Alexandre Nascimento
Não é de agora que o consumidor de Belém convive com as constantes altas da cesta básica nos principais supermercados. Segundo a pesquisa do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos do Pará (Dieese-PA), a alimentação básica dos moradores da capital paraense aumentou 58% em três anos, no comparativo de março de 2020 e março deste ano.
De maneira detalhada, o Dieese-PA relembrou que há três anos a cesta básica custava em média R$ 418,80. A realidade daquele período já dificultava a vida do consumidor na hora das compras, uma vez que, ainda de acordo com a entidade sindical, esse valor comprometia 43,33% do salário mínimo que naquela época era de R$ 1.045,00.
As constantes altas seguiram durante os três anos seguintes, já que na comparação com março deste ano, o Dieese-PA atestou que a cesta básica custa ao consumidor de Belém R$ 664,54. A situação é ainda pior em relação ao mesmo mês de 2020, uma vez que nesse cenário o valor da alimentação básica compromete 51% do atual salário mínimo fixado em R$ 1.302,00.
Em reais, no comparativo destes três anos, a diferença é de R$ 245,74 a mais na compra dos alimentos que compõem a cesta básica. Adição que indica como os itens essenciais sofrem constantes altas, o que dificulta ainda mais a situação dos consumidores, sobretudo os que ganham apenas um salário mínimo. “Nos últimos anos, uma das maiores dificuldades vividas por nós trabalhadores foram esses aumentos. Imagino como foi mais difícil ainda para quem tem família grande com salário mínimo”, ponderou Zenóia Silva, 45 anos, servidora pública.
Diante dessa realidade, não resta aos consumidores outra alternativa senão economizar ou adotar táticas para garantir a compra da alimentação básica, que vão desde a redução no número de itens a dispensar os produtos chamados supérfluos. “Compro apenas o essencial, escolho os dias das promoções por produtos para garantir um preço mais justo. Por isso, tenho pesquisado os supermercados, porque se não fizer isso não sobra dinheiro para as outras necessidades”, declarou Josy Bezerra, 44 anos, assistente social.
Para a pedagoga Celina Alves, a carne é um dos itens da cesta básica que ela acha mais caro, o que a motivou a trocar pelo frango, uma vez que tem o preço mais em conta. “Sem condições de comprar carne bovina, as mais nobres então, nem se fala. Por isso, tenho optado pelo frango, mesmo também sofrendo muitos aumentos, mas a diferença é grande em relação a carne”, disse a pedagoga.
“Tenho trocado as marcas de alguns produtos, como da manteiga, achocolatado, macarrão e outros, que são mais caros quando são de marcas mais conhecidas. Então, como existem umas que não são tão conhecidas, mas são de qualidade, essas que tenho escolhido. Não está fácil, se queremos garantir a alimentação básica essa tática que tenho adotado”, concluiu Merian Cruz, 47 anos, enfermeira.