Paulo Saldaña
FOLHAPRESS
A próxima edição do Enem (Exame Nacional do Ensino Médio), que ocorre em 5 e 12 de novembro de 2023, recebeu 3.933.970 inscrições. O número marca a interrupção de uma curva de queda nos registros para fazer as provas, principal porta de entrada para o ensino superior no país.
As inscrições para o Enem 2023 superam em 13,1% o número de 2022. Sob o governo Jair Bolsonaro (PL), o Enem sofreu processo de desidratação de procura e, no ano passado, o volume de inscritos foi o menor em 17 anos. Os dados foram divulgados ontem (29) pelo Inep (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais). O órgão do MEC (Ministério da Educação) é responsável pela prova.
Do total de inscritos, 63% conseguiram isenção da taxa de inscrição -têm direito à gratuidade egressos de escolas públicas e pessoas com baixa renda. Quase metade (48,2%) dos inscritos para o próximo Enem já terminaram o ensino médio, enquanto outros 35,6% concluem este ano. O restante, 15,8%, ainda estão no 1º ou 2º anos e vão fazer a prova como treino.
Com a nota da prova, os participantes podem participar do Sisu (Sistema de Seleção Unificada), que agrega vagas de instituições públicas, sobretudo federais, que adotam o exame como vestibular. O sistema permite concorrer a vagas em todo país.
No primeiro semestre de 2021, o Sisu reuniu 221 mil vagas e 125 instituições.
A nota ainda é critério para o Prouni (Programa Universidades para Todos), Fies (Financiamento Estudantil) e também para algumas instituições privadas. Os resultados individuais também podem ser aproveitados em processos seletivos de instituições portuguesas que possuem convênio com o Inep.
O estado com maior interesse no exame é São Paulo, com 580.759 inscrições. Na sequência, aparecem Minas Gerais (358.599) e Bahia (324.272).
Sob Bolsonaro, o Enem esteve no centro de disputas ideológicas e também houve problemas de organização. O MEC tentou interferir no conteúdo da prova com a criação de uma espécie de tribunal ideológico para censurar determinados temas.
O governo recuou, entretanto, da ideia de ter uma comissão permanente sobre o assunto após reportagem da Folha revelar o plano. Questões sobre ditadura militar (1964-1985), por exemplo, não caem na prova desde 2019 -o que nunca tinha ocorrido até então. No ano passado, o presidente chegou a pedir ao então ministro da Educação Milton Ribeiro que o exame não falasse em golpe de 1964, mas em revolução, visão rechaçada por historiadores.
Saiba mais
Confira os números de inscritos por estado
São Paulo 590.759
Minas Gerais 358.599
Bahia 324.272
Rio de Janeiro 282.300
Ceará 242.964
Pará 229.179
Pernambuco 218.857
Rio Grande do Sul 192.717
Paraná 166.505
Maranhão 165.771
Goiás 149.115
Paraíba 124.135
Rio Grande do Norte 100.702
Piauí 99.655
Amazonas 92.930
Santa Catarina 91.241
Alagoas 82.775
Sergipe 75.388
Espírito Santo 73.739
Distrito Federal 73.007
Mato Grosso 63.925
Mato Grosso do Sul 47.457
Rondônia 36.046
Tocantins 32.616
Amapá 28.815
Acre 24.278
Roraima 9.640