Pará

COP 30 enche belenenses de expectativa quanto a melhorias

Capital paraense vai sediar o mais importante evento internacional sobre mudanças climáticas e isso trará muitos investimentos. Foto-Wagner Santana/Diário do Pará.
Capital paraense vai sediar o mais importante evento internacional sobre mudanças climáticas e isso trará muitos investimentos. Foto-Wagner Santana/Diário do Pará.

Ana Laura Costa

Em novembro de 2025, a capital paraense vai sediar a 30ª Conferência das Partes da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (COP 30). Pela primeira vez, o mais importante evento internacional que visa debater ações sobre o clima global será realizado no Brasil, em um estado da região Amazônica. A informação foi anunciada na última sexta-feira (26), após confirmação da ONU, pelo Governo Federal. Estiveram presentes no anúncio o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o governador Helder Barbalho e o ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira.

A confirmação do Brasil como sede da conferência climática veio após o então presidente eleito Lula defender, em novembro do ano passado, durante a COP 27, no Egito, que o evento fosse realizado em Belém para aproximar o mundo da Amazônia brasileira. Em vídeo publicado no Twitter na sexta-feira, Lula destaca que os visitantes vão ficar maravilhados com as belezas naturais da região. A proposta inicial de trazer a COP para Belém foi do governador Helder Barbalho, que também participou da COP 27, no Egito.

EXPECTATIVA

Nas últimas semanas, em reuniões que envolveram representantes da Prefeitura de Belém, do Governo do Pará e do Ministério das Cidades, foram apresentadas diversas propostas de requalificação da capital paraense, com mudanças que vão impactar a vida e a rotina dos 1,5 milhão de habitantes da cidade.

Os projetos incluem a reurbanização de diversas áreas, requalificação de vias, mudanças no transporte público, construção e adaptação de novas áreas de convivência, lazer e turismo e profundas intervenções em pontos da cidade que deverão receber uma maior movimentação de turistas e integrantes do evento internacional, como a região da Avenida Visconde de Souza Franco. E o que a população espera? Para alguns, esse é o momento perfeito para fazer mudanças que, além de possibilitarem uma melhor experiência na cidade para os turistas, também devolverão a cidade aos seus moradores.

Por trabalhar no centro comercial de Belém, o vendedor Tomé Rodrigues, 62, pontua que o centro histórico precisa de um olhar sensível e cuidadoso. “É um centro histórico que a gente não consegue contemplar os casarões, nada. Isso precisa ser arrumado”, destaca Tomé. Mas as ponderações não param por aí. “Eu sou usuário do transporte público, sei o que é pegar todo dia ônibus, passar por todo o sufoco, e essa é uma das coisas que precisam mudar até 2025. Além disso, é preciso ajustar as calçadas, precisamos de mais rampas, de acessibilidade, a cidade precisa ser vivida por todos nós”, opina.

Enquanto aguardava o ônibus em uma parada situada no Boulevard Castilho França, próximo ao Mercado do Ver-o-Peso, Edmilson Ribeiro, de 44 anos, disse que climatizar o transporte público de Belém é prioridade.

“Os ônibus de Belém com certeza precisam passar por uma renovação. A frota precisa aumentar, já são poucos para atender a população, então isso precisa mudar dentro desses dois anos”, destaca.

De Cachoeira do Arari, no arquipélago do Marajó, o jovem pescador Mariano Costa, de 22 anos, relata que toda semana chega a Belém para entregar peixe ao comprador. Numa dessas vezes, experimentou andar de ônibus pela capital. “Os ônibus demoram muito, as viagens são longas mesmo dentro de um curto perímetro, uma experiência difícil mesmo”, relatou.

TURISMO

A desigualdade social tem muitos reflexos e, um deles, são os altos números de pessoas vivendo em situação de rua no centro da capital. Quem vive o dia a dia do Ver-o-Peso, sabe bem disso e conta de cor o que precisa ser resolvido até 2025. “Os turistas muitas vezes param aqui para comer algo e ficam assustados porque chegam muitos pedintes, isso afasta os clientes. Com certeza é um problema social que precisa de solução”, pontua a vendedora de salgados, Samara Silva, de 18 anos.

Mas enquanto Samara reclama dos pedintes, sua colega de trabalho, Elizete Nogueira, 41, afirma que uma reforma no complexo da feira seria de importância para todos. Ela acredita que com a COP 30 e com tudo em seu devido lugar, o turismo tende a crescer. “Todo mundo sai ganhando com isso, com os olhares todos voltados para cá, com essas melhorias e reformas, quem sai ganhando somos nós e as pessoas que nos visitam”.

Quem também espera que o evento e as mudanças na cidade que virão com ele retornem positivamente para os moradores é o agente de segurança privada, Adalberto Andrade, 54.

“Acredito que a COP 30, junto com as mudanças que precisam ser feitas, vão gerar muito emprego e renda, aquecendo a economia do Estado. Tudo isso só vai gerar mais visibilidade para a nossa região. Mas, claro, é preciso investir em segurança pública, infraestrutura e qualificação dos profissionais que vão atender a todos que estarão de visita à cidade”, finaliza.