CLÍMAX
JÚLIO BOLL
Folhapress/SP
21 de agosto de 2001 é um daqueles dias em que o Brasil parou. Patricia Abravanel, filha de Silvio Santos, foi sequestrada quando saía de casa, no Morumbi (zona sul de São Paulo), para ir à faculdade. Nove dias depois, mesmo após o resgate, o próprio apresentador foi feito refém na mansão da família em meio a uma tensa negociação. Estes momentos serão retratados na segunda temporada de “O Rei da TV”, que estreia nesta quarta-feira (29), no Star+.
Na ocasião, todo o caso foi televisionado e deixou brasileiros apreensivos. Patrícia, por exemplo, ficou uma semana em cativeiro e só foi libertada após o pagamento da fiança (estimada em R$ 500 mil na época). Muitos lembram, inclusive, do dia seguinte ao que ela conseguiu retornar para casa, quando concedeu uma entrevista coletiva na sacada da mansão ao lado do pai.
Quando a maré negativa parecia ter passado, um dos sequestradores, Fernando Dutra Pinto, invadiu a residência da família e liberou as mulheres que estavam ali. Apenas Silvio ficou como refém. Para libertá-lo, em negociação acompanhada por toda a imprensa, o governador Geraldo Alckmin foi ao local.
Para a série do Star+, os momentos de tensão dentro da casa levaram uma semana para serem filmados. Em entrevista à reportagem, o ator que interpreta Senor Abravanel (nome de registro de Silvio), José Rubens Chachá, lembra que a sequência foi muito “realística”, com praticamente tudo acontecendo “em tempo real”. “A gente não queria que houvesse corte, foi recheada de tensão. A direção incentivou esse clima de hostilidade, e a gente vê um Silvio negociador, e não conciliador”, analisa.
Um dos méritos da série é que o público terá a oportunidade de ver ou pelo menos ter uma ideia do que ocorreu dentro da casa. “Mesmo que todos nós saibamos que foi um ‘happy ending’, foi uma das cenas que mais rendeu na nova temporada, vemos muito sofrimento. Ficamos de dois a três dias direto, nessa tensão, só ali na negociação”, destaca Chachá.
A diretora da sequência, Júlia Jordão, conta que o trabalho de Chachá e Johnnas Oliva, o intérprete de Fernando, fez toda a diferença. “A dinâmica deles é maravilhosa, porque vai diminuindo a tensão. Uma hora, o Silvio até oferece emprego para ele. O apresentador demora para entender, mas percebe que não vai morrer, e por isso avança na negociação”, adianta ela.
Para reforçar a tensão, as cenas internas são cruzadas com imagens televisionadas na época. “Foi gostoso criar esse arco dentro da casa, que o público não conhece, e cortar para fora, com a Globo reagindo, canais transmitindo ao vivo, a multidão ali. Parecia um show, mas está havendo um sequestro ali dentro”, reforça Júlia.
Caio Gullane, produtor geral da série, conta que a pesquisa deixou o momento ainda mais quente e que foi montando um “verdadeiro circo” para deixá-lo mais real. No trailer da nova fase, mais de três carros da polícia são vistos chegando à residência para começar as negociações.
“Ali, foi a magia da multiplicação de carros (risos)”, entrega Júlia. “A gente preparou essa cena, junto com o restante da temporada, em quatro meses, na fase de pré-produção, desde carros ao cerco”, finaliza Gullane.