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Gerson Nogueira: 'Rumo ao precipício, sem freio'

Foto: Samara Miranda/Remo
Foto: Samara Miranda/Remo

Não foi nem pior, nem melhor do que nas últimas partidas. Quem acompanha a derrocada do Remo desde a boa passagem pela Copa do Brasil não se surpreendeu com o jogo enrolado, lento e previsível exibido ontem à noite, em Porto Alegre, contra o São José. Foi mais do mesmo.

O placar de 2 a 1 refletiu o que foi o jogo. O Remo teve chances, mas o São José foi mais eficiente. Quando o empate já parecia definitivo, nova cochilada defensiva permitiu a vitória gaúcha. Leonan vacilou na marcação e Ícaro dormiu dentro da pequena área. Tiago Santos chegou e marcou.

Como de hábito, a partida teve o Remo tocando sempre bolas para o lado, inutilmente. Um estilo manjado que todos os adversários conhecem e o São José deixou claro que sabia de cor. Por isso, avançou suas linhas para pressionar, coisa que todos os adversários do Remo fazem .

Além de explorar a vantagem de conhecer bem o carpete tenebroso do estádio Passos da Areia, o São José investiu nos cruzamentos, do princípio ao fim. Como se sabe, a zaga do Remo sempre cochila em lances desse tipo. No primeiro tempo, o gol saiu na primeira investida.

Em cruzamento da esquerda, aproveitando a avenida Lucas Mendes, a bola sobrou no segundo pau para Zé Andrade marcar, aos 12 minutos. O Remo teve dois bons momentos, com Pedro Vítor e em cabeceio de Diego Ivo. O São José quase ampliou com Silas, mas Vinícius fez boa defesa.

Veio a segunda etapa e o Remo reagiu. Já com Soares e Lucas Marques substituindo Pablo Roberto e Lucas Mendes, os laterais passaram a participar mais do jogo. Leonan e Marques foram fundamentais para buscar o empate, que veio aos 17 minutos.

Marques lançou bola na área, Pedro Vítor raspou de cabeça e Muriqui entrou finalizando. O empate deu outro astral ao Remo, que por alguns minutos teve certo predomínio no jogo. O São José reforçou o time com a entrada de Thaylon e Rondinelli e retomou as ações ofensivas.

O Remo recuou de novo e não saiu mais de seu campo. Ronald entrou, como é praxe, aos 40 minutos e só teve tempo de fazer uma jogada. Aos 49’, o São José lançou bola longa na direita, Leonan falhou e a bola foi cruzada para Thiago Santos finalizar antecipando-se a Ícaro.

A diferença entre os times é que o São José buscou o gol até o fim. O Remo vive de lampejos. No resto do tempo, prefere se acomodar. O time paga um preço alto pelo desmonte de um modelo de jogo. Marcelo Cabo montou um sistema que funcionou bem até antes da Série C. Ele mesmo embaralhou tudo e não sabe mais como refazer.

Não há saída visível no atual estilo de jogo. O Remo é sempre acuado quando joga fora e se mostra tímido demais como mandante. Quatro derrotas consecutivas no Brasileiro prenunciam o rebaixamento. Algo precisa ser feito, antes que a situação se torne irreversível. O time vai brigar para não cair e, neste momento, está caindo.

Em caso de necessidade, Agnaldo pode ser a solução

O que antes era apenas uma manifestação da torcida, especulando nomes de emergência para o caso da queda do técnico, agora parece próximo da realidade. Agnaldo de Jesus, o Seu Boneco, pode ser a alternativa para assumir o Remo caso haja mudança de comando. E poderia ser o treinador na final do Parazão, sexta-feira, diante do Águia, no Baenão.

Até o momento, Cabo é o técnico, mas isso pode mudar nas próximas horas. A torcida chegou ao limite máximo de tolerância e vai pressionar. Quatro derrotas na Série C e uma na decisão do Estadual. Cinco resultados negativos em sequência. Fazia tempo que isso não ocorria.

Espanha racista e fascista lembra Brasil bolsonarista

O posicionamento mais firme, digno e claro dentre os desportistas que defenderam Vinícius Jr. após as cenas de racismo e fascismo no estádio do Valencia, coube a Carlo Ancelotti, técnico do Real Madrid. Disse, corajosamente, que o fato é inaceitável e gravíssimo, atestando que há algo de muito errado com o Campeonato Espanhol.

Imperturbável, Ancelotti enfrentou o árbitro pedindo a interrupção do jogo e depois foi ainda mais enfático na entrevista, recusando-se a falar de futebol. “Algo muito mais sério ocorreu hoje aqui”, mostrando-se insultado quando diante da pergunta marota de uma jornalista de Valência.

Vinícius teve que aturar, além das agressões e do cartão vermelho, o questionamento de um repórter ao deixar o estádio do Valencia. O sujeito teve o desplante de perguntar se o brasileiro ia pedir desculpas à torcida!

Vinicius afirmou ontem que a Espanha é vista hoje como um país racista por conta dos deprimentes espetáculos nos estádios – que não são inéditas por lá. Há alguns anos, Roberto Carlos foi insultado também. Vini lembrou ainda que não teme e continuará lutando contra seus agressores.

Um deles é Javier Tebas, presidente da La Liga, que culpou Vini por ser chamado de “macaco” pelos celerados de Valencia. Tebas tem profundos laços com o fascismo: é apoiador do partido de extrema-direita Vox.

A fúria extremista da torcida do Valencia é conhecida em toda a Europa, com conhecidas ligações com a extrema-direita. Ações neonazistas foram identificadas em 2019 e a facção conhecida como Los Yomus foi banida dos estádios por conduta violenta. Segundo o jornal “El Diario”, da Espanha, Los Yomus está em atividade desde o começo deste ano.

Os incidentes de domingo mostram, porém, que os ataques não partiram de uma gangue apenas: o estádio inteiro xingou o jogador desde o primeiro minuto. São todos fascistas, cada um à sua maneira. E as autoridades agem com evidente má vontade em relação a Vinicius.

Repito: com fascista não se brinca, nem se negocia. Os atos golpistas vistos em Brasília, no dia 8 de janeiro, é um exemplo claro disso. Aliás, a explosão de ódio vista em Valencia tem muita semelhança com o Brasil racista e intolerante que saiu dos esgotos no desgoverno bolsonarista.