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Simone Jares usa paixão pelo papel para despertar interesse pela literatura

Simone Jares vem ensinando outros educadores a perceber as potencialidades dos jogos e do design do papel para incentivar a leitura FOTOs: DIVULGAÇÃO
Simone Jares vem ensinando outros educadores a perceber as potencialidades dos jogos e do design do papel para incentivar a leitura FOTOs: DIVULGAÇÃO

Wal Sarges

A arte-educadora, criadora e mediadora de leitura Simone Jares descobriu ainda criança, aos 9 anos, a arte de desdobrar-se para criar com o papel, durante as aulas de matemática com uma professora de origem japonesa, no interior de São Paulo.

“Detestava a disciplina, mas as aulas de geometria com origami da ‘Dona Mika’, guardo num lugar bem gostoso das minhas memórias de infância”, lembra ela, que aprofundou o gosto pelo origami, a técnica japonesa de dobraduras de papel, durante a adolescência. “Foi um hobby que me deixava tão concentrada e que me fazia esquecer que precisava dividir meu tempo com as outras tarefas da vida.”

Graduada em História pela Universidade Federal do Pará (UFPA), depois de se dedicar ao magistério por uma década na rede estadual de ensino do Pará e de concluir o mestrado em Artes, ela enveredou pelas trilhas da arte-educação tendo o design do papel como o principal foco de pesquisa, ensino e experimentação.

Daí surgiu o trabalho com dobraduras de papel que se conectam com o universo literário. Suas experimentações vão desde a elaboração de brinquedotecas de papel e livros artesanais construídos a partir de dobras a jogos de tabuleiro dobrados, que podem ser usados para incentivar a leitura.

Simone Jares, atualmente, ministra oficinas e cursos em diversas instituições, entre as quais, a Casa da Linguagem e o Curro Velho, o Sesc Ver-o-Peso, além de escolas públicas de Belém e de outros municípios.

“Desde que comecei a dobrar e fomentar a prática do origami aos educadores, tenho recebido encomendas diversas. Contudo, meu compromisso maior é com a multiplicação dessa metodologia que alia ludicidade, leitura literária e dobradura. Daí vem o sentido, para mim, de continuidade da propagação da arte-magia como recurso lúdico na mediação do texto literário”, explica a arte-educadora.

A ideia de desenvolver dobraduras a partir de livros surgiu há alguns anos, quando teve contato com o trabalho de Lena Aschenback, a Lena das Dobraduras, pioneira na aplicação do origami, denominado por ela de “arte-magia” junto à contação de histórias.

“Livros sempre me ‘ins-piram’. A partir deste trabalho, li mais livros literários e diversifiquei a leitura dos gêneros, também ampliei minha pesquisa em torno da interface literatura e dobradura, experimentando outras possibilidades criativas com o papel, o universo das publicações literárias independentes, envolvendo também a linguagem musical”, relembra.

Entre os anos de 2017 e 2018, Simone realizou as primeiras oficinas formativas na Casa da Linguagem, que ela chamou de “Histórias Dobradas” e “Conto Dobrado”, partindo da leitura de autores como Hans Christian Andersen, Walcyr Monteiro, além de cantigas e contos da tradição oral.

“Nessas oficinas, voltadas para o público de educadores, mediadores de leitura e contadores de histórias, trabalhávamos a mediação de leitura da obra escolhida e também alguns aspectos da vida do autor/a para, em seguida, desdobrarmos a narrativa verbal em origami, recontando-a a partir da experimentação de dobrar personagens, elementos cênicos e até minicenários”, conta.

Assim surgiu um conjunto de oficinas que ela desenvolveu em parceria com três amigas educadoras, escritoras e artistas: Rita Melém, Cris Rodrigues e Giselle Griz. Intitulada “Canções para dobrar”, uma das oficinas busca inspiração na obra literária/musical de Heliana Barriga. Já “Giranda de Papel: música, poeturas e dobraduras”, desdobrou-se em oficinas nas quais o acervo literomusical do Grupo Girandolando (formado pelas amigas artistas mencionadas acima) foi matéria-prima para a criação de uma série de brinquedos dobrados.

“Diversos frutos têm sido espalhados pela cidade, outros municípios e fora do Pará, como o curso on-line, nos quais abordamos as interfaces da literatura com as diversas linguagens”, conta.