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Gerson Nogueira: 'A vitória da competência'

O atual campeão paraense lidera seu grupo na Série D. Foto-Wagner Santana/Diário do Pará.
O atual campeão paraense lidera seu grupo na Série D. Foto-Wagner Santana/Diário do Pará.

Em pleno estádio do Baenão, diante de 14 mil torcedores remistas, o Águia conquistou na sexta-feira à noite, merecidamente, o título de campeão paraense. É apenas o terceiro time do interior a alcançar essa façanha dentro de um Estado dominado pela dupla Re-Pa. Antes, Independente Tucuruí e Cametá levantaram a taça estadual.

O feito do Águia é, acima de tudo, o triunfo da competência gerencial, a partir de uma criteriosa escolha de jogadores e do cumprimento à risca do orçamento disponível. Essa responsabilidade da gestão se refletiu na campanha consistente no Campeonato Paraense.

A caminhada, conduzida por um jovem técnico (Mathaus Sodré), mostrou-se consistente a partir da fase de classificação. Vitórias dentro e fora de Marabá evidenciaram a qualidade do time, estruturado com jogadores de outros centros, mas sem concessão à gastança desenfreada.

Pode-se definir esse surpreendente Águia pelos pilares que fizeram a equipe se tornar a mais competitiva do Parazão. A defesa segura, tendo como referências o goleiro Axel Lopes, os zagueiros Betão e David Souza e o ala Evandro. O meio-de-campo combativo, formado por jovens valores, como Castro e Danilo Cirqueira. E o ataque eficiente, com Alan Maia, Wander, Luan Santos e Luan Parede.

Foi este Águia que encarou o Remo dentro do Baenão para defender a vantagem de 1 a 0, estabelecida no primeiro jogo, em Marabá. Com 16 minutos de partida, a vantagem aumentou: Betão acertou uma bicicleta espetacular, abrindo o placar e calando a torcida azulina.

O Remo se debatia com imensas dificuldades criativas e problemas de insegurança por parte de vários jogadores. Apesar de ter o domínio da bola, não conseguia ser agudo, permitindo sempre ao ataque se recompor.

O empate só veio no final do primeiro tempo, em avanço de Pedro Vítor dentro da área. Levou vantagem sobre a marcação e disparou um chute forte, junto ao travessão, para restituir ao Remo as esperanças no título.

Veio a segunda etapa e o Águia seguiu altivo e tranquilo, evitando se arriscar, mas marcando com eficiência. O Remo fez trocas no meio e nos lados. O interino Fábio Cortez inventou de imitar o ex-técnico Marcelo Cabo, dobrando as laterais, com Lucas Mendes e Ronald.

Não deu muito certo, o Remo continuava confuso. Para piorar, teve Uchoa expulso. Logo depois, porém, já com Rodriguinho em campo, nasceu o segundo gol. O meia cobrou falta em direção ao gol, Axel rebateu e o zagueiro Rodrigão marcou o gol contra, pressionado por Diego Ivo.

Apesar da virada, o Remo continuava intranquilo e desconjuntado, com poucas alternativas de chegar ao gol. Fabinho reforçou o jogo dentro da área, mas teve apenas uma boa chance, neutralizada por Axel.

Na série de tiros livres da marca do pênalti, Axel brilhou ao defender o chute de Lucas Mendes e garantir o triunfo do Águia, pois todos os demais batedores acertaram as cobranças. Uma vitória com tintas dramáticas e brilho heroico. Ninguém mereceu mais o título do que o Azulão marabaense.

 

Erros do Remo explodiram no pior momento

Depois do jogo, o interino Fábio Cortez concedeu entrevista e descascou um rosário de argumentos confusos e sem qualquer sentido lógico. Elogiou a garra dos jogadores azulinos, dizendo-se orgulhoso com a atuação da equipe. Declaração infeliz para quem acabava de perder o campeonato.

É bom dizer que o Remo fez uma campanha avassaladora nas primeiras fases da competição. Disparou na frente, impôs uma sequência de vitórias e parecia ser o virtual campeão quando começaram as disputas eliminatórias. Ficou ainda mais favorito quando o PSC foi eliminado pelo Águia.

Óbvio que esqueceram de combinar com o Azulão, que desde o início da disputa demonstrava não estar para brincadeiras. Foi assim que foi comendo pelas beiradas e desbancou os dois maiorais da capital.

Cortez, que pegou o bonde andando, escalado para dirigir o time após a saída de Marcelo Cabo, fez as dobras de laterais que Cabo tanto apreciava e, obviamente, errou feio. A falha mais grave foi a opção inicial por Soares, que não acertou um passe durante o tempo em que esteve em campo.

Outro equívoco foi manter Pablo Roberto, fora do ritmo que a partida exigia. Foi um a menos, situação que se agravou quando Uchoa foi expulso. A questão é que Cortez não deveria ter dirigido o time, justamente por ser um fiel seguidor das ideias de Cabo. Agnaldo era uma opção óbvia para um confronto que teria a emoção como fator importante.

 

Bola na Torre

Guilherme Guerreiro comanda o programa, às 22h30, na RBATV. Na bancada de debatedores, Giuseppe Tommaso e este escriba de Baião. Em pauta, a decisão do Parazão e os campeonatos das Séries C e D. A edição é de Lourdes Cezar.

 

Contra o Voltaço, Papão busca sequência de vitórias

Depois de derrotar o Manaus, pela Série C, e o Cametá, na disputa do 3º lugar do Parazão, o técnico Marquinhos Santos finalmente saiu do jejum de vitórias. O time voltou a funcionar no setor ofensivo, apesar das muitas limitações. A nova fase será testada hoje contra o Volta Redonda, no Rio.

Um confronto difícil, como todos os que envolvem os visitantes na Série C. Livre das obrigações no Parazão, Marquinhos tem a oportunidade de formatar um time ao seu gosto. Terá que superar a ausência do principal atacante da equipe – Mário Sérgio está suspenso.

Dalberto, que fez gol contra o Cametá, mostra desenvoltura e disposição para brigar pela vaga no ataque, por isso deve ser o centroavante.