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Paixão de Cristo toma as ruas de Canudos após 3 anos

Com o tema “Paixão de Cristo em Canudos 40 anos: fé e arte nas ruas. Paixão do reencontro”, a apresentação terá duração de 3h30. Foto: Antônio Melo/Diário do Pará
Com o tema “Paixão de Cristo em Canudos 40 anos: fé e arte nas ruas. Paixão do reencontro”, a apresentação terá duração de 3h30. Foto: Antônio Melo/Diário do Pará

Wal Sarges

Após um hiato de três anos, a encenação da Paixão de Cristo volta às ruas do bairro de Canudos hoje, a partir das 18h30, com o tradicional espetáculo artístico promovido pela Igreja de Queluz. Com o tema “Paixão de Cristo em Canudos 40 anos: fé e arte nas ruas. Paixão do reencontro”, a apresentação terá duração de 3h30, com início na quadra da paróquia e a organização espera uma plateia de cerca de 15 mil pessoas.

“São três anos que a gente ficou parado, só fazendo lives. Em março de 2020, estava tudo ensaiado quando veio a ordem para parar tudo. Já são 40 anos, a expectativa é grande não só para o elenco, mas para a comunidade, que se envolve de forma direta e indireta. Os moradores colocam o filho para participar, compram rifa, participam de bingo e festa para conseguir recursos para o espetáculo. Às vezes ajudam com coleta de lanche para o elenco”, diz Aluízio Freitas, diretor geral da apresentação.

A apresentação inicia dentro da quadra da igreja, com as cenas que antecedem a Via Crucis, de acordo com os registros bíblicos: a entrada de Jesus em Jerusalém, a ceia com os apóstolos, a tentação no horto, a condenação de Herodes, Pilatos lavando as mãos. As cenas terão, este ano, a interpretação em libras, feita por Joana Solon.

“Depois dessa condenação, a gente sai para as ruas do bairro em forma de cortejo. E já encena a segunda estação [da Via Crucis], quando Cristo recebe a cruz; a terceira, com a primeira queda; a quarta, com o encontro de Jesus com Maria; e a quinta, na ajuda de Cireneu. Na sexta estação, há o encontro com Verônica; na sétima, a segunda queda. A oitava cena traz o encontro com as mulheres de Jerusalém, e a nona, a terceira queda de Jesus”, descreve Aluízio.

Mas é a partir da décima cena, no despojamento, momento que tiram a roupa de Jesus Cristo, que começam as cenas mais esperadas do espetáculo: a crucificação, morte, a descida da cruz, o sepultamento e ressurreição.

“Uma cena que não entra na reflexão da Via Crucis, mas que colocamos no espetáculo é o enforcamento de Judas, porque é uma das causas principais desse momento em que Jesus é condenado e levado até a morte. Nessa cena, a gente chama o Corpo de Bombeiros, porque tem toda uma simulação de enforcamento, mas nós só fazemos com a presença deles. Criamos nessa cena a tentação do demônio, que entra para provocar o arrependimento em Judas até ele se enforcar. É uma das cenas mais esperadas no cortejo”, conta Aluízio.

PROCISSÃO

Durante a procissão encenada pelas ruas do bairro, a personagem de Maria segue acompanhando Jesus Cristo pelo trajeto, em um andor. “Colocamos ela num carro alegórico, o Andor de Maria, e ela fica observando Jesus carregando a cruz até o final. Esse carro é empurrado pelas pessoas. No final, nós temos a apoteose, que é a ressurreição, onde Jesus apresenta Maria como mãe da humanidade”, adianta o diretor do espetáculo.

A apresentação da Paixão de Cristo é o carro-chefe do projeto de teatro popular desenvolvido pelo Grupo Experimental de Teatro Aldeato, e movimenta uma média 200 pessoas no bairro de Canudos, entre o elenco, que envolve jovens, adolescentes e crianças, e ainda produção e técnica.

“Começamos o projeto da Paixão em janeiro, com pedido de inscrições. Depois tem as oficinas de preparação e depois a seleção de atores para a montagem de cena. E vai até a produção final”, pontua o diretor.

O grupo fez a pré-estreia da apresentação na quarta-feira, 5, momento dos ajustes finais para a estreia. “É importante para acertar os detalhes e começar a ganhar o espírito da Sexta-feira Santa. O elenco e a direção começam a criar dentro de si essa responsabilidade de criar esse momento de evangelização para a população. Além de ser um momento cultural, também é um momento de graça, de reconciliação, que a gente busca a juventude para próximo da gente para falar sobre justiça, fraternidade baseado nesse homem que tentou ser um revolucionário”, finaliza o diretor.