TEXTO: WAL SARGES
Baseada na obra “A História das Crianças que plantaram um Rio”, de autoria do escritor Daniel Leite, a Escola de Dança Ballare prepara o seu espetáculo do ano, a ser apresentado em dezembro, no palco do Theatro da Paz. Como parte do processo de produção e de divulgação da montagem, eles promovem uma sessão de contação de história com o autor, neste sábado, 20, às 9h, na sede da escola em Belém.
Daniel Leite diz que o livro aborda a relação da memória com a infância, os avós e com os nossos rios. “‘A História das Crianças que plantaram um Rio’, como toda a literatura, busca uma relação simbólica da vida com a escrita. É uma mediação de um homem velho que precisa da memória da avó para que ele volte a ser menino e consiga compreender como se planta na terra um rio morto”. O livro conta como crianças de vários lugares do mundo aparam a chuva nas mãos e plantam o rio de volta na terra.
E quanto mais bonita a história, maior é o desafio de adaptá-la para o palco, diz a professora Ana Rosa Crispino, que assina a direção do espetáculo da Ballare, ainda em produção. “Eu quero sentir o Daniel contando a história e o que fez o surgimento desse livro. Com essa leitura, eu quero fechar meus olhos e imaginar o que a gente vê na essência dessas palavras, o que eu vou colocar na cena, o que ele quis dizer com as palavras”.
A coreógrafa conta que foi assim com o espetáculo anterior da companhia, “A Menina Árvore”, também de autoria de Daniel Leite. “Eu não coloquei tudo o que estava escrito no livro, mas foram as coisas que me tocaram e que eu consegui imaginar a minha escola de dança, os bailarinos que eu tenho”, explica Ana Rosa.
“O que muito me interessa nessa relação entre literatura e dança é perceber como no corpo do balé da Companhia Ballare será tecida essa relação memória/movimento; memória/corpo; memória/água, memória/infância e velhice. Eu já conheço o trabalho da Ana Rosa Crispino com o espetáculo de balé ‘A Menina Árvore’, e foi belíssimo”, elogia Daniel.
Esse encontro fez o escritor pensar que, assim como a literatura, a dança também é uma reinvenção e invenção do movimento. “Do corpo nosso fluido; do meu corpo que se faz com outro no movimento de uma terra. Talvez, nesse momento, a palavra como corpo se aproxime da palavra com dança. A memória como movimento, a memória como dança de um corpo nosso subjetivo, mas também de um corpo social, de um corpo da terra, da água, dentro de nós e além de nós”, comenta o escritor.
Ele acredita que na adaptação do livro “A História das Crianças que Plantaram um Rio” também terá essa relação entre a literatura e a dança. “Ele é um livro sobre memória, infância, avós, mães, crianças, então, quero sentir como essa mediação da memória será feita num movimento do corpo de balé, num livro que aborda a questão das águas, da nossa reinvenção do mundo, da nossa resistência e da elaboração da vida para trazer um rio morto de volta à terra, à nossa casa e à vida”, completa Daniel.
CONHEÇA
Contação de “A História das Crianças que Plantaram um Rio”, com Daniel Leite
Quando: Hoje, 20, às 9h;
Onde: Ballare Escola de Dança (Av. 16 de Novembro, 47- Cidade Velha).
Quanto: Entrada franca.
Informações: Instagram @_ballare