de jogo para os azulinos, um choque de realidade para a torcida.

Nem se pode afirmar que o 2 a 1 que favoreceu o Operário foi um placar justo. No primeiro tempo, a equipe paranaense foi largamente superior. Distribuiu-se melhor em campo, trocou passes com objetividade, cercou a área e explorou os espaços concedidos pelo Remo.

Chegou ao gol num lance que evidenciou as fraquezas defensivas do Leão. O atacante foi à linha de fundo após passar pelos dois laterais direitos escalados pelo técnico Ricardo Catalá. Aliás, a presepada de usar uma dobra nas laterais vem sendo repetida exaustivamente depois que deu certo uma única vez, contra o Pouso Alegre.

Com os dois Lucas pela direita, Catalá montou o Remo com três homens no meio – Claudinei, Pablo Roberto e Marcelo. Muriqui e Fabinho na frente. A performance foi pífia. Nem o lado direito funcionou, nem o ataque teve força suficiente para incomodar a zaga visitante.

O fato é que no Remo ninguém se entendia e, como não havia conexão, os jogadores preferiam ficar marcando com os olhos enquanto o Operário jogava completamente à vontade. Um primeiro tempo constrangedor, com o time sem vibrar e corresponder aos estímulos da torcida. O placar de 1 a 0 foi até pouco para a superioridade do Fantasma.

Na segunda etapa, o time foi bastante modificado. Entraram Rodriguinho na esquerda, com Evandro na lateral e Elton no ataque. Depois entraram Álvaro e Vítor Leque. A produção melhorou muito, principalmente pelas iniciativas de Evandro e Rodriguinho, muito superiores a Kevin e Marcelo.

Aliás, Marcelo é um caso à parte. Visivelmente fora do melhor condicionamento, é um meio-campista que não passa, não marca e não chuta. Tem sido uma completa nulidade. Qualquer substituto rende mais, e foi justamente o que ocorreu.

De um time amedrontado e lerdo nos primeiros 45 minutos, o Remo passou a pressionar em busca do gol. Só acertou dois chutes no gol, mas rondou muito a área, sempre com jogadas puxadas por Evandro e Rodriguinho. Num dos melhores momentos do time, a bola foi lançada para Muriqui livre na área, mas o atacante chutou fraco.

Por sinal, a noite foi uma das menos inspiradas de Muriqui. Caiu muito, não deu sequência às jogadas e tomou decisões erradas. Elton foi mais prático. Deu um cabeceio com perigo e, como autêntico centroavante, aproveitou o rebote para empatar a partida, aos 38 minutos.

O Remo era melhor, atacava mais e parecia perto da virada. Ficou na vontade. Claudinei, que deveria estar ajudando a marcar no meio, não apareceu para cobrir os zagueiros e Felipe Augusto entrou livre para matar o jogo nos instantes finais. Um duro castigo.

É importante observar que o destino do Remo na Série C estava traçado desde que Marcelo Cabo jogou pela janela os quatro primeiros jogos da competição. O que veio depois é mera consequência.

 

Desacertos explicam a caótica campanha azulina

Quando alguém questiona a ausência de jogadores de beirada, fato que levou Ricardo Catalá a utilizar dois laterais na direita ontem, é inadmissível que ninguém no clube informe a ele que há um jogador vindo da base (Ricardinho) capaz de impor velocidade e dribles no ataque.

No desespero, Vítor Leque foi lançado no segundo tempo. Como não jogava há meses, ele só aguenta atuar por 30 minutos. Na dúvida, o técnico opta por escalar jogadores indicados ou avalizados por ele.

Em contrapartida, Evandro, que vinha jogando desde o início do ano pelo Águia, só foi lembrado para entrar no 2º tempo – e fez o time finalmente avançar, disparando também o primeiro chute a gol do Remo.

Citei Ricardinho, mas Kanu também continua à espera de chances. É preciso observar que Catalá, com acertos e erros, não é o culpado pela situação. A responsabilidade maior pertence aos gestores do clube.

 

 

STJD acolhe argumentos e libera público para o Re-Pa

Quando o risco de perder dinheiro entra em cena todos se mexem. É assim na vida e no futebol. A punição imposta pelo STJD ao PSC, de dois jogos com portões fechados, foi excepcionalmente suspensa ontem e as bilheterias do Mangueirão irão funcionar, garantindo renda para todos os envolvidos. É óbvio que, além do esforço do departamento jurídico da Federação Paraense de Futebol, funcionou bem o jogo de bastidores, capaz de obter uma liberação que não havia sido concedida a ninguém até agora.

Pena que a esperada renda recorde no clássico, dada a importância do jogo para a definição de posições na Série C, provavelmente sofrerá abalos com o tropeço do Remo diante do Operário, no Baenão.

Desgostoso com a atual campanha e mordido com outras decepções recentes, dificilmente o Fenômeno Azul irá em massa ao estádio Jornalista Edgar Proença, na próxima segunda-feira à noite. Mas a torcida alviceleste, entusiasmada com a vitória fora de casa contra o líder Amazonas, tem todos os motivos para comparecer em peso.