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Gerson Nogueira: Leão precisa superar a ressaca

Foto: Samara Miranda/Remo
Foto: Samara Miranda/Remo

Leão precisa superar a ressaca

Nem tudo é totalmente terra arrasada depois de uma derrota acachapante, mas vá dizer isso a torcedores espoletados e frustrados com o time. É o que ocorre neste momento na delicada relação entre o Remo e sua torcida. A ressaca da queda gerada pelas semifinais da Copa Verde ainda é forte e gera questionamentos sobre o papel que a equipe exerceu no clássico decisivo diante do PSC.

A tendência natural em situações do tipo é a execração de tudo o que foi feito até agora. As 12 vitórias em 14 jogos, um feito admirável, parecem ter perdido importância. Esmaecem diante do mau resultado. O problema não foi apenas a derrota, mas as circunstâncias desta.

De um lado, a força de vontade do adversário, capaz de tornar realidade uma virada empolgante em apenas 45 minutos de bola rolando. O Remo levou um jogo e meio em vantagem, mas sucumbiu no último quarto da disputa agregada. Deixou a impressão óbvia de que fraquejou quando precisava mostrar vontade e determinação pela vitória.

Futebol tem dessas coisas, todo mundo sabe, mas todos também por alguma razão se recusam a aceitar como normal derrotas tão surpreendentes. Na história do Re-Pa, isso aconteceu dezenas de vezes e certamente se repetirá outras tantas.

No Remo atual, baixada a poeira da Copa Verde, é fundamental destacar a excelente performance do meia Pablo Roberto em todos os jogos da competição. É, seguramente, o melhor jogador do torneio. Foi fundamental para o avanço remista e sua saída no 2º tempo do jogo com o PSC foi determinante para a derrota e a eliminação.

O lado positivo é que Pablo sai valorizado e na condição de titular indiscutível do time nas competições que o Remo tem a cumprir, Parazão e Copa do Brasil. Os novatos Matheus Galdezani e Álvaro terão que esperar mais um pouco para ganhar a posição no setor de criação, a não ser que Marcelo Cabo encontre um lugar para eles na meia-cancha.

O fato é que, a partir de agora, o foco total dos azulinos passa a ser, pela ordem: o Re-Pa do dia 9 de abril, por razões óbvias; o cruzamento com o Corinthians na Copa Verde; e a busca pelo título do Parazão.

Bola na Torre

O programa tem o comando de Guilherme Guerreiro e começa às 22h30, na RBATV, com participações de Giuseppe Tommaso e deste escriba de Baião. Em debate, a Copa Verde e o Campeonato Paraense. A edição é de Lourdes Cezar.

Palmério: incansável na luta contra o fascismo e o mau jornalismo

Tenho orgulho de ter trabalhado por duas vezes com Palmério Dória. Sinto-me honrado de ser seu amigo e ter participado ao seu lado, nas redes sociais, de embates encarniçados contra a onda neonazista e picaretagem política, durante a saga em defesa do mandato de Dilma Rousseff. Palmério dava bordoadas na caretice, como bem lembra minha querida amiga Regina Alves, muito próxima (mais do que eu) de Palmério.

Natural de Santarém e criado em Belém, Palmério poderia ter sido jogador de futebol arriscando-se na mais ingrata das posições. Tinha talento para defender embaixo dos três paus, chegou a ser juvenil no PSC. Desistiu da bola ao se apaixonar pelo jornalismo. A escolha pelas redações rendeu a ele consagração e prestígio. E alguns processos.

Incomodou gente poderosa, fiel à máxima de que jornalismo de verdade tem de ser de oposição, sob pena de virar apenas armazém de secos & molhados. Com verve e tiradas impagáveis, de alta letalidade, Palmério assinou textos em grandes jornais e chegou a chefiar redações importantes.

Escreveu livros de sucesso, fundamentais para entender a realidade brasileira, a partir do golpe militar de 1964. Desnudou oligarquias, atacou a privataria tucana, lançou luzes sobre a guerrilha do Araguaia, fez justiça ao ex-presidente João Goulart e enfrentou com o escracho habitual as bizarrices do governo genocida de Bolsonaro.

Foi também o todo-poderoso diretor de redação da Sexy, revista de saliências que virou concorrente da multinacional Playboy. Nelson Maués, outro amigo comum, revela em seu livro “De Mosqueiro a Xangai”, algumas aventuras vividas ao lado de Palmério, sempre um sujeito de bem com a vida, um flâneur, como dizem os franceses.

Recomendo a historieta contada por Nelson sobre o encontro fugidio com algumas beldades desinibidas, ávidas por fama e esbórnia, que Palmério arrebanhou na ilustre condição de manda-chuva da Sexy.

Para não me estender muito, quero arrematar lembrando as duas ocasiões em que dividimos um lugar na redação. A primeira, em 1998, durante a campanha do senador Jader Barbalho ao governo do Estado.

Depois, em 2012, em meio à ampla reforma gráfica e editorial que selaria a liderança do DIÁRIO, Palmério passou a assinar uma coluna que primava pelo garbo e a ironia fina. Um amigo querido, uma alma generosa, um brasileiro decente. Gente dessa estirpe sempre faz muita falta.

Nova marmota “genial” envolve a cobrança de escanteio

Tenho observado, bestificado, a nova mania dos ditos professores do futebol no Brasil: o posicionamento de dois jogadores ao lado da bola na hora da cobrança de escanteios. Como a célebre e pândega mania de botar jogador deitado por trás da barreira, esta é uma presepada com objetivos sem lógica e data de validade para sumir.

Não há profissional da bola, minimamente arguto, que consiga ver méritos nessa ideia de perder dois jogadores para um ensaio de escanteio. Ora, na hora da cobrança, o ideal é que o ataque seja reforçado com mais gente dentro da área inimiga. Não faz o menor sentido deslocar um jogador para ficar fazendo fita lá na bandeirinha de escanteio.

Eu sei, a “estratégia” – inventada por algum picareta da autoajuda futebolística; sim, isso existe – é confundir a defesa com a cobrança de um destro ou um canhoto. A estatística mostra que isso tem efeito zero no nível de perigo que a bola pode ter sobre a grande área adversária.