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Medicina do Estilo de Vida - conheça a especialidade

Maioria dos infectados tem sintomas básicos, mas alguns podem desenvolver manifestações mais graves que indicam necessidade de atendimento médico
. Foto: Freepik
Maioria dos infectados tem sintomas básicos, mas alguns podem desenvolver manifestações mais graves que indicam necessidade de atendimento médico . Foto: Freepik

Cintia Magno

Prática clínica baseada em evidências científicas de intervenção de mudança de estilo de vida, a Medicina de Estilo de Vida (MEV) apresenta uma forma diferente de encarar os cuidados com a saúde. Centrada no paciente, a prática tem como objetivo possibilitar que o próprio paciente alcance a condição de adotar mudanças que levem progressivamente a comportamentos saudáveis em saúde.

A médica especialista em cirurgia geral e diretora do Colégio Brasileiro de Medicina do Estilo de Vida – Pará, Camila Dias Moretti, explica que a Medicina do Estilo de Vida é uma prática que visa prevenir, tratar ou reverter a progressão de doenças crônicas não transmissíveis, entre elas a obesidade, a hipertensão, o diabetes, câncer e doenças pulmonares.

Nesse sentido, o objetivo da prática clínica é empoderar as pessoas, com conhecimentos, habilidades e ferramentas para que elas próprias possam fazer mudanças efetivas e que impactem nessas doenças. “A MEV acaba tendo o objetivo de alcançar comportamentos saudáveis em saúde. A gente faz isso através de técnicas de comportamento que promovam a autoeficácia, a autodeterminação, autorresponsabilidade e autocuidado em saúde”.

PILARES

A médica explica que a MEV atua baseada em seis pilares básicos: a nutrição, atividade física, gestão do estresse, sono restaurador, conexão social, evitar uso de substâncias tóxicas como álcool e outras drogas.  “A gente trabalha com pilares de estilo de vida que são pilares que precisam ser alcançados, como o pilar da alimentação saudável, rica em frutas e verduras, diminuição de proteína animal, pouco ultraprocessado; o pilar do movimento, em que nós incentivamos a prática da atividade física, mas também todo o portfólio de movimento, como caminhadas, número de passos, quebrando o tempo sentado”, enumera.

“Temos também o pilar do sono de qualidade, então, dormir bem, ter um sono restaurador, onde trabalhamos muito com a higiene do sono como uma medida de melhorar esse sono de qualidade. Tem o pilar em que se deve evitar tóxicos como tabaco e álcool; o pilar dos relacionamentos saudáveis porque a gente trabalha muito com a conexão e um grande pilar da MEV que é o gerenciamento do estresse”.

Pilares de estilo de vida – Como evitar doenças crônicas 

Quando o paciente é avaliado sob a ótica da Medicina do Estilo de Vida (MEV), todos os pilares precisam ser considerados e, para isso, a médica Camila Dias Moretti aponta que existem ferramentas de avaliação para cada um desses pilares.

“A partir daí a gente consegue visualizar e identificar quais são os pilares que precisam ser tratados e que têm maior impacto na saúde, então, a gente vai construindo com o paciente um portfólio de mudança de comportamento, colocando para o paciente várias maneiras que ele tem para atuar em cada um desses pilares”, aponta Camila. “Esses pilares todos, juntos, e se tiver um equilíbrio deles a gente consegue evitar 80% das doenças crônicas não transmissíveis. Então, com isso, a gente melhora os resultados de saúde e também os resultados para o paciente e para a comunidade”.

Apesar da medicina do estilo de vida ter sido vista, historicamente, como uma medida preventiva, a especialista aponta que hoje se sabe que, dependendo da intensidade adotada, maiores são as chances de também tratar doenças crônicas. “Quanto mais mudanças eu faço no estilo de vida, mais eu tenho possibilidade de controlar e reverter doenças crônicas como obesidade, hipertensão, diabetes. E isso faz com que a gente tenha tanta beleza na MEV. Ela traz para a gente uma nova vivência”, relaciona.

“Desde muito tempo a gente sabe que o tabaco, por exemplo, está relacionado ao câncer de pulmão, mas, hoje, a gente consegue ter técnicas de mudança de comportamento, técnicas para melhorar a determinação desse paciente, técnicas para responsabilidade, técnicas para o autocuidado para que esses pacientes, realmente, consigam se manter dentro daquele hábito sustentável, daquele estilo de vida sustentável”. Nesse sentido, a prática pode ser adotada por variadas especialidades médicas.

Especialidade estimula mudança de hábitos 

Ao considerar o estilo de vida de um indivíduo como um ator promotor ou que leve ao desenvolvimento de doenças, a Medicina de Estilo de Vida (MEV) busca mostrar ao indivíduo como é possível mudar hábitos. “É uma ferramenta de fazer acontecer a mudança para alcançar comportamentos saudáveis. Então, serve para todos os especialistas médicos e também para toda a equipe multiprofissional de saúde, seja nutricionistas, psicólogos, preparadores físicos, e também serve não só para as especialidades, mas para a atenção primária”, considera Dra Camila Moretti, médica especialista em MEV.

“Ela pode ser aplicada dentro do consultório, pode ser aplicada em sistemas de prevenção públicos, ela é muito flexível porque é baseada no cuidado centrado na pessoa, então, a gente vai alinhar o nosso cuidado e as estratégias e pilares de acordo com cada pessoa, com os seus determinantes sociais, com as suas crenças, com a sua individualidade biológica, com o seu estilo de vida atual e com a sua percepção de saúde para a gente poder construir o cuidado”.

Uma grande diferença apresentada pela MEV e apontada pela médica é que o profissional de saúde não prescreve cuidados, dizendo o que é bom para o paciente, mas sim coloca o paciente, como maior especialista da vida dele, em uma posição em que ele diga como incluir mais hábitos saudáveis na sua vida de uma maneira mais progressiva, sem grandes metas, mas que se consiga mantê-los por mais tempo. “É um processo de construção”.