Há alguns dias, o nome da irmã Dulce foi inscrito no seleto Livro de Heróis e Heroínas da Pátria. O livro fica localizado no Panteão da Pátria e da Liberdade, em Brasília. A inclusão da religiosa baiana foi sancionada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) em função dos relevantes serviços prestados à sociedade, numa vida dedicada a ajudar os mais necessitados. Ela faleceu aos 77 anos e 27 anos após sua morte foi canonizada pela Igreja Católica e proclamada Santa Dulce dos Pobres.
Criado em 1992, o livro reúne protagonistas da liberdade e da democracia, que dedicaram sua vida ao país em algum momento da história. A inscrição de um novo personagem depende de lei aprovada no Congresso.
Com Irmã Dulce, já são 65 títulos foram inscritos no Livro dos Heróis e Heroínas da Pátria, sendo 51 homens e 14 mulheres. São militares, escritores ou intelectuais, revolucionários, políticos, enfermeiros, inventores, músicos e um imperador.
Entre os heróis e heroínas brasileiros, estão nomes como Tiradentes, Anita Garibaldi, Chico Mendes, Zumbi dos Palmares, Machado de Assis, Chico Xavier, Santos Dumont e Zuzu Angel.
Joaquim José da Silva Xavier, o Tiradentes (1746-1792), e Marechal Deodoro da Fonseca (1827-1892), primeiro presidente do Brasil, foram os primeiros nomes inscritos no Livro de Aço. A Lei 7.919, de 1989, foi aprovada nas celebrações do bicentenário da Inconfidência Mineira (1792) e do centenário da Proclamação da República (1889).
Só 20 anos depois, com a Lei 12.105, de 2009, o livro recebeu o nome de uma mulher: Anna Nery (1814-1880), pioneira e patrona da enfermagem no Brasil. Ficou conhecida como “a mãe dos brasileiros”, que voluntariamente acompanhou os filhos e o irmão na Guerra do Paraguai (1864-1870), onde prestou serviços nos hospitais militares e até em frentes de batalha.
Um paraense integra o seleto grupo: Júlio Cézar Ribeiro de Souza, reconhecido como precursor da dirigibilidade aérea.
Dando nome, hoje, ao Aeroporto Internacional de Belém, o jornalista e professor, nascido na então Vila de São José do Acará, Julio Cezar Ribeiro de Souza escreveu o nome do Pará na história da aviação ao se tornar o precursor dos dirigíveis, ainda que o reconhecimento para tal feito tenha vindo de forma tardia.
Na época em que o jornalista deu início aos primeiros estudos sobre os voos dos pássaros, os estudos relacionados à possibilidade de voos se concentravam em duas frentes: o balonismo e a aviação. Os balões já eram utilizados pela humanidade há algum tempo, porém, não eram dirigíveis. Depois que subiam, seguiam para onde o vento soprasse.
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Ele nasceu no Acará em junho de 1843 e veio estudar na capital, Belém, que na época ainda era uma Província. Depois, se mudou para o Rio de Janeiro. Ele ainda participaria da Guerra do Paraguai, em 1866, onde começou a despertar seu interesse pelo balonismo.
Após muita insistência, e pedidos de apoio do governo paraense da época, ele construiu em 30 de agosto de 1880 um balão de 6 metros de comprimento e 2 metros de maior diâmetro e promoveu experimentos.
Um ano depois, também promoveu uma exposição da sua teoria no antigo Instituto Politécnico Brasileiro, no Rio de Janeiro, em 15 de março de 1881. É nesta ocasião que ele realiza a leitura do documento Memória sobre a Navegação Aérea, de sua autoria, e que hoje faz parte do acervo do Arquivo Nacional.
A Assembleia Provincial do Pará aprova a concessão de 20 contos de réis à Julio Cezar para a construção do seu balão de acordo com seu sistema.
Entre idas, vindas e experimentos, em 1884 ele realiza a tentativa de ascensão do balão em Belém, na área da Praça da Sé. Uma foto do acervo do Musée de l’Air et de l’Espace (Museu do Ar e do Espaço), que fica na cidade de Le Bourget, na França, registra esse momento. Porém, a tentativa enfrentou dificuldades durante a produção de hidrogênio e derramamento acidental de ácido sobre as mangueiras que faziam a condução do gás impossibilitaram a ascensão.
Em 9 de agosto de 1884, Julio Cezar recebe a notícia de que os franceses Charles Renard e Arthur C. Krebs haviam realizado pela primeira vez na história um percurso fechado a bordo de um balão. Nomeado de La France, o dirigível dos franceses tinha aproximadamente as mesmas medidas (52,4 metros de comprimento e 8,4 metros de maior diâmetro) do balão Santa Maria de Belém, de Julio Cezar.
A forma do balão francês tinha a mesma estrutura preconizada por Julio Cezar e já patenteada na França quase três anos antes, sem que fossem feitas qualquer referência às teorias do inventor brasileiro.
Após o ocorrido Julio Cezar escreve um longo protesto que é publicado na imprensa paraense, inicialmente, e depois em outros periódicos em outros países. Apesar dos protestos, Julio Cezar morreu sem conseguir ter o reconhecimento pelo pioneirismo do seu invento, de que ele teria sido o inventor do tipo de balão que os franceses tinham experimentado.
Ele foi inscrito no Livro dos Heróis e Heroínas da Pátria a partir da aprovação de um Projeto de Lei do então deputado federal Paulo Rocha (PT-PA) em 2010.
Fonte: Agência Câmara de Notícias
Com informações da Agência Senado e Cintia Magno