Cintia Magno
Reação emocional natural e transitória, a ansiedade é caracterizada por um estado de alerta frente a situações que causem expectativa, medos, riscos, uma atitude de autopreservação. Quando essa reação se torna exacerbada, desproporcional ou crônica, porém, pode-se estar diante de um problema de saúde mental que afeta uma quantidade cada vez maior de pessoas. Um estudo divulgado em 2022 pela Organização Mundial de Saúde (OMS) aponta, por exemplo, que apenas no primeiro ano da pandemia de Covid-19, a prevalência global de ansiedade e depressão aumentou em 25% em todo o mundo.
A psicóloga clínica Márcia Yamada destaca que, segundo o Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM-5), os transtornos de ansiedade relacionam-se com emoções desproporcionais a determinadas situações ou ainda sem motivos aparentes, sensações que fogem ao controle e trazem prejuízos para atividades cotidianas e que devem ser sinais de alerta para que haja a procura de ajuda especializada.
“A ansiedade é caracterizada por um conjunto de sintomas (dois ou mais), persistentes, Inquietação ou sensação de estar com os nervos à flor da pele, fatigabilidade, dificuldade em concentrar-se ou sensações de ‘branco’ na mente, irritabilidade, tensão muscular, perturbação do sono (dificuldade em conciliar ou manter o sono, ou sono insatisfatório e inquieto)”, explica, ao apontar também a existência de sintomas somáticos, físicos, como: sudorese, náusea, diarreia, batimentos cardíacos acelerados, falta de ar, tonturas e tremores.
Transtorno de ansiedade é fator de afastamento das atividades
Ainda que seja comum que indivíduos com diagnóstico de ansiedade apresentem sintomas depressivos e vice-versa, a psicóloga Márcia Yamada explica que essa ocorrência não caracteriza uma evolução do transtorno. Assim como outras patologias que podem estar associadas ao estresse, também podem acompanhar o transtorno de ansiedade. Se não tratada adequadamente, o transtorno de ansiedade pode ocasionar prejuízos significativos à saúde. ]
“Os prejuízos relacionados ao transtorno de ansiedade são a incapacidade e sofrimento significativos, que são independentes dos transtornos comórbidos, sendo tido como uma das principais causas para afastamento de atividades laborais hoje em dia, além do aumento significativo de diagnósticos no período da pandemia e pós-pandemia de Covid-19”, considera Márcia Yamada, ao destacar a necessidade de acompanhamento do quadro por profissionais capacitados. “O tratamento indicado é a avaliação psiquiátrica e psicoterapia, podendo haver necessidade ou não medicamentos. O importante é perceber-se e não negar sintomas e dificuldades, buscando ajuda o mais rápido possível e recuperar a qualidade de vida”.
TRANSTORNOS DE ANSIEDADE
PREVALÊNCIA
De acordo com o último mapeamento global de transtornos mentais realizado pela Organização Mundial de Saúde (OMS), o Brasil possui a maior prevalência de transtornos de ansiedade do mundo, com aproximadamente 9,3% dos brasileiros sofrendo com ansiedade patológica. Atrás do Brasil ficam Paraguai (7,6%), Noruega (7,4%) e Nova Zelândia (7,3%).
ANSIEDADE
A ansiedade é uma emoção normal que representa um “sinal de alarme” ao perigo ou ameaça real ou imaginária, representando um fator evolutivo de proteção. No entanto, quando exacerbada e desproporcional, pode constituir um problema de saúde, passível de tratamento.
É caracterizada como um transtorno mental quando se torna uma emoção desagradável e incômoda, que surge sem um estímulo externo ameaçador definido ou proporcional para explicá-la. Nesses casos, intensidade, duração ou frequência são desproporcionais, causam sofrimento ao sujeito e estão associadas a prejuízo no desempenho social ou profissional.
SINTOMAS
Os transtornos da ansiedade têm sintomas muito mais intensos do que aquela ansiedade normal do dia a dia. Eles aparecem como:
- preocupações, tensões ou medos exagerados (a pessoa não consegue relaxar);
- sensação contínua de que um desastre ou algo muito ruim vai acontecer;
- preocupações exageradas com saúde, dinheiro, família ou trabalho;
- medo extremo de algum objeto ou situação em particular;
- medo exagerado de ser humilhado publicamente;
- falta de controle sobre os pensamentos, imagens ou atitudes, que se repetem independentemente da vontade;
- pavor depois de uma situação muito difícil.
Físicos
Entre os sintomas físicos, podem estar:
- tensão muscular;
- taquicardia ou palpitação;
- dor no peito;
- transpiração em excesso;
- dor de cabeça;
- tontura.
Fonte: Ministério da Saúde.