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Gerson Nogueira: Polêmica e pouco futebol

Foto: Vitor Castelo/Paysandu
Foto: Vitor Castelo/Paysandu

Polêmica e pouco futebol

Os dois jogos que abriram as semifinais do Parazão ficaram muito abaixo das expectativas. Imaginava-se que seriam confrontos marcados por ofensividade e busca de gols. Pouco foi feito nesse sentido. As quatro equipes optaram por adotar esquemas fechados e conservadores, com a cautela predominando sobre a ousadia.

Depois do jogo Cametá 1 x 1 Remo, marcado por uma avareza técnica constrangedora, Águia e PSC se enfrentaram no sábado em Marabá, com a esperança renovada de proporcionar um embate mais emocionante.

Ficou longe disso. Desde os primeiros minutos, os times se mostraram mais presos aos sistemas de marcação do que em arriscar com jogadas de ataque. No Papão, o técnico Márcio Fernandes montou o time com três zagueiros, uma inovação que deixou a engrenagem mais engessada.

Mário Sérgio desperdiçou o único lance agudo produzido pelo PSC durante os 45 minutos iniciais. O Águia rondou muito mais a área e Balão Marabá e Luan Parede criaram muitas dificuldades para a zaga alviceleste.

Ainda assim, a partida ficou muito marcada pelo bloqueio no meio-campo e pelo excesso de passes errados. No 2º tempo o diferencial foi o gol, de pênalti, que deu a vitória ao Papão. Lance, por sinal, nascido de uma irregularidade. A falta sobre Eltinho aconteceu fora da área, mas o árbitro Klever Costa Lobo se precipitou e deu a penalidade.

A decisão do árbitro livrou o jogo de ficar no 0 a 0. Sim, pela movimentação dos times e a incompetência dos ataques, a partida estava condenada a terminar em branco. O Águia, depois de ficar em desvantagem, abriu mão dos cuidados e partiu em busca do empate.

Atacou muito, principalmente pelos lados, com Alan Maia, mas errou nas tentativas de entrar na área. Optou pelos cruzamentos e isso acabou ajudando a defensiva do PSC, que concentrava até seis jogadores junto à área. Raras vezes o Águia arriscou chutes de fora da área.

O sufoco imposto nos 15 minutos finais foi facilitado pelo recuo excessivo do PSC, mas não resultou em situações claras de gol. Thiago Coelho só teve trabalho em dois lances, provocados por cruzamentos de Alan Maia que o ataque não conseguiu aproveitar direito.

No fim das contas, um resultado altamente positivo para o PSC, que decidirá a vaga na Curuzu (sábado, 29) dependendo de um empate para passar à final do campeonato. O Águia, precisando vencer, será obrigado a fazer um jogo de superação em terreno inimigo.

Remo e Cametá jogam no domingo (30), no Baenão, e o cruzamento está mais indefinido. A vitória simples garante presença na decisão.

Quando o erro favorece, os queixumes arrefecem

Foi no mínimo curioso ver a postura zen do técnico Márcio Fernandes após o jogo em Marabá. Famoso pela tempestade de queixas que despeja sobre a arbitragem a cada partida, durante e depois dos jogos, o técnico do Papão foi econômico e surpreendeu com a afirmação de que não gosta de reclamar, preferindo falar sobre a produção do time.

No mundo ideal, as coisas deveriam ser sempre assim, com o respeito prevalecendo sobre a irritação – inclusive à beira do campo, onde Márcio costuma se descontrolar com frequência. A diferença desta vez é que havia uma penalidade incômoda para comentar.

Márcio, macaco velho, adotou o discurso de segurança, evitando opinar sobre o penal inexistente que garantiu a vitória. Ponderou apenas que, assim como foi beneficiado desta vez, foi prejudicado em outros jogos. Mas, a bem da verdade, nesta temporada não existem razões para reclamar, principalmente quando o assunto é pênalti.

Rádio Clube: contribuição gigante para o futebol paraense

Ouvinte fiel da rádio desde os primórdios, lá em Baião, sinto-me particularmente orgulhoso de comemorar os 95 anos da Rádio Clube do Pará do lado de dentro, na condição de integrante do time chefiado por Guilherme Guerreiro. É importante lembrar que a história vitoriosa da emissora, fundada por Edgar Proença, Roberto Camellier e Eriberto Pio, confunde-se com a trajetória da radiodifusão no Pará e no Brasil.

Quando estreei na Rádio Clube, na final da Copa do Mundo de 2006, entre França e Itália, ao lado de meus ídolos Carlos Castilho e Guerreiro, realizei um sonho de criança. Cresci ouvindo o mestre Edyr Proença e sua fantástica equipe. Recebi as primeiras noções sobre futebol a partir das informações que recebia diariamente. Não poderia haver uma escola melhor.

Nos dias de hoje fica difícil imaginar como era o cenário pré-Rádio Clube, quando inexistia comunicação radiofônica na Amazônia. Foi com a PRC-5 que a população, principalmente a interiorana, passou a se informar melhor sobre o próprio Estado.

Pode-se dizer que o Pará moderno se consolidou com o advento da Rádio Clube. A área esportiva, notadamente o futebol, deve muito à emissora de Edgar Proença. Os jogos – de times paraenses, nacionais e até da Seleção Brasileira – passaram a ser transmitidos em tempo real.

Até mesmo a rivalidade histórica entre Paysandu e Remo ganhou em intensidade com a Rádio Clube veiculando diariamente notícias sobre os dois principais clubes. Antes, não havia quase nada, além do registro quase sempre formal da imprensa escrita. A PRC-5 trouxe para o futebol o calor das ruas e a massificação da paixão pelos dois rivais.

Do alto de seus 95 anos, em tempos de jornalismo digital e múltiplas plataformas, a Rádio Clube se reinventa e segue exercendo um papel exponencial na comunicação paraense, fato reconhecido (e retribuído) amplamente pelo público ouvinte. Não por acaso, há anos, é líder absoluta de audiência. Que siga assim, o Pará agradece.