Pará

Informalidade é a alternativa para quem busca uma renda

Fabiano Pinheiro saiu do trabalho e  decidiu entrar na informalidade e ser condutor de moto por aplicativo  Foto: Ricardo Amanajás
Fabiano Pinheiro saiu do trabalho e decidiu entrar na informalidade e ser condutor de moto por aplicativo Foto: Ricardo Amanajás

Alexandre Nascimento

A informalidade no trabalho é uma forte realidade no Brasil. Segundo a pesquisa Impactos da Vida Financeira no Trabalho, realizada pelo Serasa entre os dias 22 e 26 de abril de maneira on-line, 76% dos mais de 4 mil entrevistados de maneira on-line afirmaram ter uma segunda ocupação, o “bico” para complementação de renda e, por sua vez, arcar com as despesas de casa, sustento da família, entre outras obrigações.

Ainda de acordo com a pesquisa do Serasa, a busca de complementação de renda se deve a uma série de fatores, como a inflação, alto nível de desemprego, a falta de acesso ao crédito no mercado, uma vez que muitas pessoas não têm por onde conseguir crédito para arcar com as despesas.

Esse cenário também é uma realidade entre paraenses, sobretudo quando se leva em consideração os ganhos da populaçãp. De acordo com o Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos do Pará (Dieese-PA), cerca de 2 milhões de pessoas sobrevivem com apenas um salário mínimo, fixado hoje em R$ 1.320. Para esse grupo a situação se agrava ainda mais, uma vez que a alimentação básica consome 47,95% do vencimento que, segundo o mesmo Dieese-PA, fica em média a R$ 663,00.

Dessa forma, a situação obriga os trabalhadores a ingressarem no famoso “bico”, já que, além da alimentação, outros compromissos também comprometem o salário. É nesse contexto que o representante comercial Alfredo Queiroz, 41 anos, se viu na necessidade de ingressar como motociclista de aplicativo, pois os ganhos com a primeira ocupação não têm sido suficientes para arcar com as despesas. “A situação está difícil, tudo caro como alimentação, luz e água. Não vi outra alternativa a não ser começar a ser motociclista de aplicativo, para complementar a renda”.

Se a situação está difícil para quem tem emprego formal, está ainda pior para quem teve que fazer dos “bicos” a ocupação principal como fonte de renda, muito embora essas formas não deem seguridade social. “Saí do trabalho, então decidi entrar na informalidade e fazer corrida de moto no aplicativo. Também não tem sido fácil, mas é o que tenho para fazer para conseguir sustentar minha família e pagar as contas”, declarou Fabiano Pinheiro, 24 anos.

No cenário da informalidade, apenas a boa rentabilidade da ocupação é garantia de conseguir o sustento. “Estou há 40 anos como vendedor de farinha, aqui na feira da 25, nunca quis emprego de carteira assinada, e estou bem assim. Tem muitas vantagens, como não ter chefe, vir trabalhar quando quero. Mas, ainda assim, pago minha previdência para poder ter tranquilidade em dia”, concluiu José Lameira, 55, feirante.