Pryscila Soares
A redução no preço dos combustíveis pode minimizar os impactos que a despesa gera ao longo do mês para o consumidor. Contudo, algumas práticas ajudam os condutores a manterem uma média de consumo de combustíveis adequada, garantindo uma economia ainda maior. Os motoristas devem atentar sobretudo para a manutenção periódica do veículo e a forma como dirigem.
Mestre em engenharia mecânica e professor de mecânica automotiva do Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai), Francisco David Silva explica que é importante manter alguns itens do veículo em pleno funcionamento para manter um consumo satisfatório do combustível. Dentre eles está, por exemplo, o alinhamento e a calibragem das rodas.
“A dificuldade de giro das rodas pode implicar na elevação do consumo. Quando estão desalinhadas, as rodas apresentam mais dificuldade para girar e o motor faz mais esforço. A calibragem também não pode estar abaixo do normal. Além disso, a manutenção do motor deve ser periódica. É preciso checar a vida útil de peças como a vela de ignição, cabos de vela, óleo do motor, qualidade do combustível, troca de filtro e a limpeza de bicos injetores. Podem influenciar no aumento do consumo”, pontua.
De acordo com o especialista, um dos maiores vilões que aumentam consideravelmente o consumo do combustível é o uso do ar-condicionado. Para Francisco David, se o consumidor realmente está disposto a economizar, ele precisa adotar uma forma de uso mais consciente do ar-condicionado.
“Tem que minimizar o uso do ar, optar pela ventilação natural com os vidros baixos. Isso vai reduzir o consumo de combustível. O ar-condicionado que usamos em casa funciona com motor elétrico. Já o do carro é acionado pelo motor do veículo, através de uma correia. Quando ligamos o ar é o motor que faz um esforço maior para girar e o motorista vai precisar pisar mais no pedal. Chega a aumentar de 10% a 20% o consumo do combustível”, informa.
SOBRECARGA
Outras práticas que elevam o consumo são o uso de equipamentos elétricos do veículo, que também sobrecarregam o motor, como o farol de neblina, farol de milha, som e outros. A forma como o motorista dirige também vai implicar nesse consumo. Fazer a troca de marchas no momento certo é essencial.
“Quando o carro está com a velocidade de 20km já tem de passar para a segunda; a 30km para a terceira e assim por diante. Quando você não faz a troca no tempo certo, isso eleva demasiadamente a rotação do motor aumentando o consumo. A troca tem que ser feita o mais rápido possível e o motorista precisa ter esse discernimento”, explica.
Outra dica do especialista é desligar o motor quando o veículo para em sinais de trânsito que funcionam com períodos mais prolongados. Existem veículos no mercado que já vêm com esse recurso.
Uma situação que costuma gerar bastante discussão é a opção entre abastecer com gasolina e etanol. “O valor do álcool precisaria estar em torno de 40% abaixo do valor da gasolina para compensar. Como não é uma realidade aqui, não é viável usar álcool em hipótese alguma. Vamos supor que o veículo circule 10km por litro de gasolina, se fosse com álcool ele rodaria 6km por litro de álcool”, pontua.
Por fim, o engenheiro lembra que existem situações em que é mais aconselhável dirigir com o ar-condicionado ligado. “As pessoas fazem viagens longas e abrem os vidros do carro para ‘economizar’ ar-condicionado, em alta velocidade. Esse procedimento não é aconselhável em velocidades acima de 90km porque a entrada do ar gera freio no carro, causando resistência ao deslocamento e o motor terá que acelerar mais devido a essa dificuldade. Consome mais combustível do que com o ar ligado”, enfatiza.