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Fábio Porchat sai em defesa de Léo Lins

‘Se a piada não incitou o ódio e a violência, ela é só uma piada’, diz humorista sobre censura a vídeo de Léo Lins. Foto: Divulgação
‘Se a piada não incitou o ódio e a violência, ela é só uma piada’, diz humorista sobre censura a vídeo de Léo Lins. Foto: Divulgação

Mônica Bergamo

Folhapress

O comediante Fábio Porchat se manifestou contra a decisão judicial de censurar o especial de comédia de Léo Lins. “Não gosta de uma piada? Não consuma essa piada. Se a piada não incitou o ódio e a violência, ela é só uma piada”, escreveu Porchat no Twitter, nesta quarta-feira (17).

Porchat também disse que não existe censura do bem e que mesmo que se despreze o que um humorista diz, ele deve ter o direito de dizer. “Ele tem o direito de ofender. Não existe censura do bem”, afirmou.

Por determinação judicial, Léo Lins foi obrigado a apagar um especial de comédia de seu canal no YouTube. No vídeo, que tinha mais de 3,3 milhões de acessos, ele contava piadas sobre minorias.

Em longo texto publicado em sua rede social, Porchat defendeu que não existe impedimento legal para se fazer piadas com minorias. “Ah, mas faz piada com minorias… E qual o problema legal? Nenhum. Dentro da lei pode-se fazer piada com tudo tudo tudo.”, escreveu.

Ele acrescentou que não gostar de uma piada não dá o direito a ninguém de impedir que ela exista. “Ainda mais previamente. Impedir o comediante de pensar uma piada é loucura. Mesmo que você não goste desse comediante, mesmo que você despreze tudo o que ele diz, ele tem o direito de dizer. Ele tem o direito de ofender. Não existe censura do bem”, prosseguiu.

Ele afirmou ainda que a democracia não é um regime para “você defender as suas ideias, mas para quem você não concorda poder defender as delas”. Não confundam “não gosto dele” com “ele não pode falar”. Não entrem nessa conversa com a emoção, entrem com a razão”, prosseguiu ele.

DISCUSSÃO

Porém, logo o nome dele foi parar entre os assuntos mais comentados do Twitter. Muita gente criticou a postura dele. “Rabin, Porchat e toda uma patota de comediantes agora se dizem surpresos, quando contribuíram para esse cenário de censura”, opinou o perfil de Irlandês. “Uma pena não poder fazer piada capacitista, transfobia, homofóbica, gordofóbica entre outras, né, Porchat?”, ironizou o perfil de Eduardo.

“O problema dessa turma é que eles escolhem quais preconceitos são legítimos e podem ser incentivados. O Porchat mesmo é um dos maiores incentivadores do preconceito com crentes no país”, foi o que escreveu o perfil de Wagner Thomazoni.

ENTENDA O CASO

O humorista Léo Lins foi obrigado a apagar um especial de comédia de seu canal no YouTube nesta terça-feira (16). O clipe, que tinha mais de 3,3 milhões de acessos, contava com piadas sobre minorias e teve sua retirada determinada após um pedido do Ministério Público. O próprio humorista confirmou essas informações.

Segundo ele, a retirada do vídeo deve “abrir um precedente perigoso para a comédia e arte em geral”. Em algumas publicações, nas quais Lins fazia uma contagem regressiva para o banimento do material, ele fez alguns desabafos.

Em outro post, ele contou que seu advogado já estava entrando com uma defesa e que pretendia fazer um vídeo relatando o que está acontecendo.

No vídeo em questão, Lins fala sobre um “ranking de privilégios que existe hoje na sociedade”. “Na base, está o velho. Em cima, está o nordestino pobre. Depois dele, está a mulher grávida, que tem assento especial. Em cima dela, está o gordo que também já tem assento especial. O gordo é uma grávida que se autoengravidou. (…) Em cima do gordo, está o deficiente que tem assento, não pega fila. A prova disso é que um velho nordestino, gordo e deficiente virou presidente”, diz ele, em trecho que continua disponível nas redes sociais.