Dr. Responde

Engasgos com espinha de peixe podem aumentar na Páscoa; veja como agir

Algumas espécies também registraram aumentos, como a Sarda, que subiu 9,21%, e a Pratiqueira, com alta de 6,82%. Foto: Irene Almeida/Diário do Pará.
Algumas espécies também registraram aumentos, como a Sarda, que subiu 9,21%, e a Pratiqueira, com alta de 6,82%. Foto: Irene Almeida/Diário do Pará.

O consumo de peixes durante a Semana Santa cresce em todo o Brasil e nesse período os casos de engasgos por conta das espinhas de peixe se tornam mais comuns. Essas ocorrências podem resultar em lesões em órgãos internos, dor, dificuldade de engolir, sensação de asfixia, tosse, vômitos, entre outros sintomas que demandam assistência médica de emergência, podendo evoluir para infecções graves se não removidas a tempo, segundo a Associação Brasileira de Otorrinolaringologia e Cirurgia Cérvico-Facial (ABORL-CCF).

Entre os grupos de maior risco estão as crianças, que ainda não possuem total maturidade de deglutição, e os idosos, que muitas vezes enfrentam dificuldade de mastigação por ter a dentição comprometida e fazer uso de próteses dentárias, o que reduz a sensibilidade e interfere na percepção da espinha no momento da ingestão do alimento.

“As espinhas de peixe são um tipo de corpo estranho pontiagudo capaz de perfurar o céu da boca, a garganta (faringe), o esôfago e até outros órgãos. Elas são muito finas e podem passar despercebidas na mastigação. Por isso, é preciso inspecionar bem o alimento para retirá-las antes de levá-lo à boca, dividi-lo em pequenas porções e mastigar muito bem o peixe para reduzir as chances de engasgo”, orienta o médico otorrinolaringologista da ABORL-CCF, Ricardo Dourado.

Não é sempre que engolir um fragmento desses gera complicações. Ele pode passar pelo organismo e ser eliminado nas fezes, sem efeitos colaterais. Mas, dependendo do seu tamanho, pode causar lacerações internas.

Diante de uma situação de engasgo, o otorrinolaringologista orienta a manter a calma e evitar seguir alguns ritos populares, como comer pão, farinha, qualquer outro alimento sólido ou ingerir uma quantidade extensa de líquidos na tentativa de mover a espinha, pois essas práticas podem prejudicar a localização do fragmento.

O especialista da ABORL-CCF esclarece que, em muitos casos, a espinha fica presa na região das amígdalas e pode ser retirada em consultório ou ambiente hospitalar, onde o médico possui técnicas adequadas e utensílios especiais.

“Se o desconforto permanecer, deve-se evitar tentar retirar o material da garganta por conta própria. Em caso de perfuração, a pessoa pode sentir falta de ar, dor na região, dificuldade para movimentar o pescoço e febre. É essencial buscar assistência profissional na emergência, pois o médico vai avaliar a necessidade da realização de exames ou de procedimentos para a retirada das espinhas com os equipamentos adequados para cada caso, de acordo com o local que ela se fixou”, esclarece.