Enem é caminho para voltar a estudar. Veja como se preparar para as provas!

Luiz Octávio Lucas

Nunca é tarde para voltar a estudar! Com o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem 2023) prestes a abrir inscrições, entre os dias 5 e 16 de junho, e as provas previstas para os dias 5 e 12 de novembro, montar um plano de estudos, mesmo para quem já concluiu o Ensino Médio há anos e está fora de sala de aula, é viável e traz resultados.

Segundo a pesquisa “Perfil socioeconômico e cultural dos estudantes”, realizada pela Associação dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior (Andifes), com recorte para a Universidade Federal do Pará, cerca de 47% dos candidatos aprovados nos cursos da maior universidade do Norte do Brasil fizeram a sua preparação sozinhos, sem participar de cursos preparatórios. Outro dado interessante da pesquisa é que cerca de 30% dos aprovados são adultos na faixa de 25 e 40 anos, sendo que 0,5% são alunos com idade acima de 50 anos.

A missão pode não ser tão fácil, mas é estimulada pelos educadores, como o professor José Miguel Alves, vinculado à Seduc e ligado ao Programa Enem-Pará Itinerante. “O fato do aluno estar há algum tempo fora da escola, com certeza pesa sobre o domínio de muitos objetos do conhecimento, antigamente chamados de conteúdos ou matérias, que hoje são exigidos nas provas do Enem”, admite. “Porém, por outro lado, esse candidato tem maturidade e habilidades que, muitas vezes, o aluno que está frequentando a escola não possui ainda. Assim, como, essa retomada aos estudos possibilita maior foco na aprendizagem”.

José Miguel lembra ainda que o Enem é um exame de avaliação de massa construído a partir de uma matriz que organiza as competências e habilidades que serão exigidas nesta prova de larga escala. “Muitos alunos que concluíram o Ensino Médio e se afastaram dos bancos escolares podem ter desenvolvido habilidades em seu cotidiano, como identificar, analisar, relacionar, comparar e que podem ser canalizadas para as habilidades exigidas pelo Enem”, acredita.

PASSO

Segundo o educador, o primeiro passo já foi dado pelo estudante a partir de quando ele decide voltar a estudar e se preparar para as provas do Enem. “O desafio é como manter a disposição para atingir o objetivo que é a aprovação em uma universidade”.

O segundo passo, portanto, é compensar esses anos em que o candidato ficou sem estudar e pegar o ritmo novamente. “O estudante deve saber de onde ele está partindo. Por exemplo: as provas de Ciências Humanas e Sociais Aplicadas exigem interpretação de texto. Faz-se necessário ao estudante, resolver questões, itens, de provas aplicadas em anos anteriores e, a partir daí, perceber quais suas carências e suas potencialidades”, sugere o professor. “É importante compreender que todos temos nossas limitações, mas elas vão sendo superadas a partir de uma organização dos estudos. Por isso, uma espécie de diagnóstico deve ser feito para iniciar a preparação e deve-se começar pelos conceitos, problemas básicos e daí caminhar para os mais complexos”.

Outra preocupação versa sobre o conteúdo aprendido na época em que esse candidato estudou, que pode ser diferente da matriz curricular de hoje. Nesse caso, o professor José Miguel pontua que o estudante deve ler a Matriz de Referência do Enem, que está disponível no site do Ministério da Educação. “Além de ler com atenção todas as competências e habilidades das áreas, ele deve também analisar o edital do Enem e ver quais são os assuntos, objetos do conhecimento, cobrados pelo exame. Afinal, de nada adianta saber o que você deverá depreender dos conteúdos se não conhecer as matérias exigidas pelo exame. Existem muitos sites na internet que explicam a Matriz do Enem e ajudam a compreender o que se exige nessa avaliação”, dá a dica.

“Não desistir deve ser uma constante”

Professora de Português, redação e redação jurídica, com atuação na rede estadual de ensino, Chimênia Pinheiro também estimula pessoas que querem voltar a estudar e fazer as provas do Enem ao final do ano. Segundo a educadora, esse candidato não está em desvantagem frente a outros estudantes recém-saídos do Ensino Médio e pode se dar muito bem no exame. Confira na entrevista a seguir!

P Um estudante que concluiu o Médio há alguns anos já entra em uma prova como o Enem em desvantagem? Por quê?

R Não necessariamente, tendo em vista que o Enem exige habilidades e conhecimentos adquiridos ao longo da formação do estudante. Contudo, cabe ressaltar que a fragilidade nos processos de reconhecimento e identificação de determinados conteúdos distancia, muitas vezes, esse sujeito da tão sonhada aprovação.

P Como compensar esses anos em que ficou sem estudar e pegar o ritmo novamente?

R É necessário criar uma estratégia de estudo que possibilite a integração entre conteúdo e prática.

P Com um conteúdo tão extenso como o do Enem, por onde começar?

R Pela área do conhecimento que mais desafia o estudante, afinal essa busca deve possibilitar novas ou outras descobertas.

P Dentro da sua área, língua portuguesa e redação, quais as recomendações para esse estudante?

R A habilidade leitora potencializa as habilidades dos estudantes, haja vista que além de avaliar o seu conhecimento, a prova é interpretativa e traduz a aplicabilidade dos casos concretos às dinâmicas cotidianas dos sujeitos.

P Como traçar um planejamento? Quanto tempo de estudo por dia seria necessário para essa pessoa ficar por dentro do conteúdo?