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Orquestra Sinfônica do Theatro da Paz celebra 150 de nascimento de Sergei Rachmaninoff

Estefan Iatcekiw, de 19 anos, será o solista convidado do concerto desta noite. FOTO: divulgação
Estefan Iatcekiw, de 19 anos, será o solista convidado do concerto desta noite. FOTO: divulgação

A Orquestra Sinfônica do Theatro da Paz (OSTP) apresentará nesta terça-feira, 28, às 20h, um concerto gratuito em homenagem aos 150 anos de nascimento de Sergei Rachmaninoff (1873-1943), compositor de origem russa muito influente atualmente. Para executar o solo de piano de uma das peças, a orquestra terá a participação do virtuoso pianista brasileiro Estefan Iatcekiw, de apenas 19 anos.

O concerto “Sesquicentenário de Rachmaninoff” vai mostrar como é marcante a obra deste compositor fortemente influenciado pelo cenário da música sinfônica norte-americana, que compôs para muitas orquestras, regeu e foi solista em outras, muitas vezes tocando suas próprias obras.

Assim como o violoncelista Jascha Heifetz e o compositor Stravinsky, Rachmaninoff migrou da velha Europa carregando suas tradições culturais, principalmente por causa das guerras, sedento pela cultura americana e em busca de mais estabilidade, inclusive econômica. E no contexto de um país onde as orquestras sinfônicas estavam crescendo e novas casas de ópera abrindo, conseguiu trilhar muitos caminhos e marcar seu nome nessa história.

Rachmaninoff fez grande sucesso com suas obras ainda em vida. FOTO: Sputnik
PIANISTA VIRTUOSO

De acordo com Miguel Campos Neto, maestro titular da OSTP, é de grande importância mencionar o compositor também como um pianista virtuosista. “Obviamente tendeu a compor muitas coisas para piano, mas longe de ficar conhecido como um compositor para piano, como é Chopin, que tem poucas obras que não são para o instrumento, Rachmaninoff compôs largamente para orquestra sinfônica, compôs obras dramáticas. Por exemplo, ele compôs quatro sinfonias”.

O repertório apresentado pela OSTP apresenta ao público duas facetas diferentes de Sergei Rachmaninoff. A primeira obra é o “Concerto nº 3”, muito conhecido entre os pianistas como um dos mais difíceis jamais escritos para um instrumento. O próprio compositor mostrou o quão grande pianista ele era ao compor essa obra e ao executá-la. Mais ou menos como aconteceu no século anterior com Paganini para o violino, e com Chopin e Liszt para o piano.

A segunda obra é “Concerto nº 2”, que mostra um compositor criativo, e também é muito popular do grande público, dos frequentadores de cinema, inclusive, por ter feito parte da trilha sonora de “O Espelho Tem Duas Faces” (1996), dirigido e estrelado por Barbra Streisand.

Em “Danças Sinfônicas”, obra em três movimentos, é mostrada uma riqueza de temas, de harmonia e orquestração invejáveis, realmente virtuosísticas e que revelam um compositor virtuoso da pena e não virtuoso simplesmente do piano. Essa obra é muito rica, principalmente na orquestração, na harmonia e em uma espécie de estilo que Sergei escrevia, onde as melodias parecem não ter fim e vão se entrelaçando com a próxima frase musical. Um estilo de composição onde as frases são longas e muito passionais.

“O interessante neste concerto é justamente mostrar essas facetas, o compositor escrevendo virtuosisticamente para o piano e o compositor como um criador de obras sinfônicas que fizeram grande sucesso nos palcos do mundo inteiro logo que foram compostas”, define Miguel Campos Neto.

RECONHECIMENTO

Diferente de alguns grandes nomes do repertório erudito, Sergei Rachmaninoff foi um compositor conhecidíssimo do grande público e reconhecido em vida. Nada mais justo um concerto em homenagem ao seu sesquicentenário. O maestro Campos Neto destaca a presença do pianista Estefan Iatcekiw para celebrar este momento, como solista da noite. “Ele é um intérprete muito importante deste compositor específico”, aponta, e poderá “demonstrar a força da nova geração de pianistas brasileiros”, completa.

Estefan faz parte de uma novíssima geração de pianistas, sucedendo nomes como Guillermar Novaes. “Agora nós temos uma nova geração de jovens intérpretes que está aí e a quem nós devemos dar o devido incentivo. É muito bom que a OSTP, que o Theatro da Paz, esteja acolhendo esses jovens com um futuro tão promissor”, completa o maestro.

Não é a primeira vez que o pianista toca em Belém e celebrou o convite: “Amei a cidade, o povo acolhedor e o incrível Theatro da Paz, que se equipara a qualquer teatro grande da Rússia e da Europa, de tão boa qualidade acústica, tão boa qualidade de instrumentos e tão agradável para o pianista tocar e se apresentar. Para mim é uma alegria sem igual poder voltar a essa sala e tocar mais uma vez o terceiro concerto de Rachmaninoff e mostrar um pouco desse meu amor pela música russa”.

Para o maestro da OSTP, junto ao virtuosimo dos músicos, o repertório passional do homenageado certamente contagiará a plateia. “Acho que esse é um dos adjetivos mais corretos para se descrever a obra de Rachmaninoff. É uma música envolvente, passional, fácil de ouvir, porque é muito melódica. E acho que o público se conectará de imediato. É uma reação muito visceral essa que o público tem com Rachmaninoff”, diz.

*com Úrsula Pereira (Ascom Theatro da Paz)

APROVEITE

Concerto “Sesquicentenário de Rachmaninoff” – OSTP, sob a regência de Miguel Campos Neto
Quando: Hoje, 28, às 20h
Onde: Theatro da Paz (Rua da Paz, Praça da República, s/n – Campina)
Quanto: Gratuito, com retirada de ingressos on-line (ticketfacil.com.br), a partir das 9h, ou na bilheteria, a partir das 18h.