Pará

A Inteligência Artificial já está integrada ao nosso dia a dia; entenda

A implantação das infovias será baseada em uma infraestrutura de telecomunicações que vai interligar diversas cidades do Norte. Foto: Pixabay
A implantação das infovias será baseada em uma infraestrutura de telecomunicações que vai interligar diversas cidades do Norte. Foto: Pixabay

Carol Menezes

Ferramenta que tem gerado muito debate sobre suas perspectivas de uso nas mais diversas situações, a Inteligência Artificial (IA) não é novidade e seus conceitos estão em circulação já tem algum tempo. No nosso dia a dia, a IA vem conquistando grande espaço, e isso nos mais diversos campos.

Celulares com sistemas de fotografia aprimorados por IA, assistentes de voz (ex. Siri Cortana, Alexa), sistemas de reconhecimento facial e organizadores de conteúdo em redes sociais são apenas alguns exemplos da aplicação de sistemas baseados em IA no cotidiano.

“De certo modo, podemos afirmar que já vivemos em uma realidade onde a IA exerce um papel decisivo no funcionamento da sociedade”, afirma Daniel Leal Souza, professor da Universidade da Amazônia (Unama) e do Centro Universitário do Pará, além de pesquisador do tema.

O docente relaciona as proporções inéditas do interesse do grande público pela IA à popularização dos chamados chatbots (ou assistentes virtuais), como o ChatGPT e Bard. Esses sistemas já vêm sendo desenvolvidos há alguns anos, mas somente agora se tornou possível aplicá-los com alto nível de qualidade e em larga escala, explica Daniel.

“Ainda é cedo para estimar o alcance total dessas novas tecnologias, entretanto, é seguro dizer que se trata de um enorme salto tecnológico, com impactos significativos nas relações humanas e na produtividade”, detalha.

REGULAÇÃO

Assim como ocorreu quando tantas outras tecnologias surgiram, também a Inteligência Artificial trouxe a questões sobre limites, possibilidades e riscos inerentes ao uso indevido. No caso específico da IA, existe hoje uma vibrante discussão sobre seu impacto em vários setores da sociedade – educação, produtividade, coleta de dados, etc.

“Creio que ainda estamos no começo dessa revolução tecnológica. Em relação a regulamentação, trata-se de uma questão complexa. De antemão, creio que devemos trabalhar na conscientização a respeito do mal uso dessas ferramentas, mais especificamente, acerca de práticas criminosas e lesivas, e que qualquer regulamentação proposta deve ser submetida a um forte e prolongado debate com os mais diversos setores da sociedade”, avalia Daniel, admitindo que em algum momento, mas não agora, a discussão sobre uma legislação acerca do assunto será inevitável.

Se a internet veio para ficar e mudou completamente a forma como as pessoas se relacionam com o mundo, Daniel aposta na IA como a mais impactante revolução na computação desde a internet nos anos 90. “Olhando para o futuro, as aplicações da IA são enormes, e mal começamos a vislumbrar as melhores possibilidades. Trata-se de uma mudança que irá afetar profundamente as nossas vidas”, antecipa.

A curto e médio prazo, o professor acredita no destaque do uso da Inteligência Artificial na área da saúde, especialmente no campo do diagnóstico de doenças por meio de imagens médicas. A IA poderá ainda contribuir decisivamente no planejamento e organização de cidades inteligentes, viabilizando uma série de soluções inéditas, como carros autônomos e controle de tráfego otimizado. “Isso nos dará uma gama de possibilidades práticas sem precedentes, com impacto direto no transporte e no meio ambiente”, analisa.

Daniel Leal diz que a IA já determina funcionamento da sociedade. Foto: Reprodução

Em relação a soluções de longo prazo, a tendência deverá ser o aumento cada vez mais acentuado no nível de automação nos mais diversos campos de atividade, com sistemas baseados em IA atuando diretamente na cadeia de produção dos mais diversos setores, desde o trabalho de escritório, até os grandes parques industriais.

Porém, como todo lado bom também tem seu lado ruim, não é difícil visualizar possibilidades negativas do uso da Inteligência Artificial, a exemplo da problemática envolvendo as “fake news”, que acabou por vilanizar redes sociais, aplicativos de mensagens e outras tecnologias consideradas de extrema utilidade.

“No caso das “fake news’, diversas ferramentas baseadas em IA podem ser aplicadas na produção (ex. Deep Fake) ou divulgação de noticias falsas (ex. contas falsas controladas por bots). Creio que a melhor forma de combater o uso indevido de qualquer tecnologia passa pela conscientização do problema, bem como uma discussão ampla e séria sobre os desafios e possibilidades trazidas pela inovação. Com a Inteligência Artificial, não deve ser diferente”, finaliza o pesquisador.