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Aposta em Pia Sundhage vai além dos resultados com a seleção brasileira

A técnica tem contrato por mais um ano. O acordo termina após os Jogos Olímpicos de Paris, em julho de 2024. Foto: Thais Magalhães/CBF
A técnica tem contrato por mais um ano. O acordo termina após os Jogos Olímpicos de Paris, em julho de 2024. Foto: Thais Magalhães/CBF

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – A chegada da sueca Pia Sundhage, 63, para dirigir a seleção brasileira feminina em 2019 foi uma aposta que ia além do futebol. O propósito da da CBF (Confederação Brasileira de Futebol) agora é mantê-la no cargo, pouco importando o resultado da Copa do Mundo, que começa no próximo mês, na Austrália e na Nova Zelândia.

“Existe um potencial inexplorado do futebol feminino. Vamos ter cada vez mais programas para incluir mulheres no esporte”, disse o presidente da entidade, Ednaldo Rodrigues.

A ordem foi dar toda a estrutura pedida por Pia na preparação da equipe para a competição. Em menor proporção (porque as demandas são menores), foi a mesma determinação dada pelo cartola para a seleção de Tite antes da Copa do Mundo masculina no Qatar, em 2022.

O Brasil está no Grupo F e estreia no próximo dia 23, contra o Panamá. França e Jamaica também estão na chave.

O Brasil está no Grupo F e estreia no próximo dia 23, contra o Panamá. França e Jamaica também estão na chave. Foto: Thais Magalhães/CBF

A técnica tem contrato por mais um ano. O acordo termina após os Jogos Olímpicos de Paris, em julho de 2024. A CBF vê o trabalho da sueca como parte de um processo. A ideia é vencer, mas há também o componente de fazer a modalidade evoluir no país.

Nesta terça-feira (27), ela divulga a lista das 23 convocadas para a Copa, competição jamais vencida pela seleção brasileira.

O Mundial feminino começou a ser disputado em 1991. A melhor campanha verde-amarela foi em 2007, quando acabou derrotada pela Alemanha na final, por 2 a 0.

Em 2019, sob comando de Oswaldo Alvarez, o Vadão, o Brasil caiu nas oitavas de final diante da anfitriã França. Mas a repercussão da participação brasileira e do torneio no país agradou às pessoas envolvidas no futebol feminino. Trata-se de criar uma cultura, acreditam.

“Como seria possível ter essa cultura em um país que proibiu por 40 anos as mulheres de jogar futebol? O mundo se desenvolveu, e o Brasil foi tirado desse processo”, define Aline Pellegrino, ex-zagueira da seleção e atual coordenadora das séries C e D do Campeonato Brasileiro masculino.

Nas Olimpíadas, Pia Sundhage dirigiu a seleção em Tóquio, em 2021. O time brasileiro foi eliminado pelo Canadá, nos pênaltis, nas oitavas de final. O único título conquistado por ela com a seleção até o momento foi a Copa América de 2022.

O papel da treinadora é visto também como importante na parte comportamental das atletas. Técnicos que passaram pela equipe no passado, como Vadão, sofreram com problemas de disciplina e de relacionamento entre as jogadoras. Com o moral de quem tem duas medalhas de ouro (2008 e 2012, com os Estados Unidos) e uma prata (2016, com a Suécia) em Jogos Olímpicos, ela chegou ao país para ajudar a mudar essa situação.

Após a derrota para a França na Copa de 2019, Marta deu entrevista pedindo maior comprometimento das mais jovens. A declaração não pegou bem em parte do elenco, mas foi esquecida porque se trata da maior craque da história do país e uma das maiores da história do esporte, seis vezes eleita a melhor do mundo.

Antes disso, em 2017, um grupo de atletas escreveu carta para a CBF criticando a entidade e pedindo igualdade de gênero no futebol.

Desde que chegou à seleção, Pia teve de navegar também pelas denúncias de assédio sexual contra Rogério Caboclo, o presidente da CBF que a contratou. Ele foi afastado do comando da confederação por causa disso, o que trouxe alívio para a técnica, que afirmou estar incomodada com a situação.

Uma das missões da sueca, confessada por ela e confirmada por cartolas, é ajudar a melhorar a visibilidade do futebol feminino e também os resultados. Falta a segunda parte. Jogos do Campeonato Brasileiro têm sido transmitidos por emissoras de TV aberta e fechada. A Rede Globo vai exibir as partidas do Mundial.

Em excursão pela Europa em abril, o Brasil empatou a Finalíssima, em Wembley, contra a Inglaterra, campeã europeia. Perdeu nos pênaltis. Dias depois, bateu por 2 a 1 a Alemanha, em amistoso em Nuremberg.