Bola

Gerson Nogueira: 'O novo desafio do Leão'

Foto: Samara Miranda/Remo
Foto: Samara Miranda/Remo

O Floresta-CE é o penúltimo colocado na Série C, com 10 pontos. Está seis posições atrás do Remo, mas a distância entre ambos é de apenas dois pontos, o que confirma o nivelamento por baixo da competição. É para tentar se distanciar do bloco inferior da classificação que o Leão joga hoje, em Fortaleza, sonhando com mais três pontos.

A frustração com o empate dentro de casa, na 10ª rodada, diante do Figueirense, já ficou para trás. Não há tempo a perder. O Remo precisa retomar a pegada vitoriosa para compensar o prejuízo sofrido em casa.

O time tem se comportado bem como visitante desde a chegada do técnico Ricardo Catalá. Foi esse aproveitamento positivo como visitante que permitiu sair da zona da morte e passar a frequentar o bloco intermediário.

A questão é que todos os times que ocupam a segunda página da classificação, a partir da 11ª posição, correm muitos riscos. Qualquer tropeço significa uma descida ao inferno. O Remo, que já esteve no limbo, luta para não mais retornar.

Para o confronto de hoje com o Floresta, existem três baixas no time titular. A principal delas é a ausência de Anderson Uchoa, volante que dá proteção aos zagueiros e inicia a transição ofensiva. Lesionado, ele será substituído pelo veterano Claudinei.

Outra baixa de peso é Pablo Roberto, que recebeu o terceiro cartão amarelo de forma infantil na partida do sábado passado. Para o seu lugar, o mais provável é que Catalá escale Marcelo, outro veterano contratado pelo Remo, que estreou (mal) contra o Figueirense. Na lateral direita, Lucas Mendes entra na vaga do suspenso Lucas Marques.

No ataque, uma outra mudança. Rafael Silva, outro que não disse a que veio na partida contra o Figueirense, será substituído por Fabinho, o antigo titular. Com Pedro Vitor correndo pelos lados, o centroavante é o jogador mais avançado no sistema 4-1-4-1 utilizado por Catalá.

Contra Aparecidense e Pouso Alegre, o Remo foi cirúrgico. Aproveitou com competência os erros defensivos dos adversários e foi objetivo nas finalizações. Justamente o que ficou faltando nos jogos em casa contra América-RN e Figueirense.

Para superar o Floresta, não bastará ser objetivo. O time precisa retomar a solidez defensiva e a agilidade para sair da defesa para o ataque. Tecnicamente, o Remo leva vantagem sobre o time cearense, mas até o leãozinho de pedra do Baenão sabe que na Série C a técnica tem menos importância que a intensidade e a transpiração

Bola na Torre

O programa tem apresentação de Guilherme Guerreiro e participações de Giuseppe Tommaso e deste escriba baionense. Vai ao ar às 22h30, na RBATV. Em debate, as séries C e D. A edição é de Lourdes Cezar.

Ideias do cerebral Pep constroem um futebol melhor

O recente título europeu conquistado pelo Manchester City lançou luzes sobre a brilhante trajetória de Pep Guardiola como uma espécie de renovador do futebol no continente, com potencial para influenciar os demais países. De jogador do Barcelona nos anos 90, influenciado pela filosofia de Johan Cruyff, ele ascendeu como um formulador de ideias aplicadas com inegável sucesso ao futebol.

Na célebre entrevista concedida a Noel Gallagher em 2016, dias antes de iniciar trabalho no City, Pep afirmou que se daria satisfeito com sua experiência inglesa se os jogadores assimilassem os conceitos que defende. Posse de bola, movimentação constante, aproximação entre os setores.

O ex-guitarrista do Oasis, torcedor fanático do City, pareceu duvidar das palavras do espanhol, mas encerrou a conversa demonstrando otimismo em relação ao futuro de Pep no futebol inglês. Estava certo. Para quem havia planejado ficar somente três temporadas no City, o êxito do trabalho fez com que completasse seis anos no comando.

A conquista da Champions, com um futebol de alto nível e extremamente competitivo, pode determinar uma extensão da permanência de Pep em Manchester. Quem ganhou três taças sempre vai querer ganhar a quarta, e esta certamente é a próxima meta do irrequieto treinador de 52 anos.

A principal qualidade de Pep como meio-campista era o esmero no passe. Eficiente nas batalhas da meia-cancha, ele se destacava pela habilidade com a bola nos pés. Só assim era possível para um volante ter espaço num time cheio de grandes cobras.

Como Cruyff, ele saiu dos gramados quase pronto para se tornar técnico. Começou pelo próprio Barcelona, onde impôs um modelo que permanece mais ou menos igual até hoje, de valorização radical da posse de bola. Alguns acham chato, mas ninguém questiona sua eficiência.

Em 14 anos como treinador, o catalão Pep acumula 35 títulos pelas equipes que dirigiu: Barcelona, Bayern de Munique e Manchester City. No Barça, conseguiu quatro títulos como atleta e técnico.

Depois que deixou o Barcelona, passou um ano sabático nos Estados Unidos e em seguida foi comandar o Bayern. Como todo sujeito perfeccionista, Pep só assumiu o time depois de passar meses estudando o idioma alemão, reconhecidamente um dos mais difíceis de aprender.

Ficou três anos na Alemanha, tempo suficiente para encantar os exigentes fãs do Bayern. O City fez com que realizasse o sonho de mais um título, após os dois que ganhou pelo Barcelona. Além disso, deu a ele o prazer de construir um time campeão tijolo por tijolo.

As ambições no futebol costumam se renovar logo após a conquista de uma taça. É possível que esse apetite por taças não cesse nunca, como Pep admitiu a Noel meio a sério, meio brincando.