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Gerson Nogueira: O lamaçal chega à elite

Zagueiro do Santos foi afastado após ser citado em denúncias. Foto: Santos/divulgação
Zagueiro do Santos foi afastado após ser citado em denúncias. Foto: Santos/divulgação

O lamaçal chega à elite

A contaminação do futebol brasileiro se evidencia a cada nova descoberta dos investigadores da operação “Penalidade Máxima”, que começou pelo Estado de Goiás e hoje se espalha por todo o país. O fato novo, embora previsível, é que a manipulação de resultados está presente também nos jogos da Série A. Arranjos na Série B já estavam confirmados, mas agora a dita elite do Campeonato Brasileiro também entra na roda.

Com isso, o nível de gravidade do problema se acentua e leva a Polícia Federal a entrar na investigação, conforme anunciou ontem o ministro da Justiça, Flávio Dino. Não é para menos. Tudo tem que ser devidamente apurado, doa a quem doer.

A presidência da CBF descartou ontem a ideia de paralisação das competições. Penso que a entidade se precipitou. Na velocidade em que o escândalo vai sendo desnudado, a credibilidade do futebol estará em xeque. É difícil imaginar que as maracutaias envolvem apenas jogadores.

No momento em que se descobrir o envolvimento de árbitros, o que é provável, a situação se tornará insustentável. Se atletas bem remunerados, alguns ganhando até R$ 400 mil mensais, foram aliciados com facilidade, imagine a situação de árbitros que recebem em média R$ 5 mil por partida.

Além disso, o papel dos árbitros é muito mais decisivo (e seguro para os apostadores), pois podem distribuir cartões vermelhos e amarelos de forma aleatória, sem despertar maiores suspeitas. Ou, ainda, assinalar pênaltis respaldados pelo princípio da interpretação pessoal.

Não são poucos os lances em que a arbitragem chama atenção, por ação ou omissão. Quantas vezes ocorrem punições consideradas rigorosas demais ou, ao contrário, condescendentes em excesso.

O fato é que, por ora, as competições estão preservadas porque a manipulação envolve apenas atletas, aparentemente agindo de forma solitária. No momento em que alguém denunciar o envolvimento de técnicos e dirigentes, a coisa muda de figura.

Por via das dúvidas, dona CBF devia ficar na encolha, aguardando o desenrolar dos acontecimentos e evitando se posicionar quando as investigações estão somente no começo.

Fico pasmo, em meio ao noticiário abundante sobre o caso, com a maneira como os jogadores acusados têm sido expostos. Mesmo que no decorrer da apuração sejam inocentados, a carreira já está manchada inapelavelmente. Onde fica o princípio da presunção da inocência?

Enquanto isso, os bandidos que aliciam atletas seguem protegidos pelo anonimato. O sujeito que ameaçou de morte o zagueiro do Santos sequer foi citado nas reportagens sobre o episódio.

Há algo de estranho nisso tudo. No mínimo, deveria haver paridade. Se atletas são acusados nominalmente, tendo sua imagem exposta em todas as mídias, os corruptores também precisam ser identificados. Gente que, pelas palavras trocadas nas mensagens, não hesitaria em ferir e matar.

Em meio à boataria que vem junto com o escândalo, um outro crime é cometido através da disseminação de fake news. É o caso da grosseira montagem que circulou ontem nas redes sociais atacando o goleiro Vinicius, do Remo, que sequer aparece entre os investigados pelo MP goiano. E ainda há desmiolado que se diz contra o PL das Fake News.

 

Papão tem oportunidade de recuperação nos pampas

O PSC persegue hoje contra o Ypiranga, em Erechim (RS), a recuperação dentro do Campeonato Brasileiro da Série C. Para isso, terá que jogar mais do que na estreia (Aparecidense) e superar a atuação razoável diante do Figueirense na 2ª rodada. A missão é complicada. Visitantes sempre estão sob pressão na Terceirona.

O Ypiranga fez boa campanha no Campeonato Gaúcho. Mostrou entrosamento e força ofensiva. Na Série C, mantém a boa fase, com quatro pontos (uma vitória e um empate), na sexta colocação. O Papão, com a derrota em Florianópolis, despencou para a 13ª posição.

Contra um mandante invicto, os cuidados do time paraense devem ser redobrados. Marquinhos Santos, mais familiarizado com o grupo de jogadores, provavelmente não repetirá a lambança de barrar João Vieira outra vez, até porque não terá Jacy Maranhão e Kelvi, ambos expulsos.

A ausência do meio-campista foi uma das causas da atuação inconsistente da equipe nos primeiros 45 minutos contra o Figueirense. A evolução mostrada na etapa final coincidiu com a presença de Vieira em campo.

No Ypiranga, a provável novidade é a escalação do meia Felipe Gedoz, ex-Remo. O que não deixa de ser uma boa notícia para o Papão, levando em conta as últimas aparições de Gedoz, principalmente na pífia passagem pelo Santa Cruz-PE.

 

Site de projeções não bota muita fé na dupla Re-Pa

O Chance de Gol, principal site de projeções estatísticas do futebol brasileiro, já começa a fazer suas ponderações e aponta um cenário pouco satisfatório para os representantes do Pará na Série C. O Papão, mesmo superando o Remo nas contas iniciais, não se classificaria ao quadrangular de acesso. Antes da 2ª rodada, tinha 31.4% de chances para avançar de fase.

Com a derrota, despencou para 28.2%, à frente do Leão, que começou com 50.1% e caiu para 27%. Quanto ao quadro final de classificação, o Chance de Gol prevê que o PSC terminará em 14º lugar e o Remo em 15º. Se isso de fato ocorrer, a dupla vai brigar para não ser rebaixada.

Quanto aos riscos de queda, o PSC pulou de 11.5% para 15.2%. Já o Remo, depois de duas derrotas na competição, ampliou suas possibilidades de 3.9% de chance para 18.1%.