Inovação em sustentabilidade

ESG: a sigla do futuro das empresas

ESG: a sigla do futuro das empresas

Luiz Flávio

Levantamento realizado pela FSB Pesquisa, encomendado pela Confederação Nacional da Indústria (CNI), em 2022, mostrou que 91% das indústrias consultadas consideram muito importante ou importante a adoção dos critérios ESG na sua gestão. O levantamento mostra que 64% delas estão com os critérios formalizados em suas estratégias corporativas e outras 19% estão em fase de planejamento, demonstrando o quanto as empresas valorizam e estão comprometidas com o tema.

Integrar a geração de valor econômico à preocupação com as questões ambientais, sociais e de governança corporativa nas empresas. Essa tem sido a principal tendência que vem sendo adotada por inúmeras empresas ao redor do globo frente novos desafios postos pela sociedade contemporânea, que se traduz na sigla ESG, do inglês Enviromental, Social and Governance. Esse é o primeiro tema do projeto “Inovação e Sustentabilidade” que o DIÁRIO DO PARÁ começa a publicar hoje até o mês de junho. Será uma série de 12 reportagens especiais que pautam a reflexão e o debate sobre sustentabilidade com bons exemplos e práticas no meio corporativo.

Na prática o ESG é um conjunto de padrões e boas práticas para definir se uma empresa é socialmente consciente, sustentável e corretamente gerenciada. Trata-se de uma forma de medir o desempenho de sustentabilidade de uma organização. É uma forma de mostrar responsabilidade e comprometimento com o mercado que atuam, seus consumidores, fornecedores, colaboradores e seus investidores.

No Pará, setores como mineração, energia e construção, apenas para citar algumas áreas, vêm realizando investimento social nas comunidades das quais fazem parte, em projetos de educação e geração de emprego e renda. Geralmente, essas indústrias também investem pesado na qualificação da mão de obra local (para atuar nas suas plantas industriais ou no mercado de trabalho em geral), e na saúde e segurança de seus trabalhadores.

“Percebemos também um movimento da indústria para trabalhar temas voltados para inclusão e diversidade. O meio ambiente entra nessa pauta ESG por meio de controles internos mais rígidos, para uma produção com menos riscos ao meio ambiente e que segue as normas previstas na legislação ambiental”, destaca a jornalista Elen Néris, gerente de Comunicação do Sistema FIEPA e especialista em ESG.

ESG é uma sigla em inglês para meio ambiente, sustentabilidade e governança (Environmental, Social and Governance), que são na verdade três pilares para uma gestão empresarial responsável. “Isso quer dizer que a empresa que os vive no dia a dia está comprometida com o meio ambiente, com uma governança transparente e responsável, e com as pessoas, que incluem os trabalhadores e a sociedade da qual ela faz parte”, detalha Néris.

São vivências de ESG na rotina da empresa, para citar alguns exemplos, as boas práticas na gestão de resíduos, eficiência energética, emissões atmosféricas, saúde e segurança do trabalhador, investimentos sociais, relacionamento com a comunidade, código de conduta ética, políticas de integridade e anticorrupção, entre outros.

Néris afirma que práticas são vistas com bons olhos pela sociedade FOTO: divulgação
Renato diz que as boas práticas também fazem parte dos pequenos e médios negócios FOTO: divulgação

IMAGEM

A jornalista ressalta que os investidores se sentirão mais seguros ao investir em empreendimentos que adotem uma gestão pautada no ESG. “E se formos olhar para o mercado consumidor, vemos um movimento muito forte da sociedade em cobrar cada vez mais das empresas atitudes que estejam voltadas para esses pilares”

Partindo desse ponto de vista, o ESG está também muito relacionado à imagem da empresa. “Um exemplo prático: um consumidor repudia os produtos de uma indústria que foi acusada de utilizar mão de obra infantil na sua produção e dá preferência a uma outra que está em dia com todos os direitos de seus trabalhadores. “A cadeia de fornecedores também está incluída, então a empresa desse nosso exemplo não pode jamais usar na sua produção insumos de um fornecedor que utiliza mão de obra infantil”, compara.

A sigla surgiu em 2005, em uma conferência da Organização das Nações Unidas (ONU), ainda na gestão de Kofi Annan, a qual resultou no relatório Who Cares Wins (quem ganha se importa, em uma tradução livre). Naquela ocasião, 20 instituições financeiras de 9 países buscavam maneiras de incluir as questões que hoje são pilares do ESG no mercado financeiro.

Projetos incentivam as boas práticas de mercado

Renato Coelho, gerente da Unidade de Sustentabilidade e Inovação do Sebrae no Pará, explica que as ações relacionadas ao ESG são entendidas como um conjunto de práticas que os pequenos negócios têm que implementar nas dimensões ambientais, sociais e de governança corporativa.

“Essas ações serão colocadas em prática de acordo com a natureza dos negócios e da afinidade dos empreendedores. Por exemplo, um salão de beleza utiliza uma quantidade razoável de água em cada procedimento, o empreendimento pode se comprometer com a redução do consumo ou o reutilização da água utilizada em outra finalidade; um restaurante pode se comprometer com a aquisição de insumos de pequenos produtores da região em que atua; um escritório de advocacia pode se comprometer com o desenvolvimento de um programa de remuneração que garanta equidade de gênero. E assim por diante”.

Na dimensão da governança corporativa, que diz respeito como uma empresa é dirigida, os pequenos negócios estabelecem suas metas e como elas serão alcançadas, baseado nos recursos que a organização tem disponível. “Um dos princípios da governança corporativa é a sustentabilidade e não estamos falando somente da sustentabilidade financeira, mas também dos compromissos com as ações sociais e ambientais que a empresa desenvolve. O Sebrae no Pará possui projetos que estimulam o desenvolvimento de empresas preocupadas com essa agenda do ESG como por exemplo o Negócios de Impacto socioambiental (Nisa) e o Inova Amazônia”

O Inova Amazônia foi criado pelo Sebrae para impulsionar o mercado de Bionegócios, que estimula startups e micro e pequenas empresas inovadoras a desenvolver produtos e serviços sustentáveis com a cara da Amazônia, gerando mais empregos e renda na região.

A ideia é substituir processos com alto custo ambiental e baixo retorno econômico com o aproveitamento de recursos renováveis com alto valor agregado de forma continuada e sustentável. Já que cerca de 20% da biodiversidade mundial está no Brasil e, grande parte dela, na Amazônia.

Já o Nisa é um programa de pré-aceleração que busca desenvolver negócios de impacto nos estágios iniciais, dando acesso a formação e impacto, mentorias específicas e oportunidade de conexões com o ecossistema, além de priorizar a conexão com fundos e demais programas de aceleração, favorecendo o avanço nos estágios dos negócios proponentes.