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Gerson Nogueira: Semifinal em ritmo sonolento

Foto: Samara Miranda/Remo
Foto: Samara Miranda/Remo

Semifinal em ritmo sonolento

A primeira semifinal do Campeonato Paraense frustrou as expectativas. Muito por culpa do Remo. Um dos favoritos ao título, com elenco tecnicamente mais qualificado, o time fez um jogo apático e sonolento durante todo o primeiro tempo. Limitou-se a trocar passes laterais, arriscando quase nada e aparentando satisfação com o 0 a 0.

Na etapa final, os gols finalmente aconteceram, mas o futebol continuou pífio. Em termos rigorosamente práticos, o Remo poderia ter saído vitorioso – perdeu um pênalti e mandou duas bolas na trave –, mas seria uma injustiça descomunal ante o fraco desempenho geral do time.

O Cametá começou a partida com impetuosidade. Partia com tudo para o ataque quando conseguia recuperar a bola, mas a estratégia de impor um jogo de velocidade era prejudicada pela postura muito recuada. Rogerinho segurou a equipe, preocupado em não ceder espaços.

Em meio a isso, o torcedor que fazia uma bonita festa no Parque do Bacurau teve que se contentar com raras emoções. A rigor, apenas duas na etapa inicial. Aos 5 minutos, o atacante Pilar subiu entre os zagueiros do Remo e cabeceou no travessão de Vinícius.

O Remo só levou perigo em cruzamento de Lucas Mendes na área, aos 13 minutos. Paulinho Curuá desviou rente ao poste esquerdo do goleiro Pedro Henrique. Uma produção minguada demais para a imensa importância do confronto. Os azulinos agiam como se fosse um mero amistoso.

As precárias condições do gramado afetavam o nível técnico da partida, para cametaenses e remistas, dificultando as jogadas que exigiam maior precisão. Ocorre que, mesmo com esse cenário, os muitos erros do Remo impediam ações mais contundentes no ataque.

Muriqui entrou como meia-armador, mas não criou absolutamente nada. Fabinho, vindo de dois bons jogos contra o Caeté, atuou centralizado na frente, mas também não rendeu. Jean Silva e Pedro Vítor nas pontas foram instáveis, embora o primeiro tenha sido mais participativo.

No início da etapa final, o Cametá finalmente chegou lá. Aos 11 minutos, após cruzamento na área, Vinícius saiu para afastar e se atrapalhou com Diego Ivo. Na sobra, Alexandre Santana só desviou para as redes. De repente, o falso controle que o Remo tinha virou fumaça e aí o técnico Marcelo Cabo tratou de providenciar mudanças.

Antes, ainda houve chance de empatar. Aos 15’, Pedro Vítor chutou e a bola bateu na mão de Marcão. Ícaro foi para a cobrança do pênalti e manteve o padrão do time. Sem força, a bola saiu praticamente recuada para defesa tranquila de Pedro Henrique.

A derrota iminente tirou o Remo da letargia. Com a entrada de Kanu, Rodriguinho e Diego Tavares, a equipe passou se movimentar melhor e os efeitos vieram naturalmente. Aos 26’, Diego Tavares carimbou a trave. Logo a seguir, Jean Silva fez boa jogada e também acertou a trave.

Aos 36’, como de praxe, Ronald entrou no lugar de Pedro Vítor e fez a equipe finalmente acelerar rumo ao ataque. O gol veio aos 39’: o lateral Raí, com atuação destacada, teve o esforço recompensado ao encaixar um chute perfeito no ângulo esquerdo da trave. Um golaço.

O empate trouxe alívio aos azulinos, permitindo até o exagero na análise de Marcelo Cabo, que chegou a falar em goleada. De qualquer maneira, o resultado foi positivo para o Remo, que vai decidir a classificação diante de sua torcida, no próximo domingo, 30.

 

 Bola na Torre

Guilherme Guerreiro comanda a atração, com a participação de Saulo Zaire e deste escriba de Baião. O programa deste domingo vai ao ar excepcionalmente depois da transmissão da NBA, na RBATV. Em pauta, as semifinais do Parazão. A edição é de Lourdes Cezar.

 

Abel culpa corneteiros da mídia pela sina dos técnicos

O técnico Abel Ferreira, do Palmeiras, se notabilizou pela mania de azucrinar as arbitragens e o hábito de filosofar durante as entrevistas coletivas. Fala muito, o que normalmente gera tropeções verbais. Nesta semana, resolveu botar a culpa na imprensa pelas seguidas demissões de treinadores nos grandes clubes.

De uma tacada só, Corinthians, Flamengo e São Paulo mudaram de comando. Nada a ver com a pressão da mídia corneteira, que é chata e cricri, mas não tem o poder de impor decisões tão estratégicas.

Com a pachorra habitual, Abel saiu em defesa de Fernando Lázaro, que perdeu o emprego no Corinthians pelo conjunto da obra. “Alguém perguntou ao Lázaro se tinha tempo de treinar, recuperar jogadores? Vocês [imprensa] metem pressão na diretoria. Quem despede o treinador primeiro são vocês. Influenciam as diretorias”, afirmou sem ser replicado.

O excelente histórico de Abel no Palmeiras, conquistando 11 títulos em menos de três anos de trabalho, conferem a ele uma posição quase imaculada diante da trepidante mídia paulistana. É quase diário o ritual de elogiar as platitudes disparadas pelo gajo nas entrevistas.

Desta vez, passou do ponto. Questionou o calendário e a quantidade jogos, uma observação pertinente, mas daí a entender que técnicos são desestabilizados pelo noticiário da imprensa vai um descomunal exagero.

Alguém precisa observar ao técnico palmeirense que a realidade brasileira sempre foi essa. Técnicos são os primeiros a pagar o pato quando as coisas vão mal, pelo simples fato de que é mais barato demitir um do que mandar em frente um time inteiro. Nem sempre o comandante é o culpado, mas é o primeiro que dança. Foi e será sempre assim. E segue o enterro.