Grande Belém

Curso garante qualidade do açaí vendido em Belém

Estudo de pesquisadores brasileiros mostra que, nos próximos 30 anos, áreas climaticamente adequadas ao extrativismo na região amazônica devem reduzir até 91%, afetando o processo de produção da bioeconomia local
Paraenses apreciadores questionam guia de internet que colocou o fruto em 9º lugar entre as melhores frutas do mundo. Para quem toma quase diariamente, ou trabalha com o produto, era para estar no topo da lista Foto: Irene Almeida/Diário do Pará.

O açaí é um deleite que faz parte da vida do paraense, mas o caminho para que ele chegue fresquinho e com qualidade às nossas mesas é longo. Esse processo, que vai da colheita ao consumo, foi tema de curso sobre a manipulação do fruto, que o Departamento de Vigilância Sanitária (Devisa) de Belém retoma como parte da política de saúde e segurança alimentar do município.

A primeira turma foi formada na última terça-feira, 30. Cerca de 20 pessoas, entre manipuladores e comerciantes, participaram da capacitação, que passa a ser ministrada, uma vez por semana, na sede da Coordenação Municipal das Políticas de Segurança Alimentar e Nutricional (Copsan).

As técnicas necessárias para garantir a boa procedência do fruto foram repassadas no curso teórico e prático. Ao final, todos receberam a carteira de manipulador.

Procedência

“Trabalhamos com a Copsan para que esse produto, tão presente na nossa alimentação, seja ofertado com muita segurança. Essa atividade envolve palestra e laboratório e é regida pela legislação sanitária. Nas fiscalizações que fazemos diariamente em feiras e pontos de venda de açaí, constatamos que muitos estabelecimentos ainda precisam se adequar para garantir a venda correta ao consumidor”, observou a diretora do Devisa, Valdirene Miranda.

O Devisa tem cerca de cinco mil manipuladores de açaí cadastrados. Todos deverão receber a qualificação. “Repassamos as técnicas para que a manipulação seja feita de forma correta. Além de evitar males como a doença de Chagas, o manuseio dentro do rigor sanitário potencializa as propriedades do fruto. Isso é importante para garantir a venda segura ao consumidor”, asseverou a médica veterinária Débora Barros, coordenadora interina da Casa do Açaí, setor integrante da Divisão de Alimentos do Devisa.

Conhecimento

Para Thiago Ferreira, de 22 anos, que trabalha como manipulador de açaí, o curso foi muito proveitoso. “Aprendi muita coisa aqui. A cor do fruto, o tempo da batida, os processos de higiene. São detalhes bem específicos que fazem toda a diferença no final”, afirmou. “Temos muita responsabilidade ao repassar esse produto para o consumidor”, continuou.

Há 26 anos esse cuidado faz parte da rotina de Leoclides Andrade, de 66. Dono de um ponto de venda na Feira da 25, em São Brás, ele reconhece a importância de se reciclar.

“Esse momento, para mim, é uma troca de saberes. O objetivo é o mesmo: levar ao consumidor o produto da melhor qualidade, com segurança e procedência”, afiançou. Ao final do curso, a coordenadora da Copsan, Meirilene Costa, apresentou o projeto do pão de açaí, que usa como insumo principal o caroço beneficiado.

“Trazemos com muita satisfação essa novidade a vocês. Sabemos que esse resíduo, em geral, é descartado de qualquer jeito. Essa é uma solução que garante sustentabilidade e fecha o ciclo na cadeia produtiva”, explicou. A panificação é feita na própria Copsan, com capacidade inicial de três mil pães por dia.