LAURA LEWER E LUCAS BRÊDA
SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Um dos artistas mais ouvidos do planeta, o rapper canadense Drake enfureceu o público do Lollapalooza ao cancelar sua apresentação em São Paulo, prevista para a noite de domingo, dia 26, na manhã do mesmo dia.
O festival, que começou na sexta-feira, dia 24, compartilhou via redes sociais um comunicado do artista para justificar o cancelamento.
“Devido a circunstâncias imprevistas, Drake está sem membros de sua equipe de som e produção, essenciais para a realização do show do Lollapalooza em São Paulo”, afirmava a nota. “Infelizmente, isso está fora de seu controle. Desculpas.”
No entanto, sob condição de anonimato, pessoas envolvidas com a produção do festival afirmaram à reportagem que parte da equipe contratada pelo rapper não só já estava no Brasil trabalhando como havia passado a madrugada anterior ao cancelamento fazendo a montagem de cenário, equipamento de áudio, painel de LED e outras estruturas ao lado de funcionários do Lollpalooza no Autódromo de Interlagos.
Segundo essas pessoas, a equipe de Drake, que estava hospedada no hotel Hilton, ficou sabendo que ele não viria mais ao Brasil durante a montagem. Eles descobriram junto com a equipe da T4F -empresa que organizava o Lolla até esta última edição.
A equipe do cantor e sua gravadora não foram localizadas pela reportagem. Ele não comentou o cancelamento do show em suas redes sociais até a conclusão desta edição, às 19h desta sexta-feira, dia 31.
A assessoria da Universal Music, que já distribuiu no Brasil alguns de seus discos, disse que o posicionamento de Drake é o que foi divulgado pelo festival.
Uma foto publicada pelo apresentador da Multishow Guilherme Guedes na tarde de domingo mostra o painel montado no palco onde Drake se apresentaria.
O Lollapalooza já havia reservado quase 30 quartos para Drake e sua equipe no hotel Tangará, que receberia empresários, gerente de turnê, membros da gravadora do rapper e parte de seus seguranças.
As reservas custaram cerca de R$ 500 mil. Só a suíte em que Drake ficaria hospedado saiu por cerca de R$ 108 mil -a diária custa R$ 27 mil, de acordo com o site do hotel.
Até a véspera do show, apesar da comunicação truncada e da falta de flexibilidade do rapper, a organização continuou trabalhando como se ele fosse cantar normalmente.
O comunicado foi o ápice de um processo que envolveu a justificativa falsa, um chá de cadeira e quebra de contrato.
Antes do Lollapalooza, a empresa DL7 Pagamentos desembolsou pouco mais de R$ 1 milhão para ter a presença de Drake em uma after party. O evento, que aconteceria em São Paulo, chegou a anunciar a venda de ingressos a partir de R$ 550, mas foi cancelado.
Segundo Leonardo D’Lucca, da DL7, o contrato firmado entre sua equipe e a de Drake previa a presença do cantor por 90 minutos no evento, em um camarote em cima do palco. O rapper deveria, ainda, publicar dois chamados divulgando a festa para seus 134 milhões de seguidores no Instagram.
Conforme a data do evento se aproximava e as postagens não eram feitas, D’Lucca cobrou a equipe do artista, que afirmou que ele faria a divulgação apenas na quinta-feira anterior ao Lollapalooza. O brasileiro, então, decidiu cancelar a festa alegando quebra de contrato e pedindo a devolução do dinheiro, o que não aconteceu até a conclusão desta edição.
Outras pessoas que trabalharam na produção da festa contaram à reportagem que a equipe de Drake sumia e retornava os contatos com novas exigências ou postergando pedidos.
Drake destoou dos outros artistas que cancelaram suas participações no festival. Eles avisaram com antecedência e deram justificativas com provas aos fãs.
O mesmo time que cuidou dos outros shows de Drake na América do Sul veio ao Brasil direto da Colômbia, onde ele cantou no festival Estéreo Picnic.
Essas cerca de 50 pessoas, que não sabiam que ele não viria, foram os únicos ligados ao rapper que pediram desculpas à fatia brasileira da produção e aos funcionários da T4F.